Estou há tanto (mas tanto) tempo para vos escrever sobre isto.

Não sei se para vocês isto é óbvio ou não mas, se há mulheres que sabem que querem ter uma doula, são as doulas. Por conhecermos o nosso trabalho, reconhecermos a nossa mais valia, os resultados das evidências científicas e por sabermos que merecemos este cuidado desde logo, somos as primeiras a querer ter uma doula para nos acompanhar quando é a nossa vez de ser "a" grávida.

Como já sabem, ou espero eu que sim, a Doula dá informação, apoio emocional e apoio físico durante a Pré-Concepção, Gravidez, Parto e Pós-Parto. No caso de sermos a Doula Grávida, a parte da informação podia ser a menos importante já que a nossa colega sabe tanto como nós. A questão é que não estamos grávidas sozinhas e os nossos companheiros, e pais dos nossos filhos, não têm assim tanta informação.

Bom, passando agora à minha experiência pessoal, vou contar-vos porque escolhi ter uma doula, quando começamos o acompanhamento e a grande mais valia que foi.

O meu acompanhamento com Doula começou na Pré-Concepção quando enviava mensagens à minha querida Luísa Condeço a dizer "Estou com atraso! Se calhar é desta!" ou "Afinal a menstruação veio. Já chorei." ou lhe ligava com voz trémula a dizer "A minha cunhada está grávida antes de mim e isso está a activar fortemente o meu medo de não conseguir engravidar." Para mim era claro que queria ter alguém ao meu lado que me desse o colo que precisava, que me ouvisse atentamente, que não me julgasse, mas também que me provocasse, me tocasse nas feridas de forma amorosa e me perguntasse "E o que sentes com isso, querida?"

Assim que engravidei contei-lhe e a Luísa foi das primeiras pessoas a saber (antes até dos nossos pais!). Eu sabia que seria ela a nossa doula e era fácil imaginá-la connosco no momento do parto, em casa, antes de irmos para o hospital. E mais ainda no Pós-Parto, tê-la "acampada" em nossa casa para nos mimar o dia todo. (Que doce cenário! ahah)

Bom, quando lhe disse tudo isto, ela sugeriu-me escolher uma Doula fisicamente mais perto de nós, que nos pudesse acompanhar de uma forma mais regular, presente e, em caso de "urgência", estivesse mesmo aqui ao lado. Aceitei a sugestão e comecei a procurar na minha lista mental os nomes de colegas com as quais sentia empatia, confiança, abertura e entrega, com a qual me imaginasse a parir e com a qual o Gonçalo se identificaria. A Márcia Sampaio surgiu assim mesmo.

Enviei-lhe mensagem a perguntar se estava livre na altura do parto, se estava interessada em acompanhar-nos e marcamos um encontro. Para mim era realmente importante que ela estivesse presente durante o nosso trabalho de parto em casa e que nos ajudasse (emocional e mentalmente) na preparação do parto.

O Gonçalo não estava tábua rasa neste assunto porque, ao longos dos anos, foi aprendendo muito com as minhas partilhas mas, ser o pai e ter agora este papel activo, tornava urgente uma preparação a sério. Para mim também era importante ser "apenas" a grávida, ouvir informação de alguém de fora e imaginar-me no parto sem estar no papel da profissional.

Sermos, enquanto casal e pais dos Vasco, questionados


A primeira vez que assisti a um parto tinha 20 anos e não tinha qualquer informação sobre o tema. Quando vi a parturiente deitada, com as pernas para cima e a fazer força para o bebé nascer, não questionei nada.

Mais tarde, quando soube que na posição de litotomia (deitada de costas com pernas elevadas nos estribos) a mulher e o bebé têm de fazer muito mais força para contrariar a gravidade, caiu-me a ficha.

Vi alguns vídeos sobre o tema e levantou-se a questão: “Porque colocam as mulheres nesta postura se não é fisiológico?”

Se formos pesquisar imagens antigas de mulheres a parir, vamos vê-las sempre em posições verticalizadas (joelhos, cócoras, em pé ou sentada).

As mulheres sabiam que a gravidade ajuda a descida do bebé. É uma lei física. É mais fácil um objecto cair do que rolar num plano horizontal. Porque com o bebé seria diferente?

O que mudou até aos nossos dias? Porque as mulheres deixaram de parir em pé? Porque passou a ser norma as mulheres estarem deitadas de costas?

Na posição deitada, para além do bebé ter de fazer o caminho na horizontal em vez de aproveitar a gravidade para encaixar e ir descendo, ainda tem de subir ligeiramente uma vez que o osso do cóccix da mãe está imobilizado. Para a mãe, há mais dor, as contracções uterinas não são tão eficientes, tem de fazer mais força e o risco de laceração do períneo é muito maior. Para além disto, o peso que o útero exerce nos principais vasos sanguíneos da mãe (aorta e veia cava) diminui o fluxo de sangue e oxigénio para o bebé.

Janet Balaskas criou o conceito de “Parto ativo” onde dá poder e responsabilidade às mães para assumirem a postura corporal que mais benefícios tiver em cada fase do trabalho de parto (dilatação do cólo do útero e expulsivo).

