As 40 semanas tinham ficado para trás, as 41 também e as 42 já cá estavam. Os sinais existiam mas eram pouco assertivos. O rolhão mucoso já estava a sair há uns dias, a "moínha" no baixo ventre também, as contracções ritmadas também davam, de vez em quando, o ar de sua graça, mas nada mais se desenrolava.

Segunda-feira tinha reunião marcada em Lisboa e perguntei-lhes se me podiam/queriam receber, que estava cheia de saudades! Acabamos por dar um passeio ao final do dia pela baixa e as contracções pouco dolorosas vinham a cada 20/25 minutos. Disse-lhe "Adorava ter um cartaz aqui a dizer "Esta mulher está em trabalho de parto!!"" e continuamos a subir a Avenida. Eram 20h, tinha combinado jantar com o Gonçalo e disse-lhes isso mesmo "Vou jantar e já volto." Eles, ainda incrédulos com a possibilidade de o trabalho de parto avançar efectivamente nessa noite responderam "Hmmmm, vamos ver...."

Eram 22h30 e recebo mensagem "As contracções estão de 5 em 5 minutos há uma hora." Acabo de jantar, vou pôr gasolina, dou um abraço apertado ao G. que ia para Barcelona uns dias, e sigo para Lisboa.

O ambiente era lindo! Luz baixa, ela apoiada na bola de pilates e ele a fazer-lhe massagem nas costas. As contracções mantiveram-se assim, já com dor e próximas durante as horas seguintes. As parteiras chegaram pelas 3h. A partir daqui, o que aconteceu foi uma viagem deliciosa e fascinante!

Este parto demorou 64horas. E eu nem sei por onde começar. O que pretendo com esta partilha é dar-vos a minha visão, como doula, como mulher e como eterna aprendiz da vida, desta viagem, sem ser demasiado íntima e invasiva no que diz respeito à privacidade deste casal.

Desde as últimas semanas de gestação que eu me emocionava com o respeito arrebatador que estes pais tinham para com o seu filho. O bebé não estava ainda totalmente encaixado e por isso, o trabalho de parto, teve início tão tarde. Esta mulher esteve sempre confiante em relação ao seu bebé e à sua capacidade de descobrir o caminho para a saída. Disse-lhes, algumas vezes, que ficava mesmo emocionada com eles e que este bebé tinha escolhido mesmo bem os seus pais, para que lhe dessem o tempo que ele precisava, sem pressa, nem pressão. Com amor, respeito e confiança divina nele. O parto também foi assim!

O cólo do útero ia dilatando, devagarinho, ao seu ritmo, mas o bebé não descia muito. As contracções eram eficazes porque o útero estava a dilatar, mas notava-se que o bebé não estava ainda completamente posicionado para iniciar a sua descida. E as horas foram passando. Pelo meio houve duches, houve bola de pilates, dança, abraços, massagem, aromaterapia, homeopatia, chás, bebidas específicas, movimentos corporais, mudanças de posições, vocalizações, respirações, conversas, dúvidas, música, piscina, pequenos almoços, almoços, lanches e jantares. As avaliações feitas mostravam sempre o mesmo - "Mãe e bebé óptimos", por isso, continuaríamos a dar o nosso melhor para permitir que o processo se desenrolasse.

A dilatação continuava a progredir, a bolsa amniótica continuava íntegra, o bebé continuava a ajustar a sua posição para encontrar a descida e as dores na mãe estavam cada vez mais intensas e o cansaço mais visível.

Quarta feira de manhã já se tinham vivido mais de 36 horas de trabalho de parto e a verdade é que o bebé ainda não tinha encaixado perfeitamente. Nesta altura, através de palpação, percebeu-se que ele estava a colocar-se posterior o que tornaria tudo muito mais difícil. Isto é, o parto vaginal era possível, mas as dores na lombar seriam tão fortes que sem analgesia era complicado. A hipótese de fazer transferência para o hospital foi colocada em cima da mesa e, com total consciência, os pais decidiram.

A hipótese de parto em casa terminava ali. Expectativas criadas deitadas por água a baixo. Emoções à flor da pele. Sensação de "não ser capaz" a vir ao de cima. Vozes alheias a invadir a mente. E o que vão dizer? E o que vão pensar? Afinal tinham razão? Não era possível que aquele bebé nascesse em casa? Não era possível que nascesse de parto vaginal? Respirar fundo várias vezes, olhar para os factos. De facto, o corpo da mulher estava a fazer tudo para que o bebé nascesse, e o bebé estava a fazer de tudo para nascer. Ainda assim, faltava ali um "click".

Antes de decidir para que hospital iriam, as parteiras fizeram uma chamada. A obstetra-anjo estava de serviço e podia recebê-la. De novo, a esperança a voltar!

Perguntaram-me "Vais acompanhá-los no hospital?" "Hmmm...será que posso? Não pensei nisso! Mas sim, irei e logo se vê."

Fui no meu carro, apanhei um trânsito infernal e na minha cabeça a voz "Não vais chegar a tempo e não te vão deixar entrar. Vais fazer esta viagem para nada. Ainda assim, continua."

Cheguei ao hospital, ela já tinha entrado e ele estava na sala de espera. Bem dita a hora que fui. Deixar um pai, sozinho, na sala de espera durante 2 horas é terrível. Só por isso, já tinha valido a pena ter ido para o hospital com eles.

