Bom dia!
Sendo que a Parentalidade Consciente e Positiva começa na Gravidez, será que as mamãs grávidas já pensaram nas birras que podem surgir quando os vossos filhos começarem a crescer?
Uma colega doula, uma vez em que lhe dizia que queria MUITO engravidar e que a espera nem sempre era fácil, disse-me: "Olha, porque não lês e "estudas" sobre Parentalidade? Eu não tinha noção nenhuma quando os meus filhos começaram a crescer e se fosse hoje, preparava-me. Aproveita essa espera para te preparares."
Na altura, agradeci a sugestão, mas a verdade é que Parentalidade Consciente é algo TÃO natural para mim, que posso ler, obviamente, há sempre coisas a aprender, mas não me entusiasma assim tanto para que a espera se torne mais leve ;).
No outro dia, em conversa com a J. falavamos disto mesmo - de birras.
O que são birras?
Porque as crianças fazem birras?
E como tu reages quando uma criança faz uma birra?
Normalmente, na maioria dos casos, o que vemos é a criança a fazer birra e o educador (pai, mãe, avó, tia, professora...) a tentar mudar o seu comportamento. Isto é, a criança está a chorar e a gritar, e o que faz o pai? Tenta que ela pare de gritar e de chorar. Certo?
Sabemos que as birras são uma forma de expressão?
Sabemos que as crianças estão ainda a desenvolver a um ritmo alucinante o seu sistema nervoso e que não têm ainda ferramentas emocionais para lidar com as emoções que sentem?
Quantas vezes, nós, adultos, temos reacções emocionais que mais tarde consideramos infantis ou inoportunas ou impulsivas ou irreflectidas? Quantas? (Consegues olhar para ti com amor e observar isto? :))
E porque as crianças não têm direito a expressarem? Claro que a resposta na birra é completamente desproporcional, é incómoda e é muito intensa - não só para a criança que está a sofrer (porque está) mas também para quem assiste que vê o sofrimento da criança.
É curioso como, quando estamos a cuidar de bebés pequenos, de colo, tentamos entender as suas necessidades em vez de querer alterar o comportamento. Não é?
Um bebé com 3 meses que está a chorar. O que fazes? Tentas calá-lo? Ou para o acalmar tentas entender a razão pela qual está a chorar? Tem fome? Sede? Fralda suja? Calor? Frio? Assustou-se? Tem sono? Quer um abraço? E aqui, quando tu detectas a causa e suprimes a sua necessidade, ele pára de chorar. :D
Porque com as crianças é diferente?
Imaginem uma situação: Estamos no parque com uma criança de 3 anos que, quando dizemos que está na hora de ir embora, começa a chorar e a espernear a dizer que não quer.
É perceptível que a criança não queira ir embora, quando se sente livre, divertida, a explorar o seu mundo e as suas capacidades, a conhecer novas pessoas - provavelmente, a desafiar-se e a superar-se?
Conseguimos por-os no lugar da criança? Há algum sítio em que gostamos muito de estar e que nos custa quando vamos embora? A diferença é que a nós custa-nos mas nós sabemos lidar com isso. Certo?
Mas e a criança? É possível avisar um pouco antes de ir embora do parque para que ela possa preparar-se para a saída, em vez de ser "Vamos embora agora!"?
É possível negociar as últimas voltas no escorrega e quando acabam aquelas 3 voltas, vamos embora?
É possível perceber que fechada em casa a criança pode sentir-se mais aborrecida e aquele bocadinho no parque ser tão importante para ela?
É possível darmos um abraço à criança quando começa o beicinho por não querer ir embora e dizer-lhe "Sei que adoras estar aqui, mas agora temos mesmo de ir. Amanhã voltamos!" e cumprir com a promessa? :D
A J. perguntava-me "Mas como é que isso se faz? Como é que se entendem as necessidades das crianças?" A minha resposta é "Gerando empatia. Coloca-te no lugar dela. Tenta sentir o que ela sente. Não julgues. Observa, baixa-te, coloca-te ao mesmo nível físico que ela e experimenta."
Como a Mia diz - Olhar para a criança com curiosidade, sem julgar nem tentar mudar nada. Observa e pergunta-te "O que será que leva esta criança a ter esta resposta emocional?"