Assim, vamos ver 10 razões escolheres uma postura verticalizada (joelhos, cócoras, em pé ou sentada) e movimento corporal durante o parto:

  1. Gravidade – a gravidade coopera com as contracções uterinas e o esforço expulsivo.
  2. Ângulo de incidência do útero – quando o útero está verticalizado ou até inclinado para a frente contrai com menos resistência do que quando está horizontalizado. Isto causa menos dor e consequentemente menos necessidade de analgesia.
  3. Cabeça do bebé no cólo do útero – durante cada contracção uterina o feto tem tendência para se afundar na pélvis materna, aumentando a dilatação do cólo do útero
  4. Melhor circulação sanguínea placentária e oxigenação para o bebé – não há compressão dos principais vasos sanguíneos (aorta e veia cava) da mãe pelo peso do útero
  5. Menor compressão sobre nervos pélvicos e sacro – menos dor
  6. Aumento da área interior da pélvis – mais facilidade para o bebé encaixar e passar. Durante a gravidez há aumento da flexibilidade das articulações o que permite flexibilidade pélvica e sacrococcígea e aumento da área interna até 30% (em posição de cócoras)
  7. Menor pressão directa sobre o pescoço do bebé – melhor controlo da cabeça imediatamente após o nascimento, o que facilita a amamentação (pelo “reflexo de sucção”) e acentua o desenvolvimento motor
  8. Facilita a dequitação espontânea da placenta e reduz o risco de hemorragia
  9.  Menor risco de infecção – líquidos são drenados e há menos retenção de sangue
  10.  Menor risco de laceração e episiotomia – tecidos perineais podem expandir-se livremente e adaptar-se à cabeça do bebé


As razões são lógicas e mais do que suficientes. A menos que haja alguma indicação médica para o contrário, a mulher deve escolher a posição que lhe traz mais conforto e manter-se ativa e protagonista do seu parto.

As novas directrizes da OMS (2018) também sugerem a liberdade de movimento da mulher durante o parto. Por isto, informa-te das tuas escolhas, dos benefícios e, no momento do parto, mantém-te atenta ao teu corpo, ao que ele te pede e assume o comando da tua própria experiência.

adaptado do livro “Parto Ativo”, Janet Balaskas


Ao contrário do último post que escrevi, em que partilhei convosco os "essenciais" que pouco ou nada usei, neste post vou dizer-vos os que foram e ainda são realmente fundamentais para nós e porque o são.

Eleger os "10 essenciais mais essenciais" não foi tarefa fácil porque há realmente itens que são importantes no dia-a-dia com um recém-nascido e outros que, não sendo à partida tão importantes assim, nos conferem um conforto ou facilidade que, rapidamente, se tornam imprescindíveis na nossa rotina.

Bom, passando então a minha lista temos:

1. Ninho - o ninho (ou o redutor do berço) foi feito por mim e estava na minha lista de importantes. O que me levava a querer ter um para usar com o Vasco era o facto de manter o bebé mais aconchegado e com limites espaciais mais curtos. O que eu não sabia é que iria usar até ao dia de hoje (4 meses) para o Vasco dormir! Para além de ter sido essencial nos primeiros 3 meses em que o Vasco dormiu na nossa cama e o ninho serviu de separação entre ele e nós, ainda usamos para tornar o berço mais confortável. (Sei que há informação que desaconselha o uso destes ninhos por colocar a segurança do bebé em risco. Leiam e informem-se sobre isso antes de escolherem usar ou não.)

2. Pano porta-bebés - este sempre esteve na lista dos muito importantes. Usei-o todos os dias nos primeiros 3 meses (quer para passeio quer para fazer pele-com-pele e garantir sestas reparadoras) e uso-o agora para o adormecer e para passear. (Se ainda não conheces as vantagens de Babywearing, pesquisa e informa-te sobre o assunto).

3. Discos de amamentação - comprei-os um bocadinho porque "tinha de ser" mas tornaram-se uns excelentes aliados. Como não uso soutien, uso os discos enquanto estou a amamentar para não molhar a roupa com leite que vai pingando da maminha contrária. Comprei logo discos reutilizáveis e apenas uso desses. (Acho mesmo um grande desperdício usar discos descartáveis).

4. Camisas de noite de amamentação (várias) - FUNDAMENTAL por várias razões: para não apanhar frio durante a noite, para não ter de despertar muito para abrir botões e depois fechá-los, porque vão ficar sujas de leite muitas vezes e precisam de ser lavadas com muita frequência e porque durante a amamentação a temperatura corporal é mais alta e não aguento pijamas com calças. Antes do Vasco nascer tinha apenas 2 e emprestadas e já arranjei mais 2. Senti mesmo necessidade de ter e dou-lhes bastante uso.

5. Roupão ou camisola para dormir - eu sempre amamentei na cama, sentada ou deitada. E, no início, enquanto amamentava, apanhava frio no peito e/ou nas costas. Comecei a levar o roupão (que tem fecho à frente) para o meu lado e visto-o logo, assim que acordo, antes de dar maminha.


6. Luz de presença - Nos primeiros meses, até ganhar confiança e segurança para ter a luz apagada, precisava de ter uma luz de presença para, facilmente, ver a cara do Vasco. Ainda que ele dormisse ao meu lado, na mesma cama que eu, coladinho a mim, eu precisava de ver a carinha dele e confirmar que não tinha lençóis a tapar as vias aéreas, que os olhos estavam mesmo fechados e ele mesmo a dormir, ou que não estava engasgado ou a bolsar. (esta é daquelas coisas que só quando somos mães percebemos. este, aparente, "excesso de zelo" mas que existe e faz parte!)


7. Saco-cama de bebé - Não fazia ideia que era necessário mas tem sido fundamental. Principalmente para nós, que vivemos em Sintra e numa casa fria, tem sido mesmo importante. É um descanso saber que, mesmo que se destape, tem sempre aquela protecção quentinha. Não gosto de usar edredons com ele e, por isso, uso 2 mantas por cima do saco-cama.


8. Hidratante corporal para mim - Com a amamentação e com a menor ingestão de água que tenho feito, a minha pele está mesmo mesmo seca. É importantíssimo ter um bom hidratante corporal e ter tempo para o colocar no corpo.