Às 21h30 de Quarta-feira podemos entrar e eu pude ficar no bloco de partos com ela e com o pai!!! Que felicidade!

A dilatação continuava como estava desde que tinha entrado no hospital e o bebé, na mesma. Foi importante voltar a criar ambiente protegido, luz baixa, mantas enroladas para não ter frio, música calma e mantras para atrair positividade e protecção. Com epidural ela tinha conseguido dormir e isso tinha sido muito importante para repor alguma energia e reservas. Alguns procedimentos médicos foram sugeridos, justificados e aceites. E pouco ou nada mudava. Veio a hipótese de Cesariana. Foi falada, conversada, perspectivada e aceite. Claro que, mais uma vez, surgiu a dúvida de não ser capaz, de tudo fugir ao planeado, de ter falhado. Mas a verdade é que o bebé não estava a conseguir e ainda que não houvesse indicação médica URGENTE para cesariana, era uma hipótese a considerar.

Antes de se avançar, chegou um parteiro-anjo que avaliou a situação e deu a sua opinião. Para ele, havia uma hipótese. Tinha vindo de um parto posterior e sabia que demorava mais do que o comum, que doía mais do que o comum, mas que era possível. Ajustou a posição corporal dela, incentivando as contracções uterinas e a descida do bebé, levou-a para o duche e deu-lhe reforço de analgesia sempre que ela pedia e fez-nos rir, muito. A sua paixão, vocação, intuição e humor foram um tesouro naquela noite!

Às 7h a médica veio para a preparar para Cesariana porque muito pouco tinha acontecido. Mas ela estava ferrada a dormir (bem como o pai) e ela deixou-os estar. Às 9h veio novo médico. E esse momento foi estranho. Entrou ele com duas médicas assistentes a dizer "É a senhora que quer parto vaginal, não é? Então vamos ver." E fez toque, avaliou a dilatação e a cabeça do bebé. A dilatação estava completa e a cabeça do bebé continuava alta. Mas agora havia esta novidade! A dilatação estava completa!! Perguntamos "Mas é possível parto vaginal? O bebé não está posterior?" Era possível vaginal mas podia ser necessário ajuda de fórceps ou ventosas. Fizeram ecografia e o bebé já não estava posterior, tendo encontrado uma postura mais favorável. A esperança tinha voltado!! O que era preciso fazer então? Voltar a colocar-se de pé e fazer movimentos com as pernas de forma a criar mais espaço na bacia.

Eram 10h30 quando tive de sair (com imensa pena porque queria mesmo muito acompanhar até ao fim!) e eram 14h quando este bebé maravilha nasceu, de parto vaginal, não intervencionado, em postura de gatas!

64 horas depois! Com todo o respeito que podia ter tido e com a força desta mulher furacão que com contracções fortíssimas dizia ao parteiro "São fortes, mas acredito que ainda possa piorar..."

Acredito mesmo que este bebé precisou deste tempo e espaço. Precisou que o respeitassem nesta procura pela saída. Precisou destes pais que sempre se mantiveram em contacto com ele, acreditando que ele sabia o que fazia.

E acredito também que o sistema português precisou deste mulher a parir no hospital para verem o exemplo vivo de alguém que espera por início espontâneo de trabalho de parto (42 semanas+4dias), de alguém a quem a presença de pai e doula fez diferença e a quem a espera e a fé trouxe um parto vaginal poderoso e empoderador!

Para mim foi um ENORME privilégio estar presente. Assistir e aprender com a sabedoria das parteiras, os seus conhecimentos técnicos e médicos e também holísticos e tradicionais e ter contacto com homeopatia, massagem, chás e ervas e ver como funcionam foi ESTRONDOSO. Assistir à força desta mulher (que é a força de todas as mulheres) mesmo quando dizia que não tinha mais. Assistir à ligação deste pai e vê-lo falar com o seu filho chamando-o de "Meu rapaz". Assistir a um concerto privado durante o parto com a querida E. a tocar e cantar e sentir como isso unifica as pessoas, como tranquiliza e como ajuda no alívio de dor. Assistir à humildade das parteiras quando não há mais que possam fazer e o respeito que tiveram com a escolha do casal. Assistir à doçura desta obstetra-anjo que foi fundamental para a mulher se sentir segura no hospital e assistir à vocação deste parteiro que com o seu conhecimento e humor foi a chave para continuarmos a acreditar no parto vaginal.

Acredito profundamente que este bebé escolheu as pessoas que precisava para ter o nascimento que precisava.

E sou eternamente grata a este casal que me escolheu e me permitiu ser testemunha desta história de AMOR.

   

Olá!

Este é um assunto, por vezes, delicado por parte das grávidas. Pelo menos da experiência que tenho, mesmo que a mulher e o casal se informem, mesmo que saibam o que preferem e o que lhes faz mais sentido para o momento do parto e pós-parto imediato e mesmo que estejam confiantes em relação a essas escolhas e preferências, a aproximação da consulta com a médica e o falar sobre isto, nem sempre é fácil.

Vivemos numa sociedade em que os médicos são, quase, idolatrados, e que a sua palavra é verdade absoluta. E quando, de alguma forma, enquanto utentes, tomamos iniciativa de qualquer coisa, temos medo de ser mal interpretados, de acharem que nós é que sabemos, e até podem achar que estamos a tentar assumir o seu papel sem ter qualquer conhecimento, formação e experiência para isso.

