Conheces?
Em modo resumo e com uma pitada de interpretação minha:
Era uma vez uma gaivota que nasceu e cresceu numa capoeira. Ela sentia-se diferente mas não sabia porquê. Ela sentia vontade de voar mas nunca tinha visto ninguém à sua volta fazê-lo. Mesmo quando lhe diziam que ela sabia voar, porque era gaivota, ela não acreditava.

Agora esta história veio-me à memória.

Falta menos de um mês para me despedir desta profissão que escolhi ter durante estes 4 anos.
Falta menos de três meses para me casar com o amor da minha vida.

E, sem ser de repente porque tudo foi pensado, sentido e conscientemente decidido, a minha vida vai dar uma nova volta. Uma nova volta. Mais uma volta.


Durante a infância e a adolescência senti-me várias vezes diferente. Às vezes parecia que falava outra língua que pouca gente compreendia. Lembro-me que sempre que falava de espiritualidade me sentia tremendamente incompreendida e muitas vezes gozada.
Eu própria desconhecia aquilo em que acreditava. Aquilo que visceralmente fazia parte de mim. Também me estava a descobrir e muitas vezes não sabia como expressar o que se passava cá dentro.
Sempre que me sentia incompreendida e sem me conseguir expressar, calava-me irritada. Chorava de irritação porque não conseguia articular em palavras o que sentia. Era intenso :)

Aos poucos fui aprendendo a olhar para mim, a conhecer-me, a estar com pessoas que falavam a mesma língua do que eu, a identificar-me com o exterior porque conseguia olhar e não duvidar do interior. Foi na formação de Doulas que me reencontrei com a minha alma, sem dúvida. Foi aí que tudo passou a fazer TODO O sentido. Até então havia sempre momentos (mais ou menos frequentes) em que me sentia presa, tensa, em que as coisas pareciam ser a metade, em vez de serem o todo. Em que me conhecia a metade, em vez de me conhecer totalmente. 
A sensação e memória que tenho dessa altura, agora que vejo mais amplamente a minha história, é como se houvesse uma névoa em mim. Às vezes via as coisas mais claramente, outras nem tanto.
E desde que me reencontrei é tudo tão mais claro! :D

Um aspecto da minha vida em que ainda me sinto a gaivota dentro da capoeira é a minha ocupação profissional. Eu sempre soube que era uma gaivota aqui dentro. Não sabia era quando ia acreditar nas minhas asas e voar daqui para fora ;)
Pois bem, essa altura chegou! Com o trabalho que tenho feito como Doula, com as aulas de Yoga que dou sinto-me claramente a voar. Tão eu, tão alinhado com o meu propósito, com a minha missão. 
E sabes, quando voas umas vezes, custa voltar para a capoeira e para o ruído. Há momentos em que me sinto bem e outros em que é tão cansativo! Não é pelo trabalho em si, mas é por sentir estes limites à minha volta. Por estar fechada num sítio, a desempenhar tarefas que podiam ser desempenhadas por outra qualquer colega, quando eu podia e queria estar rodeada de grávidas e de bebés a tocar e, talvez, mudar vidas! :D

Então hoje, a menos de um mês de fechar este capítulo da minha vida, eu olho com gratidão para a história que me trouxe até aqui e olho com tanto entusiasmo para esse voo no qual me vou lançar! :D