9. Mala de maternidade - É daqueles itens que nos acompanha todos os dias. E mais, no meu caso, a mala de maternidade tornou-se na minha mala de sair. Escolhi uma com qualidade, prática e leve, onde possa colocar tudo o que preciso para sair de casa com o Vasco (fraldas, mudas de roupa, pano, gorro, boletim de saúde, etc.).


10. Espreguiçadeira - Esta é daqueles coisas que "sobrevivemos" sem ter mas, ajuda muito no dia-a-dia. Quando tomo banho, quando vou à casa de banho, enquanto cozinho, etc. Leva-se para todo o lado, cabe em todo o lado, mantemo-nos perto um do outro e vemo-nos um ao outro!

E cá está! Se há coisas que podem ser demais, há outras que são mesmo fundamentais. Claro que nesta lista não coloquei coisas como: banheira, cadeira auto, carrinho, roupa, etc porque isso já sabemos. Com esta minha lista pessoal quero mesmo mostrar-vos coisas que podem não se lembrar logo e que podem não aparecer nas típicas listas de maternidade mas que dão mesmo muito jeito no pós-parto e na maternidade.

 

 

 


Antes de um bebé nascer e, muito provavelmente associado ao síndrome da preparação do ninho, achamos que temos de ter tudo e mais alguma coisa para todas as necessidades que vão surgir. Corremos sites com listas prontas, compramos tudo e fazemos um "check" aliviado.
Bom, eu também fiz essa lista e partilhei aqui convosco. Algumas coisas que me foram oferecidas ou emprestadas e que aceitei, só agora, depois da experiência, vos posso dizer se foram e são importantes ou não.

Tenho notado que há algumas coisas que achei que iria usar muito e não estou a usar nada e outras, que achei que quase não usaria, estão a dar imenso jeito (este fica para um próximo post).

Hoje escrevo-vos então os "Essenciais" que não têm sido tão essenciais assim, para mim:

- Almofada de  Amamentação - a nossa foi comprada no Aldi, numa oportunidade que achei valer a pena. A verdade é que é tão grande que não dá jeito . Para além disso, habituei-me, erradamente, a amamentar sem apoi nenhum e não sinto falta de uma almofada específica. Às vezes, se preciso de apoio, coloco uma almofada normal dobrada ao meio para ficar mais alta e já está.

- Soutiens de Amamentação - comprei apenas dois e bastante simples porque não tinha a certeza se os usaria ou não. Não costumo usar soutiens no meu dia a dia mas, com a amamentação e nesta fase, não sabia se iria precisar. A verdade é que não uso. Prefiro muito mais ter mais tops de algodão e usar por baixo das camisolas/camisas do que usar o soutien. Sinto as mamas muito presas com o soutien e não gosto dessa sensação. É certo que o meu peito é pequeno e não sinto qualquer desconforto com o peso das mamas. Talvez por isso, também, não sinta necessidade nenhuma do soutien.


- Conchas de Amamentação - Nos primeiros dias senti muita necessidade das conchas. Os mamilos estavam tão sensíveis que era um grande alívio saber que tecido nenhum iria tocar essa zona. No entanto, as conchas, comigo, trouxeram-me um início de engurgitamento mamário e não demorou nada a colocá-las de lado. Ainda bem que me foram emprestadas porque teria sido dinheiro muito mal empregue.


- Purelan (Lanolina) - No primeiro dia em casa fomos a correr à farmácia porque eu "precisava" de Lanolina para os mamilos. Levei apenas uma amostra para a maternidade e quando acabou senti que tinha de ter. No entanto, percebi que com o meu leite a sensação era muito mais agradável do que ficar com o mamilo, mesmo que fosse pouco tempo, húmido pela pomada. Assim, deixei de usar também nos primeiros 3 ou 4 dias. 


- Alcofa de verga - Esta eu já estava à espera que fosse mais "fetiche e mimoquice" do que necessidade. Foi a alcofa do meu marido e cunhada e por isso, para além da questão estética de ver o meu recém-nascido numa alcofinha de verga, tinha (e tem) muito valor sentimental. Nas primeiras semanas usamos muito na sala com o ninho lá dentro e na casa de banho também. Mas apenas isso. Se não a tivéssemos teríamos deitado o Vasco, dentro do ninho, directamente no sofá ou com uma mantinha mais grossa no chão da casa de banho.

- Bodys interiores de manga curta - Como o Vasco nasceu a meio de Outubro, não usei nenhum body com manga curta, apenas manga comprida. Mas isto depende inteiramente da estação do ano em que cada bebé nasce, claro.

- Toalhas de banho - As toalhas que temos foram todas oferecidas e, juntamos umas 5. É verdade que as toalhas de bebé com capuz são muito úteis mas, no nosso caso, 5 é um exagero. Usamos normalmente 2. Enquanto uma está a lavar, está a outra a uso. E é suficiente.

Como vêm, ter uma lista inicial já bem filtrada faz com que não haja grande desperdício no final. A maioria das coisas que achei pouco relevantes têm a ver com a amamentação e com a minha dinâmica.

Esta é apenas a minha experiência e esta partilha serve para vos lembrar que, antes de termos um bebé, somos levadas a crer que há um sem número de itens "essenciais" e que isso não tem de ser verdade para todas nós.