Acho importantíssimo que trabalhemos no sentido de criar empatia com os médicos que nos assistem. Os médicos que nos assistem, normalmente - no caso da especialidade Obstétrica, foram escolhidos por nós. Por isso, à partida, são pessoas e profissionais em quem confiamos. Certo?

Para quem está sensibilizada para o parto humanizado e quer fazer o seu plano de parto é importante que, quando escolher o seu obstetra, saiba que tipo de profissional é. Se concorda com o parto humanizado, se está familiarizado com estes termos e com plano de parto, qual é o protocolo que segue e porquê, etc.

Se perceberem que as vossas ideias (baseadas em evidências científicas) são totalmente opostas às do médico que conhecem, procurem outros profissionais. Felizmente existe diversidade, e o que resulta para uns, não resulta para outros.

Por exemplo, se eu acredito que através da homeopatia posso cuidar determinado aspecto em mim, porque consulto um médico que é totalmente contra se existem médicos mais familiarizados com esta alternativa? Ou se eu acredito que a febre tem um propósito, porque escolho um médico que me diz para tomar medicamento na primeira hora de febre?

Porque na gravidez e parto deve ser diferente? :)

Quando forem à consulta falar sobre o vosso Parto e Plano de Parto lembrem-se que o médico está lá para vos ajudar, para vos acompanhar, para vos servir :) Falem com o coração, perguntem, queiram saber com a humildade de quem não sabe, de facto. Lembrem-se que no momento do parto vão ser uma equipa. Médicos, enfermeiras e auxiliares, todos vão estar presentes para vos ajudar, para vos servir da melhor maneira que puderem e que souberem. E com base nisto, iniciem a conversa :)

Às vezes, consciente ou não, iniciamos uma guerra aberta aos hospitais e aos profissionais de saúde por sabermos que alguns dos procedimentos podiam ser de outra forma, por sabermos que há intervenções desnecessárias, por sabermos que pode haver faltas de respeito e de cuidado para com a mulher durante o trabalho de parto e é com esta carga que vamos para as consultas. Claro que se vamos com esta energia, a comunicação com o médico vai ter esta energia. Vamos "atacar" o profissional ainda antes de o ouvir. E quando uma pessoa se sente "atacada", reage certo? E é esta a base de conversa que queres?

Se entrarmos na consulta sabendo que aquela pessoa e profissional está ali para nós, para nos dar o que de melhor sabe (os seus conhecimentos, a suas experiência, o seu cuidado), nós assumimos automaticamente uma postura de gratidão e humildade. E assim sim, é possível conversar abertamente sobre o que nos inquieta, sobre o que preferimos (se for possível dentro daquele protocolo). E saber, de forma honesta, se aquela é a pessoa que queremos ao nosso lado durante o nosso parto!

[imagem http://esthershinn.blogspot.pt/2015/03/love-and-communication.html]

 
Muitas são as vezes em que estou a ver vídeos de partos e o G. me pergunta: "Estás a ver vídeos sexuais? Que gemidos são esses?"
Já te aconteceu? Já experimentaste fechar os olhos durante um vídeo de parto e apenas ouvir? Consegues sentir as semelhanças entre o parto e a relação sexual?
É normal que sim já que o parto é uma experiência sexual da mulher :)
O que te quero hoje trazer aqui é um exercício que me foi proposto na formação com a Naoli e que foi revelador para mim! :D
Então o que te proponho é que olhes para a tua pior experiência sexual. Observa-a. Sem julgamento, sem culpa, sem mágoa. Observa apenas como se estivesses a ouvir a história de alguém.
Que emoções estavam presentes? Consegues identificar porque foi má para ti? Sentiste-te respeitada? Se não, porquê? O que te leva a achar que é uma má experiência?
E agora, olha para a tua melhor experiência sexual. Como foi? Com quem foi? Observa atentamente.
Porque consideras que foi a melhor? Que emoções sentiste? Se olhares de fora, como interpretas essa mulher? O que transborda ela?
E agora, pegando nessas experiências vê o que estás por trás delas.
Vou contar-te o que descobri sobre mim para que te seja mais fácil entenderes onde quero chegar :)
Eu percebi que a experiência que considerei pior existiu porque eu não me respeitei, porque eu achei que devia estar disponível quando na verdade não estava, porque eu tive medo de não ser capaz (capaz de me entregar, capaz de sentir prazer, capaz de oferecer prazer, capaz de me unir ao meu parceiro, etc etc).
Por outro lado, na experiência que considerei como melhor, eu estava sintonizada comigo, com o meu corpo e com o meu parceiro, eu estava entregue ao momento, eu tinha a mente desligada e não deixei que os meus pensamentos de boicote interferissem com a experiência, eu não tive vergonha de pedir o que me apetecia naquela momento.
Agora, consegues olhar para as tuas experiências com total honestidade e identificar estes aspectos?
E agora, como achas que o meu parto pode ser se eu não me respeitar? Se eu fizer algo para o qual não estou disponível mas acho que tenho de estar? Se achar que não sou capaz? Se estiver rodeada de pessoas que não me empoderam e que duvidam das minhas capacidades inatas?
E se eu estiver rodeada de pessoas que acreditam perfeitamente na minha capacidade para parir? E se estiver entregue ao meu corpo, ao momento e ao meu parceiro? Se verbalizar o que quero e como quero? Se tiver liberdade para movimentar o meu corpo como ele me pedir nesse instante?
Consegues ver o paralelismo? :)
Espero que com esta partilha possas estar mais sintonizada contigo e com a tua sexualidade.
Mais uma vez, o que separa o orgasmo do parto é apenas uma questão de tempo :)
[imagem de http://www.orgasmicbirth.com/about/what-is-orgasmic-birth/]

