O primeiro mês já passou e é, normalmente, o que traz os maiores desafios. Principalmente quando se trata de um primeiro filho. A quantidade de mudanças que acontecem em tão pouco tempo é abismal e, muitas delas, nem conscientes são. São as mudanças físicas no corpo da mulher mãe - ausência da barriga grávida mas presença de barriga mole/estranha, aumento do peito e sensações associadas, recuperação do parto - pélvis, períneo, costas, pós-cirurgia no caso de cesariana, etc. São as mudanças hormonais e as alterações emocionais. São as mudanças psicológicas - agora temos um recém nascido que depende a 100% de nós e não vem com livro de instruções. E o estar sempre (SEMPRE) disponível é uma grande aprendizagem de serviço, humildade e altruísmo que nem sempre é fácil. Para além disto, as mudanças no homem pai e as alterações na dinâmica familiar. O casal deixa agora de ser apenas o par e ter a exclusividade em si mesmo, para abraçar a tríade e tudo o que isso implica. Enfim, esta fase tem tudo para ser realmente desafiante. No nosso caso, o primeiro mês foi vivido de uma forma muito harmoniosa, natural e fluída. Intensa em amor e presença (porque um recém-nascido é assim mesmo!) e repleta de descobertas - de nós como mãe e pai, do nosso bebé - da forma como se expressa, das suas necessidades e das nossas capacidades para cuidar dele. Sei que o meu à vontade com bebés ajuda bastante na nossa vivência. Sinto mesmo que nasci para isto e é como se fosse mãe desde sempre. Houve apenas 2 momentos (a segunda noite no hospital e a segunda noite em casa) em que olhei para o Vasco  e com toda a humildade e algum medo lhe disse "Não sei o que precisas!" Bem, mas honestamente falando, estranho seria se soubesse sempre tudo! E uma coisa é certa, quanto mais cansada estou, mais difícil é ser intuitiva e estar totalmente disponível para ele. Por isso mesmo, cuidar de mim (e deixar-me ser cuidada) no pós-parto tem sido fundamental! 1. A prioridade sou eu e ele (e não só ele) Não há dúvida que, quando se cuida de um recém-nascido, a prioridade é ele. O que tenho feito também é não me esquecer de mim. Sei que ele está melhor quanto melhor eu estiver e isso é essencial. Tento cuidar-me ao máximo para me manter bem disposta, tranquila e confiante. Por exemplo, no quarto dia de vida dele apeteceu-me muito ir apanhar ar. Estava sol e eu não bebia café há umas semanas. Apeteceu-me mesmo. E fomos. Desde então temos saído praticamente todos os dias. Mesmo com chuva. Mesmo com frio. Aumentamos os agasalhos e tornamos possível. Eu gosto de estar em casa mas também gosto e preciso de sair. Adaptamos o que é preciso e mantemo-nos bem os dois. Para além disso, não deixo que a roupa desarrumada, a loiça por lavar, o lixo por deitar fora, a areia dos gatos, etc, etc, seja mais importante do que nós. Por isso, tudo o resto espera e o meu foco mantém-se sempre onde deve estar. 2. Dormir o máximo possível A privação de sono é dos maiores desafios do pós-parto. Há quem precise de dormir menos horas e tolere melhor esta privação e há quem precise mesmo de dormir bem e muito. Até agora, tenho lidado bem com isto. Gosto e preciso de dormir bem mas aguento-me com 6 horas de bom sono.  Durmo facilmente e em qualquer lugar mas, dormir durante o dia, deixa-me muitas vezes "molengona" e com energia em baixo. Então, percebi que arranjei uma estratégia que tem resultado - aproveitar o primeiro sono da noite do Vasco e o último da manhã. Ou seja, aproveito para dormir das 22h e as 00h e das 8h30 às 10h. Pode parecer pouca coisa mas, por noite, ganho 3h30 de sono. Nada mau! Para isso há que ser disciplinada e:
  • recusar jantares fora (ou dormir no sofá dos anfitriões ;))
  • não me estender no computador e/ou TV à noite
  • manter a sonolência da manhã e não me levantar da cama cedinho como gostava tanto, antes do Vasco nascer
3. Alimentar-me bem Já na gravidez eu tive este cuidado. Agora ando mais gulosa, é certo. Mas continuo a ter cuidados com a alimentação. Não fico satisfeita com qualquer coisa e só me sinto realmente alimentada quando faço refeições completas, coloridas, ricas e nutritivas. Neste ponto, o Gonçalo tem cuidado muito bem de nós e garante sempre os jantares saborosos e amorosos.   4. Roupa, loiça e casa Como já disse anteriormente, ter pilhas de roupa ou o lava loiças cheio é facilmente relativizado por mim. Ainda assim, preciso de ter o ambiente à minha volta minimamente limpo e organizado para a minha mente se manter descansada. Então, aceito ajuda! A minha mãe vem regularmente buscar a roupa suja e quando a traz já vem passada e dobrada (e mesmo assim fica por arrumar alguns dias seguidos!). A loiça, o Gonçalo tem tratado maioritariamente mas, também aproveito alguns bocadinhos do dia para manter as coisas organizadas - ao contrário de antes, faz-me sentir bem, produtiva e capaz. Por isso, sem expectativas nem pressões, dou o meu contributo quando possível. A casa é limpa semanalmente por uma senhora que já vinha antes e eu não me preocupo de todo com isso.   5. Visitas do Pós-Parto Este ponto também pode criar alguma confusão e tensão nesta fase mas, connosco, isso não aconteceu. Naturalmente, mesmo sem dizermos nada, as pessoas à nossa volta respeitaram muito o nosso espaço. Não tivemos visitas inesperadas nem aborrecidas, nem tivemos de colocar limites constantemente para que isso não acontecesse. Não sei se por ter falado tanto disto antes do Vasco nascer ou se os nossos familiares e amigos já estão realmente educados neste aspecto (até por experiência própria), senti sempre o nosso espaço tranquilo e isso foi muito bom.   Sei que cada experiência é uma experiência e há bebés (e pais) mais exigentes do que outros. O Vasco é um bebé como tantos outros - é tranquilo a maioria do tempo, prefere dormir no colo ou no pano - do que sozinho na alcofa, dá-me, às vezes, 10 minutos para tomar banho e mesmo assim vai gemendo e ameaçando choro nos entretantos, mama durante 30/40 minutos, tem, pontualmente, desconfortos gastrointestinais e exige mais colinho, massagem e amor... Ou seja, sei que o nosso pós-parto harmonioso e tranquilo não tem só a ver com o nosso bebé. Tem essencialmente a ver com a forma como nos temos cuidado enquanto família, com as prioridades que estabelecemos e com a preparação que fiz (no terreno e ao longo dos últimos anos) e partilhei com o Gonçalo antes de o vivermos. P.S. O Pós-Parto pode ser altamente desafiante e por isso acho tão importante fazer preparação, desmistificar uma série de coisas e falar abertamente sobre estas dificuldades. Ter uma rede de apoio, outras mulheres e mães com quem partilhar dúvidas, sentimentos, sensações e desafios pode fazer toda a diferença.  