No próximo post conto-vos os "Essenciais" que têm sido mesmo essenciais. (Alguns que eu já adivinhava que seriam, outros nem por isso!)

imagem retirada de
https://www.babycenter.com/0_baby-products-must-haves-for-the-first-year_59.bc

 


10 coisas que fiz para me preparar para o Parto

No final da gravidez e com a aproximação do parto, ia pensando naquilo que estava a fazer para me preparar para o grande momento e que queria partilhar convosco. Às tantas dei conta que estava a recorrer a quase tudo o que sabia e, garantidamente, a tudo aquilo que me fazia sentido. Reuni aqui, em 10 tópicos, aquilo que fiz e que considero que contribuiu directamente para o Parto maravilhoso que vivemos: (quero só, antes de continuar, deixar bem claro que esta foi a nossa experiência e que seria exactamente como tinha de ser!)
1. Ser Doula e acompanhar Partos
Claro que ser Doula é o mais importante. A informação que tenho, o trabalho emocional que tenho feito, o empoderamento e a serenidade que tudo isso me dá, contribuiu claramente para esta experiência. Para além disso, ter acompanhado partos (a maioria fisiológicos/naturais) fez-me desconstruir a ideia que a maioria de nós (sociedade) tem que o parto é sempre medicalizado e intervencionado, doloroso e traumático. Acompanhar partos domiciliares é, sem dúvida, um grande privilégio e foi/é uma grande escola.
2. Kundalini Yoga
As ferramentas que o Kundalini Yoga me deu/ensinou ao longo destes 4 anos de prática e, mais recentemente, como Professora, foram tudo aquilo que precisei para viver esta experiência. Sem esta prática regular não sei como teria sido. O facto de ter respirado conscientemente em cada contracção e ter vivido uma contracção de cada vez, de ter ouvido o meu corpo e respeitado os movimentos que este quis fazer, de manter a mente focada e ao meu serviço em vez de atrapalhar, de me conectar com o meu bebé, de suportar o desconforto e ir para além dele...tudo isto é Kundalini Yoga. Agora, sem sombra de dúvidas te digo, queres preparar-te para o Parto? Então pratica Kundalini Yoga.
3. Conectar-me com o meu bebé
O parto é uma experiência desafiante porque nos leva aos nossos limites - físicos, mentais e emocionais. Estabelecer uma relação com o bebé e trabalhar esse vínculo desde cedo ajuda muito a suportar e viver esta experiência desafiante. Saber que o parto é um trabalho de equipa e sentirmo-nos ligadas emocionalmente ao nosso bebé, ajuda-nos a manter o foco e fazer a nossa parte do trabalho o melhor possível.
4. Preparação Pré-Natal com o Gonçalo
Para mim sempre foi muito importante que o Gonçalo se preparasse para o parto e tivesse informação. Queria como acompanhante de parto alguém que estivesse dentro do assunto, me empoderasse e ajudasse física e emocionalmente mas também alguém capaz de defender os meus direitos caso eu não estivesse em condições para tal. Não queria que ele fosse ingénuo para um momento destes e muito menos fosse fonte de tensão, stress ou adrenalina "gratuita". Como ficou desde logo decidido que iríamos optar por um parto hospitalar, sempre foi meu desejo ficar em casa o máximo de tempo possível. E para isso era necessário que o Gonçalo conhecesse o processo e a fisiologia do parto, conhecesse técnicas não farmacológicas de alívio de dor e se preparasse (da forma como achasse melhor) para me ver desconfortável e assistir à viagem emocional que um parto causa ou pode causar. Esta preparação foi sendo feita ao longo do tempo, de forma gradual e partindo do ponto mais importante: haver vontade e disponibilidade da parte dele para isso.
5. Ter uma doula
Este ponto foi fundamental! Pelas 20 semanas decidi quem seria a nossa Doula e partilhamos o que queríamos - ficar em casa o máximo tempo possível e acompanhamento no hospital se houvesse essa possibilidade. O pack de "Parto" que escolhemos incluía 3 encontros de Preparação para o Parto, Acompanhamento durante o Parto e 2 encontros no Pós-Parto. Nesses encontros eu pude ser "apenas" a grávida e distanciar-me um bocadinho do meu lado profissional. Podemos, acima de tudo, dar espaço ao Gonçalo para obter informação de alguém imparcial, colocar dúvidas e falarmos abertamente sobre as nossas expectativas, vontades, medos e receios. Durante trabalho de Parto ter a Márcia connosco fez com que nos sentíssemos seguros, fisica e emocionalmente apoiados e sua presença foi fundamental para conseguir aguentar-me em casa tanto tempo.
6. Ler livros e absorver tudo
A leitura sobre esta temática não veio só nesta altura, naturalmente. Mas, houve dois livros muito especiais durante a gravidez que me prepararam para a experiência de Parto: 1. "Parto Ativo" da Janet Balaskas e 2. "Bountiful, Beautiful, Blissful: Experience the Natural Power of Pregnancy and Birth with Kundalini Yoga and Meditation" da Gurmukh Kaur Khalsa. O primeiro ajudou-me a integrar informação que já trazia e a ganhar um papel mais activo, determinado e assertivo na escolha das posições corporais durante o parto. Se não fosse este livro se calhar não teria escolhido parir de cócoras (E que bom que foi). O segundo ajudou-me a trabalhar a mente e o espírito numa entrega sentida. Sabendo que estava a dar o meu melhor, preparei-me para o que fosse, aceitando realmente, que o que acontecesse seria o melhor para mim (nós).
7. Caminhadas regulares na praia
Quem me acompanhou na gravidez viu bem como aproveitei o Verão e a praia até à última. Caminhar na praia, na areia da praia, ajuda ao encaixe do bebé e na abertura pélvica. Nas últimas semanas fiz várias pela praia e nos últimos dias fiz pela aldeia onde moro. 30/40 minutos diários.
8. Mentalização e Projecção da experiência
Acredito no poder da atracção e na força criativa da nossa mente, por isso, sempre que imaginava o parto, imaginava a melhor versão que conseguia. Quando falava com o Vasco e lhe explicava como seria o parto vaginal, descrevia sensações, timmings, espaços. Tudo o mais detalhado possível. E sentia mesmo o que estava a dizer. Também lhe expliquei que podia ser cesariana, se fosse necessário, e como seria esse processo. Mas foquei-me essencialmente naquilo que desejava.
9. Deixar de trabalhar semanas antes do parto
Pode parecer irrelevante mas há livros que referem a importância de não trabalhar nas semanas anteriores ao parto (6 semanas +-) para uma optimização na produção hormonal. No final da gravidez comecei a sentir uma vontade notória de me isolar, de introspecção, de preparação da casa, do quarto, das roupinhas dele. Tudo isso, todo esse tempo e espaço criado, permitiu um relaxamento natural e gradual do meu corpo e mente. Abrir espaço para o bebé vir, descansar o corpo, dormir sestas, aproveitar para fazer apenas o que me dava prazer e causava bem-estar.
10. Homeopatia, Terapia Sacro-craneana, Chá de Framboeseiro e Tâmaras
Poucas semanas antes do parto fiz a última consulta de Naturopatia, o último tratamento de terapia sacro-craneana, trouxe os homeopáticos que faziam sentido para mim (para preparação dos tecidos, libertação de medos, etc), fui comprar Folhas de Framboeseiro para preparar o útero e comecei a comer 1 tâmara por dia (há um novo estudo que relaciona isto com o trabalho de parto, sabiam? pelo sim, pelo não, mais vale tentar :)). Conclusão: Estas foram 10 coisas que fiz, conscientemente, na minha preparação para o parto e que sinto que tiveram um efeito positivo na nossa experiência. Podia ter corrido tudo ao lado? Podia. Tudo o que fiz foi acreditando que iria contribuir para o parto, para uma melhor e mais suave experiência. E assim foi. Não significa que são essenciais, que são milagrosos nem que, mesmo fazendo tudo isto, escaparia a outra experiência se assim tivesse de ser. Esta partilha serve apenas para vos inspirar, mostrar algumas alternativas à "típica" preparação para o parto e dizer-vos que vale a pena sermos participantes activas nesta preparação.