 
Estou para escrever este post há mais de dois meses e finalmente hoje, consigo sentar-me, em silêncio, e dar toda a atenção que este assunto merece :).
Como já falei aqui no blog e partilhando algumas palavras do terapeuta Karlton Terry o parto é um momento traumático para o bebé. Seja parto vaginal natural, parto vaginal intervencionado ou cesariana. 
A verdade é que há formas de nascer mais traumáticas do que outras e há formas também, que estão ao nosso alcance, para minimizar os traumas do parto no bebé.
 
Sabendo já o impacto que a forma de nascer tem em toda a vida do novo ser e como essas memórias ficam profundamente marcadas nas suas células, de que forma podemos minimizar este trauma ao longo dos primeiros meses de vida do bebé?
 
Sabemos que a Cesariana é uma cirurgia que salva vidas. E tanto salva a vida do bebé como da mãe. Isto é inegável e toda a vez que apetece "crucificar" a Cesariana, é bom que nos lembremos disto!
A verdade também é que muitas vezes recorre-se a Cesariana sem haver risco de vida e aí sim, é bom repensar nas nossas escolhas enquanto mulheres, mães, cidadãs, profissionais de saúde, e em última instância, Humanidade. 
 
Que diferenças existem entre os bebés que nascem de Cesariana e de Parto vaginal?
Como Karlton Terry diz "Partos muito difíceis, com muita intervenção ou cesarianas podem provocar traumas maiores. A forma como uma pessoa entra num novo contexto da vida ou numa nova experiência (novo emprego, local desconhecido, novo grupo, uma palestra) será sempre comparada à experiência do nascimento. “Enquanto o bebé negocia com as pressões e transições do nascimento, as conexões cerebrais criam um programa que padroniza impressões e respostas, que afetam o seu cérebro e o comportamento. É uma espécie de programação induzida pela experiência formativa do nascimento que, como um modelo, influencia e desenvolve o cérebro e os padrões de comportamento dos bebés”.
 
"Muito crítico do número excessivo de cesarianas desnecessárias, Karlton Terry atribui também uma extensa lista de consequências psicológicas relacionadas com tipo de nascimento: “É chocante para o bebé ser posto fora da barriga sem percorrer o seu próprio caminho. Por exemplo: na escola, vão ser alunos que pedem ajuda mesmo quando não precisam, pois estão habituados a receber sempre ajuda. São mais defensivos em relação ao toque. Têm mais problemas de intimidade e sexuais”."
 
Se nos colocarmos no papel do bebé, criando empatia com ele, conseguimos sentir isto?
No caso de Cesarianas Electivas, em que o bebé não manifestou ainda sinais de que está pronto para nascer, de repente vê o seu ninho protegido e protector completamente exposto, vê-se arrancado do seu lugar seguro que o acolheu durante 9 meses, vê-se agarrado por mãos que não conhece, exposto a uma luz intensa que nunca viu, numa temperatura que nunca sentiu. 
Como acham que ele se sente?
O bebé que nasce de Cesariana não passa pelo canal vaginal, certo? Não é espremido nem sente a sua força interior de "fazer força". Ele simplesmente é retirado, sem fazer nada por isso.
A nível emocional e comportamental (ainda que inconscientemente) será uma criança e um adulto que espera que as coisas aconteçam, que não reconhece o seu valor, a sua força interior, a sua capacidade para fazer acontecer.
E quando este parto acontece, o que podemos nós, mães, pais, doulas, terapeutas, tias, avós, fazer para minimizar estes danos?
Há já várias formas de trabalhar terapeuticamente estes traumas, no entanto, o objectivo desta partilha é informar os recém-papás a, desde logo, intervir terapeuticamente com o seu filho.
O que fazer para minimizar o trauma de Cesariana, no bebé?
> Massagem e Colo:
O bebé deve ser tocado, através de um toque que o faça sentir aceite, amado e bem recebido, porque muitas vezes estes bebés podem nem saber bem o que aconteceu e o que se passa.
Deve ser massajado em todo o corpo e principalmente na cabeça, ombros e braços como se o bebé estivesse a passar num túnel. Massajar ligeiramente mas com algum foco na forma que estamos a dar ao corpo do bebé, porque como o seu corpo não foi espremido, estes bebés não têm muita noção dos limites do seu corpo;
 
> Comunicação e Reforço positivo:
Como as crianças que nascem por cesariana tem presente, de uma forma ou de outra, o sentimento de incapacidade, é importante dar reforço positivo, elogiar, dizer quando faz bem, e dizer que, quando faz mal, ele consegue fazer melhor - incentivar para que não desista.
O bebé deve ser elogiado desde sempre, em coisas pequeninas - por exemplo, se está com dificuldade a fazer cócó e consegue fazer, deve ser reconhecido. Ou se tem dificuldade em mamar e consegue mamar, por exemplo.
Enquanto bebés pequeninos, este reforço deve ser feito recorrendo a frases especiais e rítmicas que sejam o mantra de cura da cesariana. Cada pai e cada mãe deve, olhando para o seu bebé, identificar a sua, mas ficam aqui algumas sugestões da Doula e Terapeuta Yolanda Castillo:
- "Tu.....és um menin@ especial, um ser único e maravilhoso"
- " O menin@ têm magia no seu coração, e com ela consegue realizar  todo o que ele quiser".
- " Eu sou um menin@ feliz e corajoso, consigo mexer o meu corpo, e tornar as coisas mais facéis"
Estas podem ser utilizadas com bebés, desde recém-nascidos até aos 3 anos, depois podem ir modificando-se e cada casal constrói as suas próprias. 
 