Por mais empatia que possa criar, nunca vivi um pós-parto. Por mais que possa imaginar, nunca tive horas de privação de sono com um bebé nos braços. Por mais que queira, não posso falar por vocês, que já passaram por isso.
Sei que o pós-parto pode ser maravilhoso e sei que pode ser aterrador. Mais, sei que num minuto é maravilhoso e no minuto seguinte é aterrador. E isto é o que o torna na montanha-russa que é. Um dia, em conversa com a Satya Kaur, ela dizia-me: "Temos de dizer às mulheres que se vão sentir perdidas. Isso é garantido. Tu, no Pós-Parto, vais sentir-te perdida. E o que fazes com isso? Que ferramentas tens ou podes trabalhar para, nesse momento, lidares com isso?" A Andreia é uma querida amiga, irmã. Acompanhei-os desde antes de engravidar. E continuarei a acompanhar pela vida fora. Ela quis partilhar a sua experiência e eu sou muito grata por isso!
"O quadro perfeito
Quando se fala em pós parto a maioria de nós imagina uma família penteada e vestida com roupa limpa e engomada, sorridente. Neste quadro o bebé está ao meio, entre pai e mãe, e nenhum destes tem olheiras. Um retrato de felicidade e plenitude. É o quadro perfeito.
Ora, eu descobri que na minha casa, e pelo menos nas casas das amigas próximas, este quadro é só uma fotografia de uma qualquer publicidade a hospital/maternidade.
Na minha casa, sorriamos sim, sentiamos felicidade sim, mas as olheiras chegavam ao chão, a roupa não estava engomada, e também pouco importava pois andava sempre com a mesma, e o bebé no meio dos pais é uma realidade mais literal que poética.
A relação
A relação entre pai e mãe recém nascidos eles também, é posta à prova sem intenção. Sim sem intenção. Ninguém consegue adivinhar, ou preparar-se, e muito menos desejar o resultado prático na sua personalidade, devido à privação de sono e intensa responsabilidade. As rotinas que antes mantinham o casal em contacto, unido, alinhado e actualizado um sobre o outro acabam. PARA SEMPRE! É que o início de tanta coisa, é também o fim de outra tanta. Algo que ficou claro para mim foi que se uma relação não estiver firme, a vinda de um filho vai torná-la ainda mais frágil. E foi assim que percebi o porquê de tantos casais se separarem nos primeiros meses de vida dos filhos, e mordi a língua, por, no passado, de forma descontraída e ignorante ter tecido comentários de espanto e incredulidade sobre essas mesmas separações.
Tudo isto me pôs a pensar nas histórias das "mulheres que engravidam para apanhar o homem" e até me fez doer o estômago. Realmente a falta de experiência e conhecimento são conselheiros muito fracos.
A solidão
Desde cedo que sei, porque o sinto de vez em quando, que estar aqui, viver, é um acto solitário. Todos nós já passamos fases em que mesmo rodeados de pessoas não deixamos de sentir a velha amiga solidão. A diferença está, a meu ver, em viver essa solidão sozinhos ou não. Por causa disso podem pensar que ter um bebé acaba com essa questão, porque sozinha não se está mais. Pois, mas é aí que se enganam. Tenho 34 anos e o pós parto foi a altura mais solitária e só, de toda a minha curta vida (talvez não tão curta já, vá se lá saber). Tinha o meu filho e o meu marido, e entre noites mal dormidas, lágrimas hormonais, e uma lista de dúvidas iamos crescendo como pais e construindo o nosso quadro perfeito. Mas o pai tem uns dias de licença e por isso voltou a trabalhar. E eu fiquei com o meu filho, eu e ele, minutos após minuto, hora após hora (esqueçam os dias, com um recém nascidos todo o tempo se conta no máximo em horas). Eu e aquele nenuco, novo na minha vida e que sem saber como já amava incondicionalmente. Eu e o bebé que decidi ter, e que precisava de mim para sobreviver. Eu e as horas para mamar, as fraldas para limpar, o sono para fazer e uma casa para gerir. Desejava intensamente que o maridão voltasse para casa todos os dias. Não, não era pelo cansaço, as hormonas trataram de me manter e energizar. Eu queria desalmadamente falar e ouvir um adulto. É que o meu querido filho nesta altura nada dava, apenas recebia.
