Como as emoções orientam a minha vida

Antes de vos contar como as emoções orientam a minha vida, faz-me sentido dizer-vos quando tudo isto começou. Porque, como ontem li, “A paz da mente vem passinho-a-passinho” e, às vezes, achamos que tudo acontece de um dia para o outro e esquecemo-nos de valorizar as pequenas conquistas 😉

O trabalho emocional surgiu na minha vida através da querida terapeuta Noordev Kaur durante a formação de Doulas. Não sabia para o que ia quando começaram a falar disto. Não fazia mesmo a mínima ideia.

Sei que, depois da minha parte da terapia e de tudo o que senti no meu corpo, fiquei a borbulhar por dentro. Como um sino a tocar. Algo de especial tinha acontecido e eu sabia-o.

O trabalho foi tão útil, benéfico e evidente para mim, que sempre que a Noordev dava Workshops, eu ia. Foi com ela que aprendi (e relembrei) a maior partes das coisas que sei sobre trabalho emocional e que uso na minha vida e no meu trabalho.

Posto isto, COMO AS EMOÇÕES ORIENTAM A MINHA VIDA?

Sempre fui muito emocional. Desde criança que me lembro de chorar com facilidade. As coisas tocavam-me sempre muito. Era sensível e nem sempre essa característica foi bem aceite por mim. Era mais fácil, em algumas alturas, ser “durona” e não querer saber. Mas não era assim que era. Não é assim que sou.

Quando olhei para as emoções como “sentidos da alma”, tudo se tornou claro. A minha alma queria expressar-se e as lágrimas saíam-me antes de poder fazer alguma coisa. Depois disto, comecei a dar conta que sempre que falava algo mais sentido, mais alinhado com a minha essência, a voz tremia e os olhos enchiam-se de água. Não era tristeza. Não chorava porque estava triste. Chorava porque estava emocionada. E chorava de alegria. E chorava de gratidão.

No corpo físico temos os 5 sentidos. Na alma temos as emoções. São as emoções que nos guiam.

E como isto acontece no dia-a-dia?

Cada emoção tem um propósito. E emoção é, “apenas”, energia em movimento.

É diferente sentir tristeza ou raiva. Culpa ou vergonha. Alegria ou entusiasmo.

De uma forma geral,

  • a tristeza serve para aceitarmos
  • a raiva serve para parar um abuso ou fazer uma mudança extrema
  • a culpa serve para olhar para trás, avaliar o que aconteceu e poder mudar/melhorar na próxima experiência
  • a vergonha serve para nos conectarmos com o nosso verdadeiro eu
  • a alegria serve para desfrutar
  • o entusiasmo é um motor para nos levar a fazer o que tem de ser feito

Então, quando algo está a acontecer e eu me permito sentir, eu observo simplesmente o que está acontecer no meu corpo:

  • onde está a sensação? na barriga, no peito, na garganta, na cabeça?
  • como é a sensação? fria, quente, expansiva, contraída?
  • é confortável ou desconfortável?
  • há alguma expressão associada? apetece-me chorar? bater? saltar? rir? bater palmas?
  • consigo identificar que emoção é? (às vezes não é fácil identificar logo)

E depois de identificada a emoção, vejo se há algo a fazer. Ou se, simplesmente, devo estar disponível e permitir que a onda emocional venha e vá.

Em exemplos práticos:

  • O João perdeu uma caneta que adora, que tinha sido oferecida pela avó. Sente-se triste. A tristeza serve para aceitar. Então, usando essa energia em movimento, permite-se aceitar que perdeu a caneta. Aceitar verdadeiramente. E quando a aceitação existe, já não há tristeza. Porque a emoção já serviu o seu propósito.
  • A Ana aceita ajudar uma amiga que lhe pede 30 minutos do seu tempo para desabafar. Mas entretanto o tempo passa e a Ana continua “presa” nessa conversa. Tem outros compromissos mas não tem coragem de parar a amiga e vai ficando. E passa 1hora, 2horas e ela continua. Começa a sentir-se zangada. Não é zangada com a amiga. É zangada consigo própria. Porque está ali e não tem coragem para colocar um travão na conversa. A zanga aqui serve para parar o abuso. Porque a Ana está a deixar-se abusar enquanto não coloca um limite.

No dia-a-dia, o primeiro passo é estarmos disponíveis para nos sentirmos. Conhecer as emoções e que oportunidades nos trazem. Depois disso, agir de acordo com elas.

Por exemplo, uma das emoções que mais gosto é o Entusiasmo. É para mim um barómetro maravilhoso.

Se me sinto entusiasmada com uma pessoa, com um convite, com uma ideia, sei que é por ali o caminho.

Se, por outro lado, recebo um convite e não sinto entusiasmo nenhum, posso ir, mas quase de certeza que não valerá a pena.

É maravilhoso quando estamos disponíveis e despertas para as nossas emoções. Elas são tão sábias e ajudam-nos tanto.

Começa pelo princípio. Quando deres conta de alguma sensação em ti, pára e pergunta-te: “O que estou a sentir?”


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