10 coisas que fiz para me preparar para o Parto
No final da gravidez e com a aproximação do parto, ia pensando naquilo que estava a fazer para me preparar para o grande momento e que queria partilhar convosco. Às tantas dei conta que estava a recorrer a quase tudo o que sabia e, garantidamente, a tudo aquilo que me fazia sentido.
Reuni aqui, em 10 tópicos, aquilo que fiz e que considero que contribuiu directamente para o Parto maravilhoso que vivemos:
(quero só, antes de continuar, deixar bem claro que esta foi a nossa experiência e que seria exactamente como tinha de ser!)
1. Ser Doula e acompanhar Partos
Claro que ser Doula é o mais importante. A informação que tenho, o trabalho emocional que tenho feito, o empoderamento e a serenidade que tudo isso me dá, contribuiu claramente para esta experiência. Para além disso, ter acompanhado partos (a maioria fisiológicos/naturais) fez-me desconstruir a ideia que a maioria de nós (sociedade) tem que o parto é sempre medicalizado e intervencionado, doloroso e traumático. Acompanhar partos domiciliares é, sem dúvida, um grande privilégio e foi/é uma grande escola.
2. Kundalini Yoga
As ferramentas que o Kundalini Yoga me deu/ensinou ao longo destes 4 anos de prática e, mais recentemente, como Professora, foram tudo aquilo que precisei para viver esta experiência. Sem esta prática regular não sei como teria sido. O facto de ter respirado conscientemente em cada contracção e ter vivido uma contracção de cada vez, de ter ouvido o meu corpo e respeitado os movimentos que este quis fazer, de manter a mente focada e ao meu serviço em vez de atrapalhar, de me conectar com o meu bebé, de suportar o desconforto e ir para além dele…tudo isto é Kundalini Yoga. Agora, sem sombra de dúvidas te digo, queres preparar-te para o Parto? Então pratica Kundalini Yoga.
3. Conectar-me com o meu bebé
O parto é uma experiência desafiante porque nos leva aos nossos limites – físicos, mentais e emocionais. Estabelecer uma relação com o bebé e trabalhar esse vínculo desde cedo ajuda muito a suportar e viver esta experiência desafiante. Saber que o parto é um trabalho de equipa e sentirmo-nos ligadas emocionalmente ao nosso bebé, ajuda-nos a manter o foco e fazer a nossa parte do trabalho o melhor possível.
4. Preparação Pré-Natal com o Gonçalo
Para mim sempre foi muito importante que o Gonçalo se preparasse para o parto e tivesse informação. Queria como acompanhante de parto alguém que estivesse dentro do assunto, me empoderasse e ajudasse física e emocionalmente mas também alguém capaz de defender os meus direitos caso eu não estivesse em condições para tal. Não queria que ele fosse ingénuo para um momento destes e muito menos fosse fonte de tensão, stress ou adrenalina “gratuita”. Como ficou desde logo decidido que iríamos optar por um parto hospitalar, sempre foi meu desejo ficar em casa o máximo de tempo possível. E para isso era necessário que o Gonçalo conhecesse o processo e a fisiologia do parto, conhecesse técnicas não farmacológicas de alívio de dor e se preparasse (da forma como achasse melhor) para me ver desconfortável e assistir à viagem emocional que um parto causa ou pode causar.
Esta preparação foi sendo feita ao longo do tempo, de forma gradual e partindo do ponto mais importante: haver vontade e disponibilidade da parte dele para isso.
5. Ter uma doula
Este ponto foi fundamental! Pelas 20 semanas decidi quem seria a nossa Doula e partilhamos o que queríamos – ficar em casa o máximo tempo possível e acompanhamento no hospital se houvesse essa possibilidade. O pack de “Parto” que escolhemos incluía 3 encontros de Preparação para o Parto, Acompanhamento durante o Parto e 2 encontros no Pós-Parto. Nesses encontros eu pude ser “apenas” a grávida e distanciar-me um bocadinho do meu lado profissional. Podemos, acima de tudo, dar espaço ao Gonçalo para obter informação de alguém imparcial, colocar dúvidas e falarmos abertamente sobre as nossas expectativas, vontades, medos e receios.