Quando eu era criança as minhas brincadeiras preferidas eram três:
1. Ser mãe e cuidar do meu bebé, pô-lo debaixo da camisola e simular o nascimento, amamentá-lo, trocar-lhe as fraldas e dar-lhe banho, dar-lhe colo e muitos beijinhos (houve até uma altura em que duvidava se os beijinhos eram limitados e se ia acabar com a minha dose logo em criança já que não havia testa de boneco que me escapasse a pelo menos 30 beijinhos de uma vez).
2. Com as Barbies construía a sua família (sempre numerosa) e punha a Barbie a namorar com o Ken, a Barbie a tomar conta dos seus filhos, a levá-los a passear ao parque, andar de baloiço, deitá-los e contar-lhes histórias, dar-lhes colo e abraços.
3. Ser professora. Colocava todos os meus bonecos sentados nos degraus das escadas e falava para eles. Explicava-lhes como as coisas aconteciam, como se faziam contas, como se lia uma história, como se desenhavam as letras e por aí fora.
Quando pensava no que queria ser quando fosse grande, a resposta, mesmo que variasse entre ser educadora de infância e ser pediatra, tinha lá sempre o mesmo – os bebés e as crianças.
Enquanto crescia e acompanhava a minha irmã, que na altura trabalha em infantários e creches, fui percebendo que educadora de infância não seria exactamente o que queria. Como podia estar um dia inteiro com 15 crianças ao mesmo tempo? E como podia dar colo a todos? E como podia dar essa atenção individualizada que me dava tanto prazer? Como podia ser pedagoga e não só "tomadora de conta" de crianças? Como podia educá-las com valores, com princípios? Provavelmente seria mais stressante do que apaixonante e essa ideia foi ficando de lado.
Em relação a pediatria, percebi também a enorme responsabilidade que seria e o contacto com as crianças é pontual, não há uma relação estabelecida, não se acompanha o crescimento da forma que gostaria e por isso, também essa ideia foi ficando de lado, deixando de fazer tanto sentido.
Então cresci efectivamente e quando chegou a altura de escolher a minha profissão ponderei Enfermagem para fazer depois especialização em Obstetrícia e Pediatria e poder estar mais perto dos bebés, Fisioterapia para me focar também nos bebés e acabei por entrar em Cardiopneumologia. (Boing. Nada a ver!) Eu gostava de cuidar de pessoas e por isso, Cardiopneumologia estava bem. (Assim, tal e qual com esta leveza e motivação J) No final da Licenciatura fiz um estágio voluntário em Cardiologia Pediátrica e Ecocardiogramas Fetais e consegui assim vislumbrar uma forma de integrar os conhecimentos e competências adquiridos e para onde o meu coração sempre me levava. :)
Quando descobri as Doulas e a sua proximidade com a Gravidez e com os Bebés, o meu coração realmente disparou! E lembro-me perfeitamente do momento em que me inscrevi no Curso de Doulas que liguei ao G. a chorar a dizer que ia fazer. Que não sabia como, se ia conseguir pagar ou o que fosse, mas que tinha mesmo que fazer. (Até me arrepio quando me lembro ;))
Então hoje, no dia da Criança, eu escrevo este texto porque quero assinalar (de mim para mim) a importância do trabalho que faço. Eu hoje acompanho mulheres e casais antes de engravidarem e durante a gravidez e isso dá-me a grande oportunidade de educar estes pais para o vínculo com o seu filho. Este contacto dá-me a oportunidade de ser a voz desse bebé. Dá-me a oportunidade de mostrar aos pais que o respeito pelo seu filho, o seu amor e educação começam ali mesmo, na gravidez.
Quando em adolescente fiz voluntariado em casas de acolhimento temporário para crianças e ia com o propósito de dar colo, de brincar, de ser aquele corpo – aqueles braços, aqueles olhos, aquele sorriso – que traz alegria, atenção, vínculo àquela criança que naquele momento da sua vida não o tem, eu vinha de lá muitas vezes a pensar: “E então?” “Tu sais de lá e é tudo igual.” Porque eu não tinha contacto com os pais daquelas crianças. Com aquelas pessoas que por variadíssimas razões colocaram os seus filhos naquela situação. Assim, hoje, quando eu acompanho estes casais no momento mais precoce de ligação afectiva a estes filhos, e em que muitas vezes estão disponíveis para trabalharem as suas próprias feridas emocionais para não as passar aos outros, eu tenho oportunidade de os educar, de partilhar com eles o que eu sei e sinto e acredito. De partilhar com eles que os seus bebés já dentro da barriga e mal nascem têm sentimentos, emoções e necessidades. E eu posso ser esta lanterna que traz à consciência de muitos pais as necessidades dos seus filhos, desde logo! Educando sobre Parentalidade Positiva e Consciente!
Então, um bocadinho sem eu saber como, hoje em dia é aqui que eu estou. Com este trabalho missionário em mãos e no coração! Ser doula (e ser mãe) é o meu propósito de vida. E estar alinhada com ele traz-me tanta mas tanta felicidade!
Hoje, neste dia da criança, eu honro todos aqueles que têm como missão nesta vida, trabalhar com e para crianças, nutri-las, empoderá-las, cuidá-las, ensiná-las, orientá-las, ajudá-las e curá-las.
Lembremo-nos da sua Mestria, do seu encantamento, da sua simplicidade, da sua energia pura, do seu amor. Se olharmos para as crianças com estes olhos, tanta coisa do nosso dia a dia muda. Experimenta ;)
Sou muito, muito grata por este chamamento em mim que cada dia se torna mais claro e mais materializável. E sou muito grata aos meus sobrinhos que vierem encher o meu coração com tanto amor e sabedoria!
[fotografia de Maria Moleiro]


Bom dia!!
Este fim de semana foi mais um de formação de Kundalini Yoga, na Quinta do Rajo e o que aprendi foi tão valioso e está tão presente. Sabem quando estão a absorver informação e sabem que essa informação vai mudar a vossa forma de ver aquilo para o resto da vida? 
Exacto! Foi isso o fim de semana INTEIRO! Sentia-me uma esponja :D Tudo quanto absorvia e ressoava em mim, era uma nova lâmpada em mim que se acendia. Pliiim, pliim, pliiim* :D