E no meio desta aventura pus-me a pensar onde andariam todos os adultos que costumavam fazer parte da minha vida. Ah a ignorância e a falta de experiência outra vez a pregar partidas...
Lembrei-me que eu, e talvez a sociedade em geral, já que apre(e)ndi isto em algo lugar, tem como hábito o ir visitar a mãe mal o bebe nasce, parabenizar os progenitores, presentear o recém nascido, ir embora e nunca mais voltar até a criança ter dentes. Então os meus amigos não pais, como eu um dia, fizeram a visita da praxe e nunca mais os vi (quer dizer, alguns nem isso, optaram pelo telefone). Os que já eram pais estavam ocupados com as suas próprias crianças.
E eu continuei pacientemente na minha solidão, à espera que o marido chegasse e que o filho crescesse.
O tempo
Outro facto de que me dei conta foi a expectativa versus realidade da duração do pós parto. Na minha cabeça o pós parto estava ligado à soma de, no máximo, 6 meses. Mais ou menos 180 dias e as hormonas recolhem, a criança já tem a espinha forte, a moleirinha mais pequena, e claro dorme. Pois, sim, mas não. No meu caso, 1 ano depois as emoções eram tão intensas que cheguei a suspeitar de uma depressão pós parto tardia. Na verdade, as minhas emoções queriam apenas ser libertadas. Pois com a ideia de um pós parto de 6 meses, pressionei-me a criar e realizar uma data de coisas. Abusei de mim com base numa ideia e nem dei conta, pois na verdade ainda andava (ando) em piloto automático.
Amigas minhas, passados 3 anos, dizem-me que só agora estão para as curvas, outras houve realmente para as quais 6 meses foram suficientes. É importante para nós mães, deixarmos de lado as convenções sociais, só assim poderemos aproveitar o processo, o nosso processo. Neste momento, quase um ano e meio depois, posso afirmar em consciência que o pós parto está a começar a chegar ao fim, mas não me atrevo a marcar-lhe data de término, permito-lhe, assim como me permito a mim, fazer como lhe aprouver.
O Eu
Durante o pós parto fui-me apercebendo dos desafios, e com honestidade assumo o Desafio. Este, o GRANDE, está relacionado com a liberdade. Durante anos trabalhei para me libertar "do que esperam de mim", "do que pensam de mim" e portanto, passei a sentir liberdade para fazer como queria e ser o que sou, quando e como quero. Agora, e isto já não tem a ver com o pós parto, mas sim com a maternidade para mim, provocou-me a redefinir o conceito de liberdade.
Não, já não durmo quando e o que quero. Não como às horas que quero, onde quero. Tenho de escolher onde vou tendo em conta uma data de detalhes que visam o acolher de uma criança. Não tomo decisões de forma impulsiva, porque podem afectar a minha família. Enfim, sabem como é. Por outro lado, descobri um novo eu no papel de mãe. Sempre acreditei que ser mãe ia dar-me a oportunidade de ser melhor, de me superar, de concretizar e de querer viver intensamente. E isso tudo se tornou verdade. Sei que um dia o meu filho, assim como eu, vai seguir, de forma independente. Mas eu continuarei a ser mãe, e é neste papel, que ganho e ganharei a cada dia mais experiência e com sorte menos ignorância.