O que trago hoje ao blog é esta questão:
O que pode atrasar o início espontâneo de trabalho de parto (holisticamente falando)?
Vivemos a gravidez, começamos a pensar no parto, chegamos à recta final e ouvimos que o bebé está cefálico (cabeça para baixo), encaixado, boa posição e resta-nos esperar pelo grande momento. As 40 semanas aproximam-se e ultrapassamos esse, tão marcante, dia. O corpo está pronto para parir mas parece que nada acontece.
Que factores podem estar a atrasar o trabalho de parto?
Como já escrevi em vários posts, como Dr. Michel Odent diz, é fundamental que a mulher tenha as necessidades básicas supridas para que altos níveis de oxitocina comecem a ser produzidos e o trabalho de parto tenha início espontaneamente.
Sendo assim vale a pena olhar para estas 5 necessidades:
- fome/sede
- luz
- linguagem
- privacidade
- segurança
Se as primeiras três estão muito relacionadas com o momento do parto em si, as últimas duas são essenciais para o início natural e progressão do parto.
- Como está o ambiente familiar?
- Como está a situação financeira?
- É pacífico para ti imaginar-te nua em frente à equipa de saúde?
- Tens histórias/traumas de abusos físicos e/ou sexuais?
- Como é a tua relação com os teus pais e sogros e como imaginas que vão agir no teu pós-parto? Serão invasivos?
- Como lidas com procedimentos médicos? Agulhas, soro, toque vaginal?
- Tens medo que a tua privacidade não seja respeitada? Ou tens medo de ficar sozinha no hospital?
- Qual é a tua noção de segurança e do que precisas para te sentir segura?
Por vezes podemos focar-nos tanto no corpo físico e no processo fisiológico do parto que nos esquecemos de olhar de uma forma mais integrada e holística.
Não nos podemos esquecer que somos mamíferas e temos instintos de protecção e de sobrevivência. Por mais que nos preparemos fisicamente, se a nossa segurança não estiver garantida, dificilmente entramos em trabalho de parto de forma espontânea. O mais provável é mesmo que vamos, inconscientemente, adiando o parto sem saber.
p.s. Nesta partilha concentrei-me apenas em questões directamente relacionadas com a segurança. Existem várias questões que podem estar por trás de uma gravidez que chega às 41/42 semanas.
[imagem retirada de https://www.motherandbaby.co.uk/pregnancy-and-birth/pregnancy/pregnancy-week-by-week/40-weeks-pregnant]