Quando eu era criança as minhas brincadeiras preferidas eram três:
1. Ser mãe e cuidar do meu bebé, pô-lo debaixo da camisola e simular o nascimento, amamentá-lo, trocar-lhe as fraldas e dar-lhe banho, dar-lhe colo e muitos beijinhos (houve até uma altura em que duvidava se os beijinhos eram limitados e se ia acabar com a minha dose logo em criança já que não havia testa de boneco que me escapasse a pelo menos 30 beijinhos de uma vez).
2. Com as Barbies construía a sua família (sempre numerosa) e punha a Barbie a namorar com o Ken, a Barbie a tomar conta dos seus filhos, a levá-los a passear ao parque, andar de baloiço, deitá-los e contar-lhes histórias, dar-lhes colo e abraços.
3. Ser professora. Colocava todos os meus bonecos sentados nos degraus das escadas e falava para eles. Explicava-lhes como as coisas aconteciam, como se faziam contas, como se lia uma história, como se desenhavam as letras e por aí fora.
Quando pensava no que queria ser quando fosse grande, a resposta, mesmo que variasse entre ser educadora de infância e ser pediatra, tinha lá sempre o mesmo – os bebés e as crianças.
Enquanto crescia e acompanhava a minha irmã, que na altura trabalha em infantários e creches, fui percebendo que educadora de infância não seria exactamente o que queria. Como podia estar um dia inteiro com 15 crianças ao mesmo tempo? E como podia dar colo a todos? E como podia dar essa atenção individualizada que me dava tanto prazer? Como podia ser pedagoga e não só "tomadora de conta" de crianças? Como podia educá-las com valores, com princípios? Provavelmente seria mais stressante do que apaixonante e essa ideia foi ficando de lado.
Em relação a pediatria, percebi também a enorme responsabilidade que seria e o contacto com as crianças é pontual, não há uma relação estabelecida, não se acompanha o crescimento da forma que gostaria e por isso, também essa ideia foi ficando de lado, deixando de fazer tanto sentido.
Então cresci efectivamente e quando chegou a altura de escolher a minha profissão ponderei Enfermagem para fazer depois especialização em Obstetrícia e Pediatria e poder estar mais perto dos bebés, Fisioterapia para me focar também nos bebés e acabei por entrar em Cardiopneumologia. (Boing. Nada a ver!) Eu gostava de cuidar de pessoas e por isso, Cardiopneumologia estava bem. (Assim, tal e qual com esta leveza e motivação J) No final da Licenciatura fiz um estágio voluntário em Cardiologia Pediátrica e Ecocardiogramas Fetais e consegui assim vislumbrar uma forma de integrar os conhecimentos e competências adquiridos e para onde o meu coração sempre me levava. :)
Quando descobri as Doulas e a sua proximidade com a Gravidez e com os Bebés, o meu coração realmente disparou! E lembro-me perfeitamente do momento em que me inscrevi no Curso de Doulas que liguei ao G. a chorar a dizer que ia fazer. Que não sabia como, se ia conseguir pagar ou o que fosse, mas que tinha mesmo que fazer. (Até me arrepio quando me lembro ;))
Então hoje, no dia da Criança, eu escrevo este texto porque quero assinalar (de mim para mim) a importância do trabalho que faço. Eu hoje acompanho mulheres e casais antes de engravidarem e durante a gravidez e isso dá-me a grande oportunidade de educar estes pais para o vínculo com o seu filho. Este contacto dá-me a oportunidade de ser a voz desse bebé. Dá-me a oportunidade de mostrar aos pais que o respeito pelo seu filho, o seu amor e educação começam ali mesmo, na gravidez.
Quando em adolescente fiz voluntariado em casas de acolhimento temporário para crianças e ia com o propósito de dar colo, de brincar, de ser aquele corpo – aqueles braços, aqueles olhos, aquele sorriso – que traz alegria, atenção, vínculo àquela criança que naquele momento da sua vida não o tem, eu vinha de lá muitas vezes a pensar: “E então?” “Tu sais de lá e é tudo igual.” Porque eu não tinha contacto com os pais daquelas crianças. Com aquelas pessoas que por variadíssimas razões colocaram os seus filhos naquela situação. Assim, hoje, quando eu acompanho estes casais no momento mais precoce de ligação afectiva a estes filhos, e em que muitas vezes estão disponíveis para trabalharem as suas próprias feridas emocionais para não as passar aos outros, eu tenho oportunidade de os educar, de partilhar com eles o que eu sei e sinto e acredito. De partilhar com eles que os seus bebés já dentro da barriga e mal nascem têm sentimentos, emoções e necessidades. E eu posso ser esta lanterna que traz à consciência de muitos pais as necessidades dos seus filhos, desde logo! Educando sobre Parentalidade Positiva e Consciente!
Então, um bocadinho sem eu saber como, hoje em dia é aqui que eu estou. Com este trabalho missionário em mãos e no coração! Ser doula (e ser mãe) é o meu propósito de vida. E estar alinhada com ele traz-me tanta mas tanta felicidade!
Hoje, neste dia da criança, eu honro todos aqueles que têm como missão nesta vida, trabalhar com e para crianças, nutri-las, empoderá-las, cuidá-las, ensiná-las, orientá-las, ajudá-las e curá-las.
Lembremo-nos da sua Mestria, do seu encantamento, da sua simplicidade, da sua energia pura, do seu amor. Se olharmos para as crianças com estes olhos, tanta coisa do nosso dia a dia muda. Experimenta ;)
Sou muito, muito grata por este chamamento em mim que cada dia se torna mais claro e mais materializável. E sou muito grata aos meus sobrinhos que vierem encher o meu coração com tanto amor e sabedoria!
[fotografia de Maria Moleiro]