> Terapia Sacro craniana
 
Como vêm há algumas coisas simples que podemos fazer e que estão ao alcance de todos para minimizar os efeitos de nascer de Cesariana. O primeiro passo é, claro, identificar que estes bebés têm necessidades diferentes de outros bebés. Estar atenta e querer colaborar com o nosso bebé, aceitando o seu percurso de vida, aceitando a sua escolha. 
E como a terapeuta Xuxuta Grave diz "Sobretudo respeitar que um bebé que nasceu de cesariana terá desafios diferentes de um outro que nasceu pelo canal vaginal, e isso não tem que ser mau nem bom, mas aceite. Mais tarde terão que trabalhar e reconhecer o seu poder, a sua força, a sua capacidade de autonomia, e os seus limites, as suas fronteiras."
 
[imagem de http://birthwithoutfearblog.com/2011/09/07/how-to-avoid-an-unnecessary-cesarean-section/
MUITO MUITO GRATA pela colaboração de Doula Yolanda Castillo, Doula Luísa Condeço, e Xuxuta Grave]
 

 
Bom dia!!
Quando falo em preparação holística para o Parto, falo naturalmente nas várias vertentes de cada ser humano de forma a preparar cada uma delas para este acontecimento mágico que é o parto.
O que acontece se preparares o corpo - tens cuidado com a tua alimentação, comes alimentos que ajudam os tecidos pélvicos a tornarem-se mais flexíveis, estás hidratada, fazes exercício físico, caminhas diariamente, fazes massagem do períneo e descansas sempre que o teu corpo pede. Perfeito!
No momento do parto, o teu corpo está preparadíssimo para parir e a tua mente começa a travar o corpo - "É agora? E o que faço? E quem está comigo? E se alguma coisa corre mal? E se dói muito. E se faço cocó? E se não dilato o suficiente? E a vergonha?" E taaaaaaaantos fantasmas que nesse momento surgem e que a mente vai feliz da vida comandando e dando força.
Primeira coisa a saber - "A mente segue a respiração." Por isso, se sentem a vossa cabeça acelerada, os pensamentos em velocidade cruzeiro, uns atrás dos outros, e o vosso cérebro num reboliço de ideias, RESPIREM. RESPIREM FUNDO. RESPIREM SUAVE E PROFUNDAMENTE, pelo menos 3 x. E vejam/sintam o que acontece :)
Uma das estratégias que a Dra. Gowri Motha sugere no seu "Método para o parto suave" é Visualizações, para que a mente esteja alinhada com o propósito do parto que é ENTREGAR, ABRIR MÃO, CONFIAR E PERMITIR.
A partir das 38 semanas podem fazer este exercício diariamente para se prepararem para o parto.
E em que consiste esta ferramenta? Em criar um LUGAR SEGURO, através do qual podes mergulhar em ti mesma e focar-te internamente com todo o processo que está acontecer.
Cria o teu lugar seguro:
1. Fecha os olhos, respira profundamente pelo nariz e imagina um lugar onde te sintas bem, confortável, em segurança e totalmente relaxada.
Esse lugar pode ser uma praia, um jardim, uma montanha, uma floresta ou uma memória antiga que te traga todas estas sensações.
2. Em seguida, constrói ao máximo esse lugar. Vê cada detalhe desse lugar. Que cores vês? Que cheiros sentes? Alguém te acompanha ou estás sozinha? Os teus pés estão em contacto com o quê? A tua boca tem que sabor? Sentes o sol na pele? Ou água, vento, maresia, folhas?
Podes encontrar algum pedaço desse lugar que facilmente trazes contigo? Um búzio? Um seixo? Um pau? Uma memória? Um cheiro?
3. Quando te sentires completamente inteira, segura, plena, feliz, poderosa e conectada, sai aos poucos do teu lugar até voltares a sentir o teu corpo. Mexe os pés e as mãos. Inspira e expira profundamente e aos poucos abre os olhos.
Depois de feito este exercício partilha o teu lugar com a pessoa que te vai acompanhar no parto. Conta-lhe como é esse sítio onde estás completamente ligada a ti e ao teu bebé e onde te  sentes completamente relaxada e segura.
Encontrem juntos 2 ou 3 palavras chave que rapidamente te remetam para esse lugar.
Todos os dias, até ao parto, pede ajuda ao teu companheiro e vai até ao teu lugar seguro. Cada dia se tornará mais fácil lá chegar :)
No trabalho de parto, sempre que te sentires desconectada, amedrontada, tensa, pede ao teu companheiro que te diga as palavras chave e mergulha em ti própria até chegares ao teu Lugar Seguro! :D
Pessoalmente acho que esta ferramenta pode ser uma grande ajuda no alívio das dores e na concentração da mulher em si própria. Vejo também aqui uma boa oportunidade de aumentar a partilha entre o casal, a empatia, a sensação de trabalho em equipa e a integração do pai na preparação para o parto!
Experimentem e digam-me como correu :D
Grata*
[inspiração: "Método para o Parto Suave" - Dra. Gowri Motha
fotografia lindíssima de Meg Bitton - http://blog.pebblesandpolkadotsphotography.com/?p=4859]