Durante trabalho de Parto ter a Márcia connosco fez com que nos sentíssemos seguros, fisica e emocionalmente apoiados e sua presença foi fundamental para conseguir aguentar-me em casa tanto tempo.
6. Ler livros e absorver tudo
A leitura sobre esta temática não veio só nesta altura, naturalmente. Mas, houve dois livros muito especiais durante a gravidez que me prepararam para a experiência de Parto: 1. “Parto Ativo” da Janet Balaskas e 2. “Bountiful, Beautiful, Blissful: Experience the Natural Power of Pregnancy and Birth with Kundalini Yoga and Meditation” da Gurmukh Kaur Khalsa.
O primeiro ajudou-me a integrar informação que já trazia e a ganhar um papel mais activo, determinado e assertivo na escolha das posições corporais durante o parto. Se não fosse este livro se calhar não teria escolhido parir de cócoras (E que bom que foi).
O segundo ajudou-me a trabalhar a mente e o espírito numa entrega sentida. Sabendo que estava a dar o meu melhor, preparei-me para o que fosse, aceitando realmente, que o que acontecesse seria o melhor para mim (nós).
7. Caminhadas regulares na praia
Quem me acompanhou na gravidez viu bem como aproveitei o Verão e a praia até à última. Caminhar na praia, na areia da praia, ajuda ao encaixe do bebé e na abertura pélvica. Nas últimas semanas fiz várias pela praia e nos últimos dias fiz pela aldeia onde moro. 30/40 minutos diários.
8. Mentalização e Projecção da experiência
Acredito no poder da atracção e na força criativa da nossa mente, por isso, sempre que imaginava o parto, imaginava a melhor versão que conseguia. Quando falava com o Vasco e lhe explicava como seria o parto vaginal, descrevia sensações, timmings, espaços. Tudo o mais detalhado possível. E sentia mesmo o que estava a dizer. Também lhe expliquei que podia ser cesariana, se fosse necessário, e como seria esse processo. Mas foquei-me essencialmente naquilo que desejava.
9. Deixar de trabalhar semanas antes do parto
Pode parecer irrelevante mas há livros que referem a importância de não trabalhar nas semanas anteriores ao parto (6 semanas +-) para uma optimização na produção hormonal. No final da gravidez comecei a sentir uma vontade notória de me isolar, de introspecção, de preparação da casa, do quarto, das roupinhas dele. Tudo isso, todo esse tempo e espaço criado, permitiu um relaxamento natural e gradual do meu corpo e mente. Abrir espaço para o bebé vir, descansar o corpo, dormir sestas, aproveitar para fazer apenas o que me dava prazer e causava bem-estar.
10. Homeopatia, Terapia Sacro-craneana, Chá de Framboeseiro e Tâmaras
Poucas semanas antes do parto fiz a última consulta de Naturopatia, o último tratamento de terapia sacro-craneana, trouxe os homeopáticos que faziam sentido para mim (para preparação dos tecidos, libertação de medos, etc), fui comprar Folhas de Framboeseiro para preparar o útero e comecei a comer 1 tâmara por dia (há um novo estudo que relaciona isto com o trabalho de parto, sabiam? pelo sim, pelo não, mais vale tentar :)).
Conclusão: Estas foram 10 coisas que fiz, conscientemente, na minha preparação para o parto e que sinto que tiveram um efeito positivo na nossa experiência. Podia ter corrido tudo ao lado? Podia. Tudo o que fiz foi acreditando que iria contribuir para o parto, para uma melhor e mais suave experiência. E assim foi. Não significa que são essenciais, que são milagrosos nem que, mesmo fazendo tudo isto, escaparia a outra experiência se assim tivesse de ser.
Esta partilha serve apenas para vos inspirar, mostrar algumas alternativas à “típica” preparação para o parto e dizer-vos que vale a pena sermos participantes activas nesta preparação.