Aprendi que as posturas (ásanas) no yoga servem, entre outras coisas, para quebrarmos padrões mentais. Wow! Como? Cada vez que surge uma nova postura na prática de Yoga e nós nos colocamos nela, estamos a permitir-nos algo novo. Estamos a experimentar algo que nunca experimentamos. Estamos a contrariar a nossa mente negativa quando ela nos diz "Ihhh que dificil! Não consegues fazer isto!" Estamos a ir ao nosso limite de desconforto muitas vezes e a aprender a relaxar nesse limite. 
E que atitude é a tua quando fazes um ásana? É que sabendo disto ou não, a tua atitude é a mesma que tens na vida, no dia a dia. Podes estar atenta a isso a partir de agora, se já fizeres yoga. Ou podes vir experimentar uma aula e sentir o que eu estou a dizer-te :)

Este fim de semana foi marcante para mim também porque fiz o Kriya mais desafiante da minha vida! (Um Kryia é uma série de exercícios que têm um objectivo específico. Quando fazemos um Kriya, sabemos o que estamos a trabalhar em nós, no nosso corpo físico, emocional e energético e sabemos que teremos aquele resultado pré-definido no final :))
Desafiei-me à séria e enquanto fazíamos os ásanas o Professor dizia-nos "O que tu escolhes? V de Vítima ou V de Vitória?" E aquilo dava-me uma pica gigante para aguentar mais um bocadinho e mais um bocadinho. 
A dada altura disse-nos também "Usem o que precisarem para manter a postura - mentalização, mantra, vocalizações, o que precisarem!" E foi aí que comecei a entoar um mantra, primeiro baixinho para mim, e depois mais alto, até que toda a turma entoava ao mesmo tempo. E foi tão mágico! O mantra é TÃO PODEROSO!! Torna logo tudo mais fácil :D
No final do exercício sentir que o meu limite mental foi ultrapassado (sem ultrapassar o limite físico ;)) e que o meu V foi de Vitória foi TRANSFORMADOR.

No dia seguinte o Professor dizia-nos: "Sabem o que diferencia o V de Vítima e de Vitória? É a auto-iniciação." Claro!! Enquanto estás na Vítima sentes que não podes fazer nada, és a coitadinha que está a levar com aquilo tudo (seja o que for, neste caso específico, que estás a fazer aquele exercício tão difícil e os teus braços não aguentam mais, e as tuas pernas tremem e a tua zona abdominal é fraca). E quando mudas de atitude, quando tomas a iniciativa de tomar as rédeas da experiência, tu entras na experiência e participas activamente nela. Tu escolhes respirar mais forte, tu escolhes entoar mantra, tu escolhes mentalizar positivamente. O que tu quiseres. E aí tu superas-te! :D

E é isto que quero partilhar convosco hoje. Agora que estou mais apaixonada por Kundalini Yoga do que nuuuunca! :D É realmente uma ciência exacta. Nada, NA-DA, é por acaso! Se esticas o dedo polegar num exercício é porque estás a trabalhar o meridiano dos Pulmões. Se unes o dedo indicador ao dedo polegar com as palmas viradas para cima, estás a criar expansão em ti, a abrir consciência. Se pelo contrário, viras as palmas das mãos para baixo, estás a trazer-te mais à terra, ao corpo. 
(E isto foi tudo experimentado por nós. Não é só teoria em que acredito. Eu experimentei estas sensações. É incrível :D)

Aproveito assim para relembrar os horários das aulas de Kundalini Yoga que dou, na Sementes d'amor, em Tires:

Adultos: 
Segunda-feira às 19h
Quarta-feira às 18h30

Mulheres em Pré-Concepção
Terça-feira às 19h
Sexta feira às 09h30

Mulheres Grávidas
Terça-feira às 18h
Sexta-feira às 10h30

Valor de troca por aulas 1x/semana - 25€ [no acto de inscrição tem valor acrescentado de 15€ que é de Inscrição + Seguro de Saúde]

Valor de troca por aulas 2x/semana - 40€ [no acto de inscrição tem valor acrescentado de 15€ que é de Inscrição + Seguro de Saúde]

VENHAM EXPERIMENTAR, A SÉRIO :p







Este fim de semana que passou trouxe-me dois lembretes que me estão a acompanhar bastante neste início de dia e que partilho convosco.

Primeiro, este fim de semana foi o primeiro do Curso de Instrutores de Kundalini Yoga e eu não podia estar mais contente e mais orgulhosa e mais grata e mais encantada. "Não podia estar melhor" realmente.
As várias práticas que fiz durante o fim de semana, as várias meditações, a presença constante no momento, o Seva, o compromisso, a vontade. Tantas tantas coisas boas que aconteceram neste fim de semana que realmente, hoje, me fazem sentir viva, alegre e grata.