Quando soube que a Naoli Vinaver vem a Portugal fiquei tão entusiasmada!! Este ano está a ser um grande ano para o nosso país no que trata de Parto Humanizado! Primeiro veio a Bárbara Harper falar do Parto na Água, agora a Naoli. Yeaah!! 
Que estas mulheres inspiradoras, conhecedoras e desbravadoras de caminhos possam iluminar-nos para continuarmos o nosso trabalho de divulgação e IMPLEMENTAÇÃO do Parto Humanizado em Portugal :D

A Naoli vai estar cá em Julho e vai, durante a sua estadia, fazer Palestras (de entrada gratuita!) e Cursos para Mães, Mulheres, Doulas e Profissionais de Saúde.

Partilho esta informação para que todas as pessoas que se interessam e que actualmente lutam activamente pelo resgate do parto natural no nosso país possam beber desta sabedoria, resgatando também a sua sabedoria ancestral e divulgando este conhecimento no seu dia-a-dia. 
Não estamos a fazer menos do que mudar a Humanidade :D


Palestras com Naoli Vinaver
Dia 1 de Julho sexta-feira às 18h  "SEXUALIDADE, PARTO E VIDA" (entrada livre)

Dia 6 de Julho quarta-feira às 20.30h  "A ARTE E A CIÊNCIA DO PARTO PARA ESTUDANTES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE"(entrada livre)

Local: Auditório do polo Calouste Gulbenkian da ESEL. Av Professor Egas Moniz, junto ao hospital de Santa Maria

Formações com Naoli Vinaver
Valores, descontos e Condições de Pagamento

Curso "A Natureza da Vida" (2, 3, 4 e 5 Julho)
Valor: 460€

Curso "A Natureza do Nascer" (7, 8, 9, 10 Julho)
Valor: 480€ (profissionais de obstetrícia)

A Frequência dos dois cursos 
(possível para profissionais de saúde da área da obstetrícia)
Valor: 850€


Estes valores incluem a frequência do curso, coffee-breaks e almoço em todos os dias da formaçã

Nota Importante:
As Inscrições recebidas até dia 8 de Maio têm 20% de desconto.
Para sócios da Apeo existe 20% desconto até 6junho.
Entre o dia 9 de Maio e o dia 5 de Junho têm um desconto de 10%.
Depois do dia 6 de Junho não haverá outros descontos.