Faz hoje 1 ano que engravidamos e vou contar-vos um bocadinho mais da nossa história da Pré-Concepção e Concepção. (Não se preocupem que não vou entrar em detalhes íntimos!)
Ao fim de 4 ciclos menstruais sem engravidar comecei a sentir medo de que algo não estivesse fisicamente bem connosco. Por muito que negasse, esse medo existia e estava a tornar-se cada vez mais forte. Quando me perguntaram se queria ir ao médico confirmar que estava tudo bem, achei melhor clarificar de uma vez e relaxar perante isso do que alimentar o medo e deixar que me consumisse.
Fomos viajar no final de Janeiro e fiquei com consulta agendada para dia 31. Na altura que marquei nem olhei para o ciclo menstrual e só quando estava a ir para a clínica me lembrei de que estava para breve a ovulação. Isso era perfeito porque, como o médico costumava fazer ecografia na consulta, podia confirmar se ovulava ou não por aqueles dias. Estava no dia 17 do ciclo e tinha dois óvulos grandalhões num ovário e outro noutro prontos a sair. Fiquei com a confirmação não só que estava mesmo prestes a ovular como também soube que fertilidade era coisa que não faltava.
Fiquei tão contente com esta informação que vim para casa, lembro-me bem, a chorar de emoção, a agradecer ao meu corpo ser tão perfeito e a pedir-lhe desculpas por ter duvidado dele. A lua estava cheia, enorme e eu a sentir-me tão fértil! Falei com o meu filho e agradeci-lhe também a vontade dele em vir. Agradeci antecipadamente ele escolher-me como sua mãe. Disse-lhe que estava pronta e que era mesmo quando ele quisesse. Da minha parte estava tudo disponível para o receber.
Cheguei a casa e disse ao meu marido. Eu estava tão contente e a sentir-me tão bem que acho que ainda me apaixonei mais por ele naquela noite. A possibilidade real de engravidarmos naqueles dias existia e, para mim, só isso já valia tanto.
O Gonçalo tinha dado uma queda durante a nossa viagem e estava muito queixoso. Mal se conseguia mexer sem sentir dor. Lembro-me de olhar para ele e pensar "Ok, não vai ser neste ciclo, fica para o próximo." O mais importante para mim, naquele momento, era saber que estava tudo bem comigo e confirmar a ovulação. A concepção podia esperar e não era meu desejo que o nosso filho fosse concebido num momento de puro "check".
Lembro-me que nessa noite estava enamorada por mim mesma com aquela sensação fresquinha de fertilidade e de prosperidade (afinal era mais do que um óvulo!). O preparar-me para dormir foi todo um ritual de auto-cuidado, de vaidade e amor-próprio, mesmo. Lembro-me que ainda espreitei o Gonçalo que estava na sala enrolado em mantas e tão desconfortável e pensei "Será que vale a pena insistir?" mas não quis que fosse forçado. Desejei-lhe boa noite e fui deitar-me.
Bom, a verdade é que o nosso filho Vasco foi concebido por esses dias, com o efeito da Lua Cheia e com a minha sensação de fertilidade e abundância. Depois do teste positivo, no dia 18 de Fevereiro, foi esperarmos até à consulta de confirmação de gravidez para saber se era só um, dois ou três. Ahah.

Depois de um pausa maior do que o expectável, volto com a Rubrica "A história da minha Gravidez e Parto". Quero tornar esta partilha regular e aproximar cada vez mais mães e mulheres. A gravidez e o parto são vivências realmente marcantes nas nossas vidas e é um grande privilégio contar com a disponibilidade e vontade destas mães para partilharem as suas histórias tão íntimas. Comecei a seguir a Joana, do Fox&June, de uma forma pouco comprometida pela altura em que casou. Depois, quando soube que estava grávida mantive-me mais atenta e quando o Sebastião nasceu passei a acompanhá-la mesmo! O ano passado tive a oportunidade de a conhecer pessoalmente e foi daquelas pessoas com quem senti logo, imediatamente, empatia. Finalmente partilho convosco as suas respostas às minhas questões, neste regresso da rubrica "A história da minha Gravidez e Parto". Vejam o que a Joana nos conta sobre como viveu a Gravidez do Sebastião e como se desenrolou o parto. [dt_gap height="10" /] [dt_gap height="10" /] -A tua gravidez foi planeada? Como te preparaste para a Concepção?
Sim. Decidimos que era o momento certo para avançar. Estávamos os dois estáveis profissionalmente. A nossa relação estava bastante forte e era um desejo de ambos. Até porque não queremos ter apenas um filho e não gostamos da ideia de ser pais com uma idade avançada. Marquei consulta no meu ginecologista, que me segue há imensos anos, fiz análises para perceber se estava tudo bem e comecei com alguns suplementos vitamínicos. Depois, foi uma questão de aproveitar a parte divertida :)[dt_gap height="10" /]
- Como reagiste quando soubeste que estavas Grávida? A quem contaste?
Na verdade demorei cinco meses a engravidar e tive uma ameaça no mês anterior a descobrir que estava grávida pelo que fui fazer análises de rotina (tenho hipertiroidismo) e percebi que o meu médico me tinha passado também o teste de gravidez, para aproveitar a colheita de sangue. Estava uns dias atrasada, mas como no mês anterior tinha sido falso alarme não liguei muito. Na noite anterior tinha combinado com o meu marido que nesse dia íamos marcar a próxima viagem. Quando, duas horas depois, vi o resultado, liguei-lhe logo e disse que afinal o Japão teria de ficar para depois.[dt_gap height="10" /]
- Contaste logo ou resolveste esperar? 
Contámos nos dias seguintes à família e amigos mais próximos. As pessoas mais afastadas foram sabendo naturalmente, não fizemos disso uma grande questão. Sempre tive na ideia que mesmo que corresse mal, preferia que certas pessoas soubessem, para poder ter algum apoio da parte delas. [dt_gap height="10" /]
- Como viveste a tua gravidez? 
De forma um bocadinho atribulada, confesso. Tive alguns problemas no trabalho, que me causavam um stress enorme. Aos cinco meses descobrimos que o bebé não estava a crescer o que seria suposto, estava num percentil muito baixinho, e a partir daí fui sempre muito mais vigiada. [dt_gap height="10" /]
- O que sentes que a gravidez te trouxe? Alguma oportunidade especial?
A gravidez em si, não. O facto de ser mãe, sem dúvida. Tive oportunidade de iniciar o projecto Mães.pt em conjunto com outras mães, tive alguns posts publicados no A Mãe é que Sabe, que me deram muito gozo escrever e perceber o impacto nas outras pessoas.[dt_gap height="10" /]
- Como te sentiste enquanto estavas grávida?
Não adorei estar grávida , confesso. Sempre fui muito cuidadosa com o meu corpo e apesar de perceber perfeitamente que estava a fazer crescer uma nova pessoa dentro de mim, as mudanças foram difíceis de aceitar. Não conseguir vestir as minhas roupas, estar limitada apenas a dois pares de calças, fez-me alguma confusão. Mas agora percebo que estava apenas a ser mesquinha e com medos sem fundamento. Na próximo com certeza será diferente.[dt_gap height="10" /]
- Fizeste alguma preparação para o parto? Fala um bocadinho sobre isso.
Sim. A todos os níveis! Fiz o curso de preparação no Centro Pré e Pós Parto, que desde já recomendo imenso. Li imenso. Pesquisei ainda mais e falei com o meu médico sem medo, sobre o que gostava para aquele momento.[dt_gap height="10" /]
- Que conselho podes dar a outras mulheres grávidas sobre a preparação para o parto?
Esse mesmo. Por mais estranho que pareça ter de dizer ao nosso médico que queremos contacto pele a pele assim que o nosso bebé nasça, porque pensamos que eles têm isso como garantido, não têm. Falem sobre isso. Façam uma lista das condições ideias. Visualizem o momento. Falem também, se tiverem oportunidade, com outras mães que tenham tido os bebés no sítio onde vão ter, há sempre óptimas dicas para partilhar. E visitem a maternidade também. Se no dia D já é tudo tão novo, ao menos já ficam a conhecer o sítio e isso é menos um factor de stress.[dt_gap height="10" /]
- Como te sentiste com o teu parto? Foi o que tinhas idealizado? Se não, queres partilhar um pouco sobre o que correu menos bem?
Posso dizer que o meu parto foi muito melhor do que estava à espera. Apesar de ter sido pré-termo, às 37 semanas e de ter percebido que estava cheia de contrações num CTG de rotina (porque pensava que era normal no final da gravidez visto que não causavam dor) foi tudo muito tranquilo. O meu médico internou-me logo. Mandou-me caminhar imenso e mexer-me imenso para acelerar. O que sempre lhe pedi foi que fosse tudo o mais natural possível. E quase quase consegui. A bolsa rebentou naturalmente, mas ao fim de 14 horas sem grandes progressos na dilatação lá cedi à oxitocina. Ao fim de 4 horas estava na sala de partos. Com música clássica, o meu médico a dizer que íamos trabalhar em equipa. E assim foi. Vinte minutos e o Sebastião nascia. Pequenino, mas cheio de força.[dt_gap height="10" /]
- Tens alguma visão sobre o Parto em Portugal? Há alguma coisa que consideres que pode mudar ou ser melhorada?
Acho que há tantas, demasiadas coisas que ainda têm de mudar. Eu tive a sorte de ser seguida por alguém em que confio e que respeitou tudo o que pedi. Estar num hospital privado também ajudou ao ambiente. Tudo mais calmo, sem pressa. Com óptimas condições. Sei de histórias felizes nos hospitais públicos, mas também de outras macabras. Histórias onde não se respeita a mulher ou o casal. Tudo a correr e sem nexo nenhum. Condições deploráveis. Infelizmente as más histórias continuam a ser muito mais frequentes.
[dt_gap height="10" /]
[dt_gap height="10" /]
Muito grata Joana, pela tua partilha! E com as mudanças boas que estás a fazer na tua vida tenho a certeza que as próximas gravidezes serão bem diferentes.