Então o que quero escrever aqui hoje tem a ver com a minha fase de transição profissional, em que ainda sou Técnica de Cardiopneumologia e ainda exerço estas funções, em que sou Doula e sinto que preciso de tempo e dedicação para crescer e para me assumir livre de inseguranças e medos, em que sou praticante de Yoga e agora estudante de Yoga para dentro de pouco tempo me assumir como Professora, e em que quero tempo para costurar, para divulgar o meu trabalho com o Vermelho Morango, para divulgar os benefícios do Babywearing e a produção de panos porta-bebés.

Até agora, eu sinto esta fase de transição e por momentos quero acelerá-la. Quase como se, a única forma de ficar em paz, fosse despedir-me de Cardiopneumologia e das minhas funções. Sinto vontade, não nego. Mas para já, é muito confortável continuar aqui. Por isso, é preciso coragem para assumir esta minha vontade e enquanto não sinto ser o momento certo, é preciso paz e alegria para continuar. (Porque sem alegria então não me vale mesmo a pena :))

No fim de semana, enquanto partilhava tudo isto com um colega, ele disse-me "Mas já viste que se não fosse através desse lugar onde trabalhas, provavelmente não tinhas oportunidade de tocar essas pessoas. De dar o teu contributo." Pensei "Sim, é verdade. Mas quero tocar tantas outras fora deste contexto." - A minha resistência a falar ;)

Paralelamente a isto, durante o fim de semana, fizemos Seva. Que é simplesmente Serviço, Dádiva. Cada um de nós ficou destacado numa equipa - Pequeno-Almoço, Almoço, Jantar, Limpeza e Manutenção da Cozinha, e assumia assim várias tarefas voluntárias, gratuitas, despegadas de consequência, para o bem estar geral do grupo. Sobre Seva li qualquer coisa como: Sentirás tanto prazer na oferta que fazes, que te sentirás privilegiado e honrado por fazê-lo. 
E esta ideia foi integrada e realmente sentida. Enquanto servia o almoço, senti um privilégio tal por estar a servir aquela pessoa. Quando estava a lavar a loiça, não havia ponta de queixa em mim. Sentia-me útil e contributiva. Sentia que o meu trabalho, não precisava de ser reconhecido por ninguém para valer por si só. 

Pensei: "Como posso eu levar esta sensação comigo, todos os dias? Para o meu trabalho?"

Hoje, tendo isto presente em mim, atendi os utentes que me chegaram com uma perspectiva completamente diferente. "O que posso eu fazer agora contigo que te cruzaste comigo?"
Então, como por magia, as conversas vão acontecendo. Eu sinto-me aberta e permeável para dar de mim. Falamos sobre Doulas, sobre Yoga, sobre como o nosso corpo nos indica que o que estamos a fazer não é saudável (neste caso específico era fumar), ou sobre como o estômago está ferido e quando o senhor não lhe liga, ele causa mal estar para o avisar do que não deve comer (especificamente Úlcera), ou como o chá de gengibre pode ajudar e como o leite de vaca e o café são tão prejudiciais. De repente, veio o meu tio, com quem não falava há meses e meses, fazer um exame comigo. WOW!

Realmente tudo muda no exterior quando mudamos o interior. Quando a perspectiva que trago é "Que grata sou por te servir" tudo muda! Não há queixa, não há peso, não há querer que o relógio avance para ir fazer outras coisas...não há, simplesmente. Há o momento presente e há o melhor de mim neste momento, ao serviço do outro (que na verdade é parte de mim ;)).

Muito grata! :D Alegria para todos!




No meio de leituras, encontrei um artigo SUPER interessante e que me faz todo o sentido partilhar aqui.

Quando comecei a estar mais atenta e desperta e isso veio naturalmente como consequência de fazer yoga, de estar com outras mulheres, de fazer trabalho emocional, de sentir emoções e permitir senti-las, etc....comecei a notar que muitas das pessoas que estavam em meu redor me diziam "GRATA".

Na altura lembro-me de ficar atenta à emoção que existia em mim quando eu continuava dizendo "OBRIGADA". A emoção ia sendo cada vez mais clara. E sempre que eu sentia vontade de dizer "Obrigada" o que eu sentia era realmente Gratidão! Uma enormeee gratidão.
Assim, fui experimentando verbalizar essa palavra "Grata" que era completamente fiel ao que sentia.


Hoje em dia, são várias as vezes que agradeço com esta palavra e o "Obrigada", sendo igualmente sentido, não corresponde tão bem à emoção de Gratidão que me preenche e expande.