Condições de Pagamento
Contemplamos a possibilidade do pagamento ser faseado da seguinte forma:
30% no acto da inscrição + 30% até dia 10 de Junho + 40% no 1º dia do curso

Outras Informações
O número de vagas é limitado e as vagas são preenchidas por ordem de chegada da ficha de inscrição para o email:
naoliportugal2016@gmail.com com o respectivo comprovativo de transferência bancária.
Desistências após 10 de Junho não são reembolsáveis


Bom dia!
Hoje trago até ao UAU MAMÃ uma reflexão pessoal sobre pedagogia, mais especificamente sobre, Elogios feitos a uma criança. O que é Elogiar? Elogiar uma criança parece-vos algo bom com resultados positivos ou não?

Esta pergunta surgiu em mim a primeira vez que li sobre o assunto. Para mim, elogiar uma criança (ou qualquer pessoa!) é óptimo! Como pode não ser? Para mim, elogiar uma criança é um acto de amor. Dar ênfase ao que fez, mostrar reconhecimento e valorização. Não é?

Mas quantas vezes este reconhecimento não é "da boca para fora"? Quantas vezes o meu sobrinho me mostra um desenho que fez ou uma atitude que teve e eu respondo "ah boa!". A que estou eu a dizer "boa"? Quantas vezes digo "boa" sem me aperceber?

Li aqui e aqui sobre este assunto e comecei a ficar atenta! Ontem, por exemplo, num jantar de família em que o meu sobrinho com 4 anos estava, apercebi-me IMENSO disto. Com a maioria das coisas que faz ele diz "Olhem o que eu sei fazer!" Isto pode só mostrar que ele gosta de partilhar o que faz e as novas conquistas, e isso a meu ver é muito bom, mas quando este reconhecimento é o motor da acção? Isto é, ele faz o desenho porque ele quer, ou ele faz o desenho porque quer que os outros gostem?

Desde que me apercebi disto que dou mais foco ao que ele sente! Se ele me mostra que consegue saltar com os pés juntos, eu pergunto-lhe "Hmm, como te sentes agora que já consegues saltar com os pés juntos?" Lembro-o que a conquista é dele, e SÓ DELE. O protagonista é ele e o público também. 
Não importa se eu valorizo ou não, se eu gosto ou não. Importa o que ele sente quando faz aquilo!

O que vocês acham disto? Já tinham pensado alguma vez neste assunto? Tinham ideia que o elogio constante e "sem fundamento" é uma grande ajuda na criação de insegurança? :)
Como o senhor da rádio diz:"Vale a pena pensar nisto!"

Na contracapa pode ler-se "No âmbito da Pedagogia Waldorf, educar e ensinar significa promover o pleno desenvolvimento das capacidades latentes de cada ser humano, fazendo da criança uma pessoa apta a integrar-se no mundo com autoconfiança, consciência e criatividade."


Este Domingo fui a uma Feira em Lisboa com o Vermelho Morango e fui surpreendida com um presente. O G. encontrou este livro à venda e imediatamente trouxe para mim. O que senti foi mágico. Uma felicidade IMENSA por receber este conhecimento em forma de livro e gratidão por todos os dias escolher esta pessoa para partilhar a vida. Esta pessoa que sabe tão bem quem eu sou, o que me move, o que me interessa e o que me apaixona!

Acredito muito na atenção individualizada, na oferta de escolhas e na responsabilização da criança. Explicar o porquê e para quê e quais as alternativas que tem, quais as consequências das escolhas que toma. Vejo isso em mim sempre que estou com o meu sobrinho S. Adoro contribuir para o desenvolvimento das suas capacidades, da autonomia, da forma como percepciona o desafio e as suas dificuldades. Às vezes sinto-me uma "parábola" em que cada conversa que tenho com ele tem uma história moral por trás. Gosto mesmo disto. Acredito que todos somos seres divinos e que todos temos a capacidade de nos conectar-mos com a divindade em nós. E acredito que este processo pode acontecer desde cedo, em casa e na escola. Por isso, ainda que saiba muito muito pouco sobre pedagogia Waldorf identifico-me muito com esta forma de ensinar e potenciar o desenvolvimento das crianças.

Muito obrigada G. por me apoiares e contribuires no caminho que escolhi! Digo-te em tom de brincadeira que és muito esperto em munir-me destas capacidades! Que lindos pais vamos ser! :)

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