 
 
Voltei a ler o artigo de Karlton Terry sobre "O primeiro trauma do bebé" na "Pais de Filhos" e quero mesmo partilhar isto:
"Apesar de referir que todos os partos são traumáticos para o bebé, Karlton Terry considera que o trauma pode ser reduzido se a gravidez e o parto forem vividos com tranquilidade e naturalidade: “Se um bebé for desejado, do sexo desejado, se se desenvolve numa gravidez serena e saudável, com início do trabalho de parto espontâneo, se durante o parto a mãe aceitar abrir-se para o bebé, se confiar no seu corpo e deixar as hormonas atuarem, se não existirem interferências exteriores, se quando o bebé nascer for colocado imediatamente no colo da mãe, se o cordão umbilical só for cortado depois de pulsar até ao final, se o bebé tiver oportunidade de mamar o mais rápido possível, se isto tudo acontecer, ele vai pensar: ‘Uau! A vida pode ser boa!’”
“As caraterísticas básicas do ser humano são formadas nas poucas horas antes, durante e depois do parto, que é quando o cérebro faz o maior número de neuroconexões e à maior velocidade: mais de dois milhões de conexões por segundo. As mais recentes investigações em neurofisiologia e trauma confirmam as premissas da psicologia pré e perinatal: mais do que qualquer outra experiência, o nascimento molda a personalidade do indivíduo, as decisões que toma, o modo de sentir a vida e o modo como segue em frente na vida”, lê-se no site do IPPE. São muitos os especialistas que têm chamado a atenção para a importância que o modo de nascer tem sobre a vida de uma pessoa. O psicanalista e psicólogo austríaco Otto Rank (1884-1939) terá sido o primeiro a dar importância a este assunto, tendo inclusive escrito um livro chamado “Trauma do nascimento”. Ao contrário de Freud, que valorizava o complexo de Édipo, Rank considerava que as ansiedades neuróticas tinham origem no nascimento, que seria vivido como um choque profundo para o recém-nascido quer a nível físico quer a nível psicológico. Mais tarde, outros especialistas alertaram para os traumas do nascimento, mas devido às intervenções médicas. Foi o caso do obstetra francês Frederick Leboyer, autor do livro “Parto sem violência”, publicado em 1975, no qual descreve as necessidades emocionais do recém-nascido e defende, entre outras coisas, a colocação imediata do bebé no colo da mãe após o parto como forma de diminuir o trauma da separação materna. Na década de 80, o psicoterapeuta William Emerson estudou também os efeitos do nascimento no bebé e concluiu que muitos distúrbios de comportamento e problemas físicos são provocados por partos complicados, com muitas intervenções médicas. Recentemente, o médico francês Michel Odent tem sido um dos maiores críticos à excessiva medicalização do parto. Nos seus livros e palestras, explica que a saúde de cada indivíduo é formada durante a sua vida intrauterina, mas a sua capacidade de amar é determinada no momento do nascimento. E é por isso que afirma: “Para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer”.
 
Será que temos consciência disto? Assim, desta forma?
[fotografia de  Kim Harms]




Quando soube que a Naoli Vinaver vem a Portugal fiquei tão entusiasmada!! Este ano está a ser um grande ano para o nosso país no que trata de Parto Humanizado! Primeiro veio a Bárbara Harper falar do Parto na Água, agora a Naoli. Yeaah!! 
Que estas mulheres inspiradoras, conhecedoras e desbravadoras de caminhos possam iluminar-nos para continuarmos o nosso trabalho de divulgação e IMPLEMENTAÇÃO do Parto Humanizado em Portugal :D

A Naoli vai estar cá em Julho e vai, durante a sua estadia, fazer Palestras (de entrada gratuita!) e Cursos para Mães, Mulheres, Doulas e Profissionais de Saúde.

Partilho esta informação para que todas as pessoas que se interessam e que actualmente lutam activamente pelo resgate do parto natural no nosso país possam beber desta sabedoria, resgatando também a sua sabedoria ancestral e divulgando este conhecimento no seu dia-a-dia. 
Não estamos a fazer menos do que mudar a Humanidade :D


Palestras com Naoli Vinaver
Dia 1 de Julho sexta-feira às 18h  "SEXUALIDADE, PARTO E VIDA" (entrada livre)

Dia 6 de Julho quarta-feira às 20.30h  "A ARTE E A CIÊNCIA DO PARTO PARA ESTUDANTES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE"(entrada livre)

Local: Auditório do polo Calouste Gulbenkian da ESEL. Av Professor Egas Moniz, junto ao hospital de Santa Maria

Formações com Naoli Vinaver
Valores, descontos e Condições de Pagamento

Curso "A Natureza da Vida" (2, 3, 4 e 5 Julho)
Valor: 460€

Curso "A Natureza do Nascer" (7, 8, 9, 10 Julho)
Valor: 480€ (profissionais de obstetrícia)

A Frequência dos dois cursos 
(possível para profissionais de saúde da área da obstetrícia)
Valor: 850€


Estes valores incluem a frequência do curso, coffee-breaks e almoço em todos os dias da formaçã

Nota Importante:
As Inscrições recebidas até dia 8 de Maio têm 20% de desconto.
Para sócios da Apeo existe 20% desconto até 6junho.
Entre o dia 9 de Maio e o dia 5 de Junho têm um desconto de 10%.
Depois do dia 6 de Junho não haverá outros descontos.