Assim, encontrando eu hoje este pequeno texto, achei deliciosa a forma como explicam tão bem esta diferença, aparentemente subtil entre "Grata" e "Obrigada" mas que na verdade não é tão subtil assim.

"A origem da palavra obrigado como forma de agradecimento vem do latim obligatus, particípio do verbo obligare, ligar, amarrar. É a forma abreviada da expressão fico-lhe obrigado, ou seja, fico-lhe ligado pelo favor que me fez. Quando nos tornamos devedores de outrem por serviço que nos foi prestado, criamos um elo de ligação, mesmo que momentâneo.

Já a gratidão vem do latim “gratia”, que significa literalmente graça, ou gratus, que se traduz como agradável. Significa reconhecimento agradável por tudo quanto se recebe ou lhe é reconhecido.
É uma emoção, que envolve um sentimento e portanto, não há obrigações, ligações ou amarrações."

Tão bonito, não é?

Soltando amarras e usufruindo desta viagem que é a vida, sentido esta gratidão constante e contagiante!! :D

[fonte http://www.antroposofy.com.br/forum/download/artigos/A%20diferenca%20entre%20obrigado%20e%20gratidao.pdf e http://odespertardahumanidade.blogspot.pt/
imagem de http://aconstelacaofamiliar.blogspot.pt/2011/06/gratidao.html]

Às vezes, de olhos abertos e mente activa, imagino por segundos a minha rotina diária de trabalho.
Imagino-me a pousar a chávena (grande) de café ao lado do teclado. Vejo um monitor branco, grande, que já está ligado. Tiro a mala do ombro e pouso na cadeira ao lado da secretária. A secretária é branca e o espaço é luminoso [esta é a minha visão repetida desde há uns meses para cá].
 
Para além desta imagem visual e corporal, sinto também a presença do Gonçalo. Estará na sala do lado? Não sei. Mas sinto-o perto e sei que posso ouvi-lo.
 
O que irei fazer eu no computador? Desenhos? Textos? Responder a e-mails e tratar de encomendas do Vermelho Morango? Não faço ideia. Mas sinto-me tão feliz nesta visão que tenho.

Quem sabe o meu desejo de trabalhar 5h30 horas por dia (e não 5 dias semanais) - 2 horas a costurar de manhã, 2 horas a acompanhar grávidas e recém nascidos à tarde e 1h30 hora a dar aula de yoga no final do dia esteja mais perto do que alguma vez imaginei :) (O resto do tempo será a ser mãe de corpo, alma e mente!)

Bom dia!!

Finalmente comecei hoje a medir e registar a minha temperatura corporal basal! Em breve vou conhecer ainda mais e melhor de mim, dos meus ciclos menstruais, da minha sexualidade e da minha feminilidade! 

Hoje partilho convosco toda esta descoberta que tenho feito e partilho também o início deste processo de observação e registo.
Quando conheci a Júlia (a primeira mulher grávida que me contactou como doula!! Memorável!) tive pela primeira vez contacto com toda esta informação em relação ao ciclo menstrual. A verdade é que tomava a pílula anticoncepcional desde os meus 16 anos e nunca me preocupei com os meus ciclos. Nem fazia contas, nem registava os dias, nem nada! Absolutamente nada. No dia em que sentia que estava na altura de aparecer a menstruação, ela aparecia e pronto. 5/6/7 dias menstruada, o restante ciclo sem estar menstruada, fazia as pausas da pílula quando terminava a embalagem e ok. Este foi o meu cuidado para comigo mesma, neste âmbito, durante 7 anos.


Durante uma meditação em que me foi sugerido que sentisse o meu útero e ovários e imaginasse o óvulo a ser libertado, senti uma tristeza enorme e culpa, muita culpa. O que estava eu a fazer com o meu corpo? A pílula estava a impedir os meus ovários de libertarem óvulos a cada mês. Há 7 anos que eu não ovulava. Meu deus!! A decisão foi tomada meses mais tarde e em Outubro deixei de tomar a pílula. "Ok, agora vamos lá ver como o teu corpo se organiza." Pensava eu. Respeitá-lo, permitir que aconteça - o que for. Borbulhas, ciclos irregulares, dores menstruais, irritação, flutuações de humor, fluxo abundante...O que seja. Eu desprezei o meu corpo e os meus orgãos reprodutores durante tanto tempo que agora estou completamente disposta a permitir que aconteça o que for preciso em direcção ao equilíbrio e à saúde.

Posto isto, quando a Júlia me mostrou o seu gráfico de temperatura corporal basal e muco e o dia em que ovulou e que engravidou, eu senti-me encantada por assistir a tanta sabedoria pessoal e ao mesmo tempo pensativa em relação à distância que criei com o meu corpo, em relação à falta de conhecimento que tenho sobre mim própria. "Ok, então vamos lá aprender e experimentar!"