As nossas canções de embalar são mantras

Faço muitas vezes vídeos no Instagram com músicas de fundo e são várias as pessoas que me escrevem a perguntar o nome da música e da cantora e a pedir para partilhar a nossa "playlist". Chegou o dia! Desde sempre (in útero falando) que o Vasco ouve mantras. Se não era nas aulas de Kundalini Yoga que dava e que fazia ou nas meditações matinais, era no carro ou em casa (porque ouço-os e canto-os em todo o lado). Aliás, durante o parto pusemos a tocar um mantra específico ligado à maternidade. Por isso, até a entrada dele neste mundo foi com um mantra de fundo. Faz-me sentido começar por explicar o que é um Mantra.

"O mantra é uma projecção mental criada de maneira falada ou mental. Um mantra pode ser uma palavra, frase, sílaba ou som. Eles podem ser recitados, cantados ou repetidos em silêncio na mente.

Shakta Khalsa, no seu livro de Kundalini Yoga, descreve o mantra como "uma técnica para regular a mente. Existem muitos mantras, cada um com sua própria qualidade, ritmo e efeito ... Todo o pensamento ou sentimento que temos tem uma vibração. Usando mantras nós direccionamos a mente para uma frequência vibratória elevada. "

[retirado e adaptado de https://www.spiritvoyage.com/mantrahome.aspx]

Mantras que usei durante a Gravidez

  • Rakhe Rakhan Har 
  • Adi Shakti
  • Poota Maata
  • Ajai Alai
  • Sat Nam Wahe Guru
  • Guru Ram Dass
  • Wahe Guru Wahe Jio
  • Ang Sang Wahe Guru
  • Long Time Sun - cantava todas as noites antes de dormirmos para ele saber que tinha chegado a noite e desejar-lhe bons sonhos

Mantras que uso agora (comecei a cantá-los espontaneamente em cada uma destas situações e "habituei-me" a eles)

  • Rakhe Rakhan Har - porque foi o mais ouvido durante a Gravidez
  • Ong Namo Guru Dev Namo - canto-o de manhã para nos sintonizarmos e no carro quando o Vasco começa a chorar por estar no ovinho
  • Ad Guray Nameh - para aumentar a nossa protecção - seja em ambientes fechados, tabaco, espirros e tosse ou quando me sinto tensa ou irritada e quero transmutar essa energia e aumentar a radiância
  • Wahe Guru - comecei a cantá-lo quando ele foi vacinado e durante o teste do pezinho - para o manter calmo, seguro e tornar o procedimento o mais indolor possível
  • Ra Ma Da Sa - quando tem dorzinhas, porque é um mantra de cura e à noite, para dormir.
  • Long Time Sun - para introduzir a noite e desejar-lhe bons sonhos
Deixo-vos também a minha lista de Músicos preferida e mais ouvida:
  • Snatam Kaur
  • Ajeet Kaur
  • Nirinjan Kaur
  • Mirabai Ceiba
  • Sirgun Kaur
  • Jai-Jagdeesh
  • Guruganesha Band
  • Gurunam Singh
  • BenJAHmin
  • Alexia Chellun
  • Tera Naam
Há muitas versões disponíveis no Youtube, no Spirit Voyage e no Spotify. É só procurarem e deliciarem-se!