Condições de Pagamento
Contemplamos a possibilidade do pagamento ser faseado da seguinte forma:
30% no acto da inscrição + 30% até dia 10 de Junho + 40% no 1º dia do curso

Outras Informações
O número de vagas é limitado e as vagas são preenchidas por ordem de chegada da ficha de inscrição para o email:
naoliportugal2016@gmail.com com o respectivo comprovativo de transferência bancária.
Desistências após 10 de Junho não são reembolsáveis



Oláaa!!!

Já tenho nova data para o início das aulas de Acompanhamento Consciente da Gravidez e Preparação Holística para o Parto (e cada vez que escrevo este extenso nome penso: "ihhh que grande. Não dá para resumir?" E concluo que não. É mesmo isto que estas aulas são. Pretendemos trazer consciência de todo o processo que é a Gravidez e Preparar activa e holisticamente para o Parto. Tal e qual ;))

Bom, as aulas são constituídas por 9 encontros na Gravidez e 1 no Pós-Parto.
O primeiro encontro é no dia 21 de Maio e o último encontro será num dia de Agosto, ainda a definir (combinando depois o dia exacto com o grupo).

Todos os encontros são no querido espaço - Sementes d'amor e são aos Sábados, das 11h30 às 13h30.
2 Encontros em Maio, 2 Encontros em Junho, 3 Encontros em Julho e 2 em Agosto.
Os encontros são abertos aos casais/pares, claro :D

Durante os encontros vamos abordar vários temas:
> História do Parto
> Parto humanizado e tipos de parto
> Quem é a Doula?
> Gravidez consciente
> Alterações da mulher durante a gravidez
> Desenvolvimento fetal e vinculação intra-uterina
> Papel do Pai na Gravidez e Parto
> Fisiologia do parto e Necessidades da mulher em trabalho de parto
> Desmistificar a dor do parto e técnicas não farmacológicas para lidar com a dor
> Parto hospitalar - passo a passo
> Plano de Parto - jogo interactivo
> Preparação para o parto: física, mental e emocionalmente
> Cuidados naturais ao recém-nascido
> Amamentação

Durante as aulas são proporcionados também momentos de conexão com o próprio corpo e com o bebé através de exercícios de Yoga e Meditações.

O valor total das aulas é 180€ , 30€ pagos na inscrição e o restante valor pago em 1 ou 2x.

Qualquer questão extra ou informação que precisem, é só enviar email para uaumama.blog@gmail.com ou centrosementesdamor@gmail.com.

Muito muito grata!! :D*

Uma querida e grande amiga e irmã do coração, teve o seu primeiro filho na Sexta feira passada e ao telefone disse-me: "O Kundalini Yoga prepara-nos de uma maneira!!!"
Não é novidade nenhuma para mim, mas ouvir alguém que passou por essa experiência e "confirma" o que eu desconfio (e sei ;)) há algum tempo é maravilhoso.
 
Tenho partilhado com algumas pessoas uma das técnicas que arranjo para me manter nos exercícios desafiantes do Kundalini Yoga. Quem experimentou KY ou faz aulas sabe com certeza do que estou a falar. Quando aqueles exercícios difíceis difíceis de manter e aguentar chegam, uma das coisas que a minha mente vai buscar para me ajudar é perguntas tipo "Quanto queres ser mãe?" "Vá, treina-te para o parto." "Pensa que ali ao fundo está o teu filho. Vai!"
 
Aliás, no meu primeiro treino de corrida (e corri 5 km que para mim foi um FEITO memorável e com bastante orgulho e amor por mim própria), assim que terminei a corrida disse: "Se eu consegui correr, eu consigo parir. Porque na corrida eu não parei, e entre as contracções existem intervalos."
(Eu não tenho a experiência da maternidade e portanto tudo isto pode ser a minha mente positiva em altas, a fazer-me crer em unicórnios e fadas. Mas honestamente falando, é mesmo isto que acontece em mim :p).
 
Então quando esta querida amiga me disse isto, foi quase como "Siiiiiimm! Não sou a única a relacionar KY e parto. Boa boa!!"
 
Hoje, enquanto leio o manual de Yoga na Gravidez, descubro que há relação directa entre o tipo de meditação que fazemos e os efeitos específicos na GRAVIDEZ e PARTO.
 
Então, existem 4 tipos de meditação:
> Meditar  cantando mantras cria um aconchego e uma ligação entre mãe e filho através dos infinitos sons da criação. Os nossos pulmões e respiração beneficiam e indirectamente preparam-nos para o parto. Cantar mantras acorda sentimentos como alegria, proporciona equilíbrio e mantém o ritmo.
 