Ontem finalmente comprei o termómetro e hoje decidi criar o meu próprio gráfico: Txaraaaann!


Vamos então começar pelo início:

TEMPERATURA CORPORAL BASAL (TCB) (ºC)

> O que é?
A TCB a temperatura mais baixa que temos ao longo das 24 horas do dia. Deve ser medida todas as manhãs ao acordar, antes sequer de nos sentarmos na cama ou levantarmos. Deve ser medida sempre à mesma hora, todos os dias. (É só colocar alarme no telefone - acordar - medir e voltar a dormir se ainda não for altura de levantar ;))

> O que tem a ver a TCB com o ciclo menstrual? 
A TCB, antes da ovulação,  situa-se normalmente entre os 36,2 e 36,5 º C. Com as alterações hormonais que acontecem ao longo do ciclo menstrual a TCB vai variando e aumenta cerca de 0,2 a 0,5 graus nos 2 a 3 dias seguintes à ovulação. Este aumento de temperatura mantém-se normalmente até à próxima menstruação.
Aqui é importante saber que só quando há ovulação, há aumento constante até à menstruação. Se esse aumento não se mantiver constante, então não houve ovulação. 
Durante a gravidez, a TCB mantém-se sempre aumentada :)

MUCO CERVICAL (MC)

> Existem vários tipos de corrimento vaginal, um dos quais o Muco Cervical. Ao longo do ciclo, com as alterações hormonais, o MC vai variando em quantidade, cor e textura. Logo, registar estas alterações dá-nos também informação relevante sobre o ciclo. O esperado que aconteça ao longo do ciclo menstrual é:
> primeiros dias (menstruação) - sangue 
> dias seguintes - muco esbranquiçado e grosso, com consistência parecida com arroz pegajoso
> período fértil (antes da ovulação, durante a ovulação e logo após a ovulação) - muco torna-se claro e escorregadio, consistência parecida com clara de ovo

O último dia em que temos muco tipo clara de ovo é o dia mais fértil do nosso ciclo e normalmente é o dia a ovulação ou o dia anterior à ovulação (Reparem como o nosso corpo é maravilhoso! O corpo prepara-se com um tipo de muco cervical que é facilitador para o esperma.)

OVULAÇÃO

> Quando existe ovulação?
A ovulação é determinada normalmente 2 ou 3 dias antes do aumento sustentado da TBC e normalmente é o último dia ou após o último dia do muco cervical tipo clara de ovo.

Sabendo agora toda esta informação, vamos à prática? Como observamos e registamos estes sinais?

> VAMOS PASSAR À ACÇÃO E VAMOS PREENCHER O GRÁFICO <

> Começamos o gráfico no primeiro dia da menstruação e esse é o dia 1 do ciclo. (Se como eu já vão a meio do ciclo e sabem em que dia vão, comecem na mesma. Sempre é mais meio mês de informação sobre vocês próprias ;))

> Colocamos a data em que estamos, o dia da semana e a que horas estamos a registar.

> Medir a TCB: Todos os dias, de manhã, à mesma hora, toca o despertador, pegamos no termómetro e medimos a temperatura - pode ser na boca, na axila ou na virilha. Escolhemos conforme preferimos e mantemos sempre o mesmo local. Registamos a temperatura no gráfico de acordo com o valor obtido.

> Observar o MC: Todos os dias, de manhã, à mesma hora, depois de medir a TCB, observamos o muco. Em mulheres com muco muito abundante esta observação pode ser através das cuecas ou do papel higiénico ao limpar. No entanto eu sugiro, e é como faço também, colocarmos um ou dois dedos na vagina até ao colo do útero e observarmos ao retirar. Até podemos fazer o típico abrir e fechar os dedos e observar não só a textura e cor como também a elasticidade.

> Relações Sexuais (RS): Para quem quer engravidar é perfeito. Mas para quem não quer este registo é importante também, na minha opinião, para observar como o desejo sexual varia com o próprio ciclo menstrual. Podemos descobrir alguns padrões bastante interessantes :)

> Lua: Registar em que fase a Lua está, porque nós, mulheres lunares, somos tão influenciadas por ela que achei importante acrescentar esta linha ao gráfico (e estou muito curiosa para descobrir a minha relação com a lua :))

E pronto. Posto isto, estamos prontas para começar já amanhã esta jornada de conhecimento feminino e sintonia com o nosso ciclo menstrual, certo?

Se quiserem o gráfico, enviem email para uaumama.blog@gmail.com e peçam. Tenho todo o gosto em partilhar este pequeno tesouro!!

Podem também comentar e partilhar o vosso registo. Podemos perfeitamente manter esta conversa em aberto e partilharmos juntas as nossas descobertas individuais :) Vamos?