Andreia
Namdeep Kaur"

 
Estou para escrever este post há mais de dois meses e finalmente hoje, consigo sentar-me, em silêncio, e dar toda a atenção que este assunto merece :).
Como já falei aqui no blog e partilhando algumas palavras do terapeuta Karlton Terry o parto é um momento traumático para o bebé. Seja parto vaginal natural, parto vaginal intervencionado ou cesariana. 
A verdade é que há formas de nascer mais traumáticas do que outras e há formas também, que estão ao nosso alcance, para minimizar os traumas do parto no bebé.
 
Sabendo já o impacto que a forma de nascer tem em toda a vida do novo ser e como essas memórias ficam profundamente marcadas nas suas células, de que forma podemos minimizar este trauma ao longo dos primeiros meses de vida do bebé?
 
Sabemos que a Cesariana é uma cirurgia que salva vidas. E tanto salva a vida do bebé como da mãe. Isto é inegável e toda a vez que apetece "crucificar" a Cesariana, é bom que nos lembremos disto!
A verdade também é que muitas vezes recorre-se a Cesariana sem haver risco de vida e aí sim, é bom repensar nas nossas escolhas enquanto mulheres, mães, cidadãs, profissionais de saúde, e em última instância, Humanidade. 
 
Que diferenças existem entre os bebés que nascem de Cesariana e de Parto vaginal?
Como Karlton Terry diz "Partos muito difíceis, com muita intervenção ou cesarianas podem provocar traumas maiores. A forma como uma pessoa entra num novo contexto da vida ou numa nova experiência (novo emprego, local desconhecido, novo grupo, uma palestra) será sempre comparada à experiência do nascimento. “Enquanto o bebé negocia com as pressões e transições do nascimento, as conexões cerebrais criam um programa que padroniza impressões e respostas, que afetam o seu cérebro e o comportamento. É uma espécie de programação induzida pela experiência formativa do nascimento que, como um modelo, influencia e desenvolve o cérebro e os padrões de comportamento dos bebés”.
 
"Muito crítico do número excessivo de cesarianas desnecessárias, Karlton Terry atribui também uma extensa lista de consequências psicológicas relacionadas com tipo de nascimento: “É chocante para o bebé ser posto fora da barriga sem percorrer o seu próprio caminho. Por exemplo: na escola, vão ser alunos que pedem ajuda mesmo quando não precisam, pois estão habituados a receber sempre ajuda. São mais defensivos em relação ao toque. Têm mais problemas de intimidade e sexuais”."
 
Se nos colocarmos no papel do bebé, criando empatia com ele, conseguimos sentir isto?
No caso de Cesarianas Electivas, em que o bebé não manifestou ainda sinais de que está pronto para nascer, de repente vê o seu ninho protegido e protector completamente exposto, vê-se arrancado do seu lugar seguro que o acolheu durante 9 meses, vê-se agarrado por mãos que não conhece, exposto a uma luz intensa que nunca viu, numa temperatura que nunca sentiu. 
Como acham que ele se sente?
O bebé que nasce de Cesariana não passa pelo canal vaginal, certo? Não é espremido nem sente a sua força interior de "fazer força". Ele simplesmente é retirado, sem fazer nada por isso.
A nível emocional e comportamental (ainda que inconscientemente) será uma criança e um adulto que espera que as coisas aconteçam, que não reconhece o seu valor, a sua força interior, a sua capacidade para fazer acontecer.
E quando este parto acontece, o que podemos nós, mães, pais, doulas, terapeutas, tias, avós, fazer para minimizar estes danos?
Há já várias formas de trabalhar terapeuticamente estes traumas, no entanto, o objectivo desta partilha é informar os recém-papás a, desde logo, intervir terapeuticamente com o seu filho.
O que fazer para minimizar o trauma de Cesariana, no bebé?
> Massagem e Colo:
O bebé deve ser tocado, através de um toque que o faça sentir aceite, amado e bem recebido, porque muitas vezes estes bebés podem nem saber bem o que aconteceu e o que se passa.
Deve ser massajado em todo o corpo e principalmente na cabeça, ombros e braços como se o bebé estivesse a passar num túnel. Massajar ligeiramente mas com algum foco na forma que estamos a dar ao corpo do bebé, porque como o seu corpo não foi espremido, estes bebés não têm muita noção dos limites do seu corpo;
 
