img_20161218_160828   Esta viagem começou sensivelmente há um ano. Fui contactada pela I. ainda antes de engravidar. Queria resolver algumas coisas do seu primeiro parto e pós-parto e queria preparar-se para o novo bebé. Começamos assim este acompanhamento em Pré-Concepção (e foi a primeira vez que o fiz, oficialmente!). [dt_gap height="10" /] Quando li o primeiro email da I. senti-a tão conectada com as suas necessidades e fragilidades que achei logo que seria um belo ponto de partida! Os nossos encontros eram mágicos e não tardou até conseguir identificar algumas mudanças subtis que estavam a acontecer com ela. [dt_gap height="10" /] Vivemos numa sociedade em que raramente nos ouvimos e nos mantemos ligados a nós próprios e em que a mente tem muita, muita força. A I., como a maioria de nós, estava mais habituada a ouvir a mente em vez do coração e foi através dos sonhos que teve durante a gravidez que relembramos a sua força inata e a sua capacidade para parir. [dt_gap height="10" /] No dia 13 de Dezembro, com 36 semanas e uns dias, diz-me que está com contracções regulares e próximas há um par de horas e que quer ir ao hospital para saber se está tudo bem. Eu, no pico de uma constipação, agarro num rolo de papel higiénico, junto à minha mala de doula e lá vou para o hospital ter com eles. Mantenho-me longe o suficiente dos utentes das urgências, sento-me no chão e consigo dormitar enquanto o Z. não me vem buscar para ir ter com a I. ao quarto.[dt_gap height="10" /] Quando chego ao pé dela, abraçamo-nos demoradamente e ela diz-me "as contracções estão a abrandar".[dt_gap height="10" /] A I. conseguiu atrasar a colocação do soro e manteve-se apenas como CTG ligado. Passamos a noite juntos, simplesmente à espera que alguma coisa acontecesse. Entre dormitar, conversar, relembrar a gravidez, o parto anterior e fazer uma meditação (que foi tiro e queda para o Z. conseguir dormir) a noite foi passando. Quando o sol nasceu era óbvio que o V. não iria nascer. Tinha sido um falso alarme. Mas uma grande oportunidade para simularmos todos que seria o parto - a logística com a filha mais velha, o tempo de chegar ao hospital, o tempo de admissão, o respeito que mostraram ter por todos nós, o escutar o corpo e o bebé....Foi uma grande lição.[dt_gap height="10" /] Dias depois há perda de rolhão mucoso num dia e ruptura da bolsa no outro. Ok, agora sim. A I. super sintonizada consigo e mantendo a sua mente como ferramenta facilitadora dizia-me "Vou esperar em casa até sentir que tenho MESMO que ir para o hospital" E eram 10h e eram 11h e às 12h30 diz-me "A médica sugere ir por causa da ruptura da bolsa".[dt_gap height="10" /] Chegamos ao mesmo tempo ao hospital, vou buscá-la à porta do carro, fazemos uma pequena caminhada até à porta enquanto o Z. vai arrumar o carro e entramos juntos.[dt_gap height="10" /] Tem contracções pouco dolorosas e continua a perder líquido, está bem disposta, tranquila e finalmente a acreditar que o seu bebé vem aí.[dt_gap height="10" /] Às 14h entra para o CTG e quando sai diz "Já não vou para o quarto, fico já no bloco de partos!"[dt_gap height="10" /] Às 14h40 entramos juntas para a sala da médica onde ainda há algumas perguntas para responder, análises para ver, etc. A médica (amorosa e super atenta) diz "Acho que nas próximas 2/3horas acontece." A I. por esta altura já tem contracções dolorosas e mantém-se completamente ligada a si, numa postura introspectiva. [dt_gap height="10" /] "É melhor ir vestir-se enquanto a preparamos na sala" (isto inclui tirar roupa, preparar epidural e administrar epidural) disse-me a enfermeira. "Já a chamamos quando puder entrar".[dt_gap height="10" /] Entre a sala da médica e a sala de partos a I. teve nova contracção.[dt_gap height="10" /] Eu saí, vim actualizar o Z e vestir-me e ficamos os dois, felizes, mesmo felizes com o avançar do trabalho de parto.[dt_gap height="10" /] Quando me chamaram de novo, tive de ir a correr e o V. já estava a nascer. Quando olhei estava a coroar, olhei para a I,e quando olhei de novo já tinha nascido! Ahah[dt_gap height="10" /] A expressão da I. quando me viu foi hilariante e quando viu o seu bebé só dizia "Não acredito, não acredito, não acredito", eram 15h21.[dt_gap height="10" /] Quando a I. dizia que queria um parto pequenino, que chegasse ao hospital já quase quase com o bebé a nascer e que não desse tempo para fazer nada, ela mal sabia que o que pedimos se concretiza muitas vezes![dt_gap height="10" /] O orgulho que senti (e sinto) nela foi gigante. Todo o trabalho que fizemos durante a gravidez e preparação para o parto, materializado ali, naquela experiência! [dt_gap height="10" /] E depois vir cá fora e ser eu a voz da novidade "Z. o teu filho já nasceu!" (Que emoção relembrar todos estes momentos!) [dt_gap height="10" /] E sinto em todas as minhas células o quão certo é estar ali, estar com aquelas pessoas que me escolheram, dar o melhor de mim com todo o meu ser. [dt_gap height="10" /] É indescritível acompanhar estes momentos, fazer parte desta história e sentir que este é o meu propósito de vida. A gratidão é imensa e o amor também! E o sorriso que depois de um parto destes, teima em não sair! Waheguru![dt_gap height="10" /] Esta partilha foi autorizada pela querida I. e serve essencialmente para mostrar que é possível termos o parto que queremos se nos disponibilizarmos a isso, se nos conectarmos connosco, se trabalharmos a mente para que na altura do parto esta seja uma ferramenta a nosso favor e não contra nós, que conhecendo a fisiologia do parto, as necessidades básicas da mulher em trabalho de parto, as emoções que podem surgir durante o parto e as permitirmos, estaremos no fluxo desta experiência e não a lutar contra ela. [dt_gap height="10" /] Muito obrigada I. por permitires esta partilha :)

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