Até já!

(adaptado de http://www.babycenter.com/ovulation-chart e http://www.babycenter.com/chart-basal-body-temperature-and-cervical-mucus?page=2)




Ontem passei o dia na Quinta da Enxara a fazer o Workshop de Iniciação à massagem biodinâmica e psicoterapia corporal. Descobri a biodinâmica durante o curso de Doulas através dos terapeutas Xuxuta e Jason e lembro-me que de cada vez que estava com eles sentia um borbulhar interior, uma curiosidade gigante em saber mais sobre esta abordagem holística e um encantamento com o trabalho emocional que isto permitia em mim e nos outros. 
Depois disso, procurei formação nesta área, esperei e há umas semanas surgiu o convite para fazer este workshop. Senti imediatamente que tinha de ir. E fui!

Hoje partilho convosco algumas das coisas que aprendi ontem e que para mim são sempre fascinantes. Cada peça que junto a meu puzzle, cada vez que olho para dentro e me permito sentir.

Ontem aprendi que o nosso corpo vai assumindo a postura corporal de acordo com as emoções experienciadas por ele. Um corpo que tenha sido sujeito a susto (ou a vários sustos) tende a assumir a postura de ombros encolhidos e para a frente, olhos abertos (atento ao perigo), respiração mais superficial, mais subida, peito subido. E aprendi que em pessoas assustadas e tensas, o toque deve ser suave e de apoio e não imposição. Aprendi que ter mãos debaixo das nossas zonas do corpo que não contactam com o chão quando nos deitamos de barriga para cima - tornozelos, joelhos, zona lombar, pulsos, ombros e pescoço - é MARAVILHOSO. (Tão simples assim não é? :))

Aprendi que o nosso corpo é tão sábio que vai encontrando soluções para lidar com os "bloqueios". Se uma mulher quer expressar-se, quer cantar, quer gritar e vai constantemente ao longo da sua vida, engolindo essa vontade, calando, silenciando, o corpo vai "deitando isso para trás das costas" e desenvolve um aumento de tecidos no pescoço, na cervical (sabem aquela pequena corcunda?).
Aprendi que problemas na coluna - que é algo que herdei da minha família (e descobri hoje que a minha mãe os herdou também dos avós maternos e paternos - imaginem só a carga que não tem!) - tem a ver com falta de apoio, de estrutura, falta de pai, de energia masculina, estabilizadora. De onde isto virá? Onde teve início nos meus antepassados? Fica a pergunta desperta em mim :)

Aprendi que a raiva, que é energia muito primária, relacionada com a sobrevivência e energia sexual, energia criadora, se não é expressa, pode ir subindo pelo nosso corpo até à cabeça e causar dores de cabeça. (Não sei se fará isto sentido para vocês, mas para mim faz todo o sentido! Tenho um exemplo muito claro disto perto de mim :))

Aprendi que o meu corpo ainda tem memórias profundas da cesariana que vivi e das minhas primeiras horas de vida, afastada da minha mãe e da mama. Aprendi que há técnicas que ajudam a conter o corpo, a sentir limites, que é o que os bebés que nascem de cesariana não têm. Não passam pelo canal vaginal, não são espremidos, não conhecem na totalidade os limites do seu corpo.

Aprendi a fazer massagem na cabeça para facilitar a saída de energia, para permitir o fluxo. E relembrei-me do quanto preciso de massagens, de sentir o meu corpo e os meus limites. 
Aprendi também que uma forma de nos curarmos, é curando os outros e por isso há tantos cuidadores - profissionais de saúde, terapêutas - que "usam" os cuidados prestados como forma de se cuidarem também. E que é bom termos consciência se damos por excesso, por dádiva, por expansão, ou se damos por carência. Eu cuido do outro para me sentir bem? Pelo meu ego? Para me sentir especial? 

E relembrei a minha idade em vida - 25 - e todo o percurso que já fiz até aqui. Que bom não perder tempo. Que bom abrir a consciência! 



 
Porquê? Para quê? O que me leva a ser Doula? Doula? Mas quase ninguém sabe o que isso é. Porque é que queres ser isso que quase ninguém sabe o que é? E tem aceitação? Ou és doula para ti própria? E há quem esteja disposto a pagar? Mas precisas de ter tanto tempo livre. Tens? Consegues ter? O que sentes quando dizes "Eu sou Doula."?
 