> Comunicação e Reforço positivo:
Como as crianças que nascem por cesariana tem presente, de uma forma ou de outra, o sentimento de incapacidade, é importante dar reforço positivo, elogiar, dizer quando faz bem, e dizer que, quando faz mal, ele consegue fazer melhor - incentivar para que não desista.
O bebé deve ser elogiado desde sempre, em coisas pequeninas - por exemplo, se está com dificuldade a fazer cócó e consegue fazer, deve ser reconhecido. Ou se tem dificuldade em mamar e consegue mamar, por exemplo.
Enquanto bebés pequeninos, este reforço deve ser feito recorrendo a frases especiais e rítmicas que sejam o mantra de cura da cesariana. Cada pai e cada mãe deve, olhando para o seu bebé, identificar a sua, mas ficam aqui algumas sugestões da Doula e Terapeuta Yolanda Castillo:
- "Tu.....és um menin@ especial, um ser único e maravilhoso"
- " O menin@ têm magia no seu coração, e com ela consegue realizar  todo o que ele quiser".
- " Eu sou um menin@ feliz e corajoso, consigo mexer o meu corpo, e tornar as coisas mais facéis"
Estas podem ser utilizadas com bebés, desde recém-nascidos até aos 3 anos, depois podem ir modificando-se e cada casal constrói as suas próprias. 
 
> Terapia Sacro craniana
 
Como vêm há algumas coisas simples que podemos fazer e que estão ao alcance de todos para minimizar os efeitos de nascer de Cesariana. O primeiro passo é, claro, identificar que estes bebés têm necessidades diferentes de outros bebés. Estar atenta e querer colaborar com o nosso bebé, aceitando o seu percurso de vida, aceitando a sua escolha. 
E como a terapeuta Xuxuta Grave diz "Sobretudo respeitar que um bebé que nasceu de cesariana terá desafios diferentes de um outro que nasceu pelo canal vaginal, e isso não tem que ser mau nem bom, mas aceite. Mais tarde terão que trabalhar e reconhecer o seu poder, a sua força, a sua capacidade de autonomia, e os seus limites, as suas fronteiras."
 
[imagem de http://birthwithoutfearblog.com/2011/09/07/how-to-avoid-an-unnecessary-cesarean-section/
MUITO MUITO GRATA pela colaboração de Doula Yolanda Castillo, Doula Luísa Condeço, e Xuxuta Grave]
 


Ainda embebida em Oxitocina vos escrevo! :D

Estive esta manhã em casa da minha querida amiga e irmã e recém-mamã A. e vim de lá com uma enorme vontade de escrever sobre isto, que é Ser Doula em Pós-Parto. 

Ser doula não é acompanhar durante a gravidez e parto? E no Pós-Parto o que faz a doula? O que faço eu? O que fiz, hoje, eu?

Tínhamos combinado que lá passava hoje, na primeira semana em que estaria sozinha em casa com o seu bebé já que o pai voltou ao trabalho.
De manhã disse-me que se sentia febril, cansada e só lhe apetecia dormir. Apetecia-lhe caldo miso e precisava dele para se recuperar. 


A minha missão hoje era, no mínimo, fazer-lhe o Caldo (ahah). Conseguimos que tomasse banho enquanto eu fiquei com o bebé e conseguimos também que dormissem os dois, mãe e bebé, uma horinha descansados. 
Enquanto o bebé dormia junto a mim, na cozinha, para a mãe dormir efectivamente descansada, consegui preparar o Caldo e ainda dar um jeitinho na cozinha - tirar a loiça da máquina e passar outra por água. 

Enquanto via o S. a dormir, tão descansado, enquanto espreitava a A. a dormir e enquanto me via ali, com mãos molhadas a descobrir os panos, os fósforos, os armários das loiças, sentia TAAAAAAANTA gratidão! Que privilégio poder contribuir para este bem estar!

Quando há 2 anos fiz formação de Sevadar e me inscrevi na Postnatal Support Network estava longe de imaginar o prazer que fazer parte desta rede, activamente, me dá.

Ser doula em Pós-Parto é estar disponível para o que for preciso. Exactamente para o que a mãe precisa para se