Os 5 passos para activar o reflexo calmante nos bebés - Dr. Harvey Karp

A minha grande motivação para ser doula foram os bebés e, como tal, o primeiro livro que li durante a formação de Doulas foi "O bebé mais feliz do mundo", escrito pelo Dr. Harvey Karp. Fiquei de tal maneira apaixonada pelo conteúdo que, assim que pude, comprei-o e é hoje uma grande referência para mim no que toca a cuidados aos bebés. Estava curiosa por ter o Vasco nos braços e poder experimentar algumas das técnicas que ele sugere para acalmar os recém-nascidos, mais especificamente, activar o reflexo calmante nos bebés. Bom, de uma forma resumida e para contextualizar:
  • Dr. Harvey Karp desmistifica as famosas "cólicas" explicando que a maioria das vezes que atribuímos as cólicas como causa do choro dos bebés não é verdade
  • Fala da imaturidade dos recém-nascidos e da importância do quarto trimestre (3 primeiros meses)
  • Explica os reflexos do recém-nascido e, especificamente, o reflexo calmante - que, segundo se sabe, é o que faz com os bebés se mantenham tranquilos dentro do útero
Nos três primeiros meses de vida, os bebés têm o sistema nervoso imaturo e não sabem auto-controlar-se. Para além disso, o ambiente extra-uterino é repleto de estímulos e muitas vezes os bebés sofrem de hiper-estimulação e cansaço por isso mesmo. Quem tem um bebé pode observar o ritmo alucinante a que mudam de humor e também observar os sinais que os bebés nos dão de que estão cansados e precisam descansar. Quando não conhecemos ou estamos atentos a esses sinais, permitimos que o bebé entre num estado de exaustão tal que muitas vezes acaba em choro forte e difícil de parar (acaba por ser um ciclo vicioso difícil de quebrar). Conhecem o cenário de ter um bebé nos braços a chorar freneticamente depois de terem excluído todas as hipóteses que conhecem? Sendo elas: fome/sede, fralda suja, frio/calor, sono. Pois bem, é aí que entra esta sequência de passos que ajuda, mesmo, a acalmar o bebé.
1. Embrulhar (swaddle)
- os bebés gostam naturalmente de estar embrulhados. Estiveram contidos durante 9 meses no útero e, nos meses finais, bem apertadinhos. Para além da contensão física ser muito confortável , e por isso adoram colo e estar abraçados, quando estão irritados/agitados e hiper-estimulados, os movimentos involuntários que fazem, ainda aumentam mais a irritação. Embrulhar diminui os estímulos e prepara-os para os seguintes passos.
2. Colocar de lado ou de barriga para baixo
- quando os bebés estão deitados de barriga para cima têm o reflexo de Moro e sentem que vão cair. Há bebés que lidam melhor com essa posição, outros nem tanto. A sensação de queda e o abrir involuntário de braços aumenta a irritação/estimulação do bebé. Por isso, colocar de lado ou barriga para baixo acalma instantaneamente porque transmite segurança.
3. Embalar
- os bebés, quando estão in útero, estão constantemente em movimento. Quando os colocamos no berço estático, eles estranham. Onde está o embalo constante do corpo da mãe? Há bebés que preferem um embalo mais suave e outros que gostam de vigor e ritmo.
4. Shhhhhhh (ou White Noise)
- o som que muitas vezes fazemos intuitivamente aos bebés tem uma razão de ser. Não é sinónimo de "Shhhhhiu - está calado" mas sim o som SHHHHHHHHHH. Voltando ao útero, o bebé esteve sempre rodeado de barulho. Era o sangue a passar nas artérias da mãe, os líquidos a caírem no estômago e a digestão a fazer. De repente, chega ao exterior e há demasiado silêncio. O som SHHHHHHHH ajuda o bebé que chora a quebrar o ciclo de choro. Precisamos saber que, se para um adulto o choro de um bebé é aflitivo, para o bebé é 1000x mais. O bebé ouve o seu próprio choro e não consegue/sabe parar. Por isso, Dr. Harvey Karp diz que devemos fazer o som no mesmo nível do choro do bebé (às vezes pode ser mesmo forte) e ir diminuindo a intensidade à medida que o bebé diminui também o nível sonoro do choro.
5. Sugar
- por último, oferecer chucha, o dedo ou algo que o bebé possa sugar para manter o reflexo calmante durante mais tempo   Segundo Dr. Karp esta sequência deve ser mesmo assim para ter o efeito desejado e há técnica em cada ponto. Há uma forma eficaz de embrulhar, uma forma ideal de embalar e o som SHHHHHH deve ser mais alto do que o choro do bebé (e ir diminuindo conforme o bebé se for acalmando também). É importante lembrar que, se nós adultos cuidadores ficamos exaustos por ouvir o bebé chorar, o bebé que chora mais exausto está. Se ele soubesse fazer de outra forma, com certeza, faria. O sistema nervoso é ainda imaturo e, entra em "histerismo" com facilidade. Esta sequência para acalmar o bebé é uma forma que temos de tomar as rédeas da situação e dizer ao nosso bebé: "Deixa estar que, agora sou eu que comando.Vou tomar conta de ti." Aconselho vivamente a leitura deste livro e, estejam atentas à minha conta de instagram (@doulacatarinagaspar) porque um dia destes mostro-vos como fazemos cá em casa.    

All rights reserved © Catarina Gaspar