O que eu sinto quando digo "Eu sou Doula" é um contentamento tão grande, uma plenitude imensa que só me apetece sorrir e sorrir e depois chorar de tamanha emoção.
Ser doula para mim é ouvir, é partilhar a sabedoria que trago em mim e que mentalmente não sei de onde vem. É ser um espelho de quem me procura, mostrando a realidade e levantando questões.
É devolver ao casal o poder que eles têm. É dar atenção, mostrar cuidado e mimar. É ser a voz do bebé que está no útero ou que esteve e que saiu cedo demais.
É chamar a consciência, é alertar para as escolhas feitas e mostrar alternativas.
É falar de aborto e ser o ombro de apoio, é falar de aborto e ser os braços que se abrem.
É ouvir as perguntas que me fazem e devolver as mesmas perguntas lembrando que cada um de nós tem a resposta a todas as questões.
É ser o silêncio. É ser o olhar. É respeitar o silêncio e respeitar as palavras.
É sentir o coração transbordar de alegria e sentir que não há outra forma de viver para mim. É sentir que ser doula faz parte de quem eu sou e ser muito muito grata por ter o privilégio de acompanhar estas famílias.
 
E sentir que há mulheres que realmente valorizam esta missão que tenho e que sentem a mais valia de ter o meu acompanhamento é qualquer coisa de estrondoso!
E de repente descubro, concretizando, o trabalho da minha vida.


Olá queridos leitores e leitoras.
Tenho andado desaparecida deste cantinho...por vezes é preciso investir energia noutros projectos e há também que saber preservar o equilíbrio e não querer abraçar tudo ao mesmo tempo sob pena de não abraçar efectivamente nada :)

Assim, escrevo-vos hoje em jeito de partilha (como já vem sido hábito aliás :p)
Este fim de semana irei fazer um workshop de Psicoterapia corporal em que o que vamos trabalhar é a Mãe, a relação com a Mãe e como curar as feridas da Mãe. Este é um tema muito sensível para mim pelo que 4 ou 5 dias antes do workshop já estou atenta às sensações que tenho, às dúvidas que surgem e aos medos que reaparecem.

Para mim é fundamental curar as minhas feridas de filha antes de ser mãe. Há perguntas que precisam de resposta. Para me conhecer melhor preciso de responder a algumas questões sobre o meu nascimento. Então hoje resolvi escrever essas perguntas e fazê-las à minha mãe (aproveitar que ainda a tenho por perto para desvendar mais um pouco da minha história de vida :))
Não sei que sentido isto vos fará, mas para mim é muito claro que a forma como nascemos influencia imenso quem nós somos, algumas das nossas crenças, as nossas seguranças e também os nossos medos tão profundos. Acredito que a minha vocação de Doula vai neste sentido - proteger os bebés, respeitá-los, entendê-los, amá-los :) Talvez seja porque em algum momento da minha vida, do meu início de vida, não tenha sido protegida e respeitada. Quem sabe? :) É nesta viagem profunda que mergulho agora.

> Porque foi Cesariana?
> Em que posição eu estava?
> Iniciei trabalho de parto ou foi marcada a cesariana com dia e hora?
> Como a minha mãe se sentia na ida para a maternidade?
> Quem estava no bloco de partos?
> A minha mãe estava acordada e consciente?
> Quanto tempo demorou o meu nascimento?
> Houve alguma complicação com a minha mãe? E comigo?
> Quando me tiraram, para onde fui? Para o peito da minha mãe? Para pesar e limpar?
> Quando me puseram ao pé da minha mãe? Quanto tempo depois?
> Nas horas seguintes a nascer onde estive? E a minha mãe?
> Quando o meu pai me viu pela primeira vez? O que ele disse?
> Quando as minhas irmãs me viram pela primeira vez?  O que elas disseram ou fizeram?
> Quando mamei pela primeira vez? Quanto tempo fui amamentada?
> Como era a reacção da minha mãe quando eu pegava a mama?

> Como as minhas irmãs reagiram quando lhes disseram que a minha mãe estava grávida de mim? E o meu pai?

Estar atenta às perguntas. Estar atenta às respostas. Estar atenta às emoções que surgem em mim em cada pergunta, em cada resposta, em cada reacção da minha mãe. Estar atenta e ir integrando aos poucos mais sobre mim. Às vezes dói muito mexer nas feridas (e eu nem sei ao certo que feridas são estas) mas eu estou focada em curá-las. 

Mesmo que não entendam este post, espero que estas perguntas possam ser usadas por vocês para se conhecerem um pouco mais. Para conhecerem mais sobre a vossa mãe. Alguma vez perguntaram como ela se sentia no momento em que entrou em trabalho de parto? Sentiu medo? Alegria? Entusiasmo? Pânico? E vocês? O que sentiram quando entraram em trabalho de parto dos vossos filhos? O mesmo? UAU! :)

Se calhar nem nunca pensaram nisto e assim deixo-vos com um bocadinho de curiosidade para saberem mais sobre este tema!

Sinto-me grata por poder partilhar convosco a minha viagem de auto-descoberta. Muito obrigada por estarem aí *



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