Estou há tanto (mas tanto) tempo para vos escrever sobre isto.
Não sei se para vocês isto é óbvio ou não mas, se há mulheres que sabem que querem ter uma doula, são as doulas. Por conhecermos o nosso trabalho, reconhecermos a nossa mais valia, os resultados das evidências científicas e por sabermos que merecemos este cuidado desde logo, somos as primeiras a querer ter uma doula para nos acompanhar quando é a nossa vez de ser “a” grávida.
Como já sabem, ou espero eu que sim, a Doula dá informação, apoio emocional e apoio físico durante a Pré-Concepção, Gravidez, Parto e Pós-Parto. No caso de sermos a Doula Grávida, a parte da informação podia ser a menos importante já que a nossa colega sabe tanto como nós. A questão é que não estamos grávidas sozinhas e os nossos companheiros, e pais dos nossos filhos, não têm assim tanta informação.
Bom, passando agora à minha experiência pessoal, vou contar-vos porque escolhi ter uma doula, quando começamos o acompanhamento e a grande mais valia que foi.
O meu acompanhamento com Doula começou na Pré-Concepção quando enviava mensagens à minha querida Luísa Condeço a dizer “Estou com atraso! Se calhar é desta!” ou “Afinal a menstruação veio. Já chorei.” ou lhe ligava com voz trémula a dizer “A minha cunhada está grávida antes de mim e isso está a activar fortemente o meu medo de não conseguir engravidar.” Para mim era claro que queria ter alguém ao meu lado que me desse o colo que precisava, que me ouvisse atentamente, que não me julgasse, mas também que me provocasse, me tocasse nas feridas de forma amorosa e me perguntasse “E o que sentes com isso, querida?”
Assim que engravidei contei-lhe e a Luísa foi das primeiras pessoas a saber (antes até dos nossos pais!). Eu sabia que seria ela a nossa doula e era fácil imaginá-la connosco no momento do parto, em casa, antes de irmos para o hospital. E mais ainda no Pós-Parto, tê-la “acampada” em nossa casa para nos mimar o dia todo. (Que doce cenário! ahah)
Bom, quando lhe disse tudo isto, ela sugeriu-me escolher uma Doula fisicamente mais perto de nós, que nos pudesse acompanhar de uma forma mais regular, presente e, em caso de “urgência”, estivesse mesmo aqui ao lado. Aceitei a sugestão e comecei a procurar na minha lista mental os nomes de colegas com as quais sentia empatia, confiança, abertura e entrega, com a qual me imaginasse a parir e com a qual o Gonçalo se identificaria. A Márcia Sampaio surgiu assim mesmo.
Enviei-lhe mensagem a perguntar se estava livre na altura do parto, se estava interessada em acompanhar-nos e marcamos um encontro. Para mim era realmente importante que ela estivesse presente durante o nosso trabalho de parto em casa e que nos ajudasse (emocional e mentalmente) na preparação do parto.
O Gonçalo não estava tábua rasa neste assunto porque, ao longos dos anos, foi aprendendo muito com as minhas partilhas mas, ser o pai e ter agora este papel activo, tornava urgente uma preparação a sério. Para mim também era importante ser “apenas” a grávida, ouvir informação de alguém de fora e imaginar-me no parto sem estar no papel da profissional.
Sermos, enquanto casal e pais dos Vasco, questionados