> Meditar com respirações longas e profundas e mentalmente ouvindo um mantra cria foco e harmonia mental. Estas meditações trabalham profundamente, limpam e clareiam o subconsciente.
 
> Meditações desafiantes de braços e Kriyas que criem força têm um foco inabalável e constroem o sistema nervoso que tem um valor inestimável durante o parto. Este tipo de meditação ajudam-nos a confrontar os nossos medos, ensinam-nos a lidar com a dor e libertam o medo do desconhecido.
 
> Meditações de cura  nutrem a nossa relação connosco próprios e a nossa ligação com a nossa capacidade Infinita. Estas meditações aumentam a capacidade humana para "co-criar" milagres com o Criador.
 
WOW!! Cá está :)
Aulas de Kundalini Yoga para adultos, Pré-Concepção e para Grávidas, no Centro Sementes d'amor, em Tires.
Vamos praticar Yoga e preparar-nos para a gravidez, parto e parentalidade. Na verdade, com Kundalini Yoga aprendemos a viver, de uma forma feliz, saudável e sagrada! :D


Bom dia!
Quando fazemos um plano de parto, sentindo o que faz mais ou menos sentido para cada casal, quais são as preferências e o que se gostava de evitar, chegamos a uma altura em que nos deparamos com os Cuidados ao Recém-Nascido.
Que cuidados são feitos normalmente, de forma rotineira? 

Um dos procedimentos efectuados é a administração de Colírio nos olhos do bebé (normalmente Colírio de Nitrato de Prata ou pomada de Eritromicina). E porque se faz isto?


Recuemos até finais de 1800, altura em que a pomada de Eritromicina em recém-nascidos teve origem.
Neste período, cerca de 10% dos recém-nascidos das Maternidades da Europa desenvolveram Oftalmia Neonatal e 3% destes tiveram complicações que levaram a Cegueira. Ou seja, no final dos anos 1800, antes de serem descobertos os antibióticos, 0,3% das crianças (3 em 1000) ficaram cegas devido a Oftalmia  Neonatal.
Em 1881, Dr. Carl Crede percebeu que estas crianças contraíam a infecção durante o parto vaginal e era causada pela infecção Gonorreia. Nesta altura, Dr. Carl percebeu também que se colocasse Nitrato de Prata nos olhos dos recém-nascidos, a Oftalmia era evitada. Conseguiu assim, no seu hospital, nesta altura, passar de 30/35 casos de Oftalmia/ano para 1/ano.

É preciso saber que várias coisas mudaram nestes últimos 135 anos. E actualmente, com antibióticos, a cegueira torna-se altamente improvável.

> O que é Oftalmia Neonatal?
A Oftalmia Neonatal é um tipo de Conjuntivite no recém-nascido que surge até ao primeiro mês de vida, é contraída no parto através de infecções por Clamídia e Gonorreia (ambas doenças sexualmente transmissíveis) e, sem tratamento, é potencialmente perigosa porque pode levar a danos permanentes nos olhos e/ou Cegueira. No entanto, é uma doença tratável e a cegueira pode ser evitada se antibióticos orais ou intravenosos forem administrados assim que a criança desenvolva Oftalmia.
Importa saber que este é apenas um tipo específico de Conjuntivite e que a Conjuntivite tem várias causas, como vírus (por exemplo Herpes), bactérias, produtos químicos ou bloqueio dos canais lacrimais. 

A única maneira de contrair Oftalmia Neonatal é se a mãe estiver infectada com Clamídia ou Gonorreia e se o bebé estiver em contacto com a zona vaginal, porque nascendo de Cesariana é altamente improvável contrair.

Como a maioria das pessoas que têm Clamídia ou Gonorreia não têm sintomas, é bom fazer o teste e saber. 

Actualmente, uma forma de prevenir a Oftalmia é aplicar A TODOS os recém-nascidos uma pomada oftalmológica ou Colírio de forma profiláctica para impedir a infecção.
A profilaxia é obrigatória por lei em vários estados dos EUA independentemente do estado de Clamídia ou Gonorreia e do tipo de parto, ao contrário de países como Reino Unido, Austrália, Noruega e Suécia em que a profilaxia automática não é mais usada.

O colírio de Nitrato de Prata já não é usado nos países desenvolvidos porque pode provocar:
> Irritação severa nos olhos
> Dor severa
> Conjuntivite química
> Alteração temporária da visão - que altera a vinculação mãe-bebé

Actualmente sabe-se também que o Nitrato de Prata não é eficaz em infecções provocadas por Clamídia, mas sim Gonorreia (a causa mais comum de Oftalmia neonetal actualmente é infecção por Clamídia).

Concluindo:
> Saber se a mulher está infectada com Clamídia ou Gonorreia;
> Se a mulher tem uma relação estável e "mutuamente fiel" com o mesmo parceiro, saber se o parceiro está infectado;
> Se nenhum dos dois está infectado, não há possibilidade do bebé contrair Oftalmia Neonatal.
> Sabendo isto, é possível pedir no Plano de Parto para não ser administrada qualquer pomada ou colírio ao recém-nascido.

[traduzido e adaptado de http://evidencebasedbirth.com/is-erythromycin-eye-ointment-always-necessary-for-newborns/ 
mais sobre http://www.euqueropartonormal.com.br/eqpn/intervencoes-ao-recem-nascido-parte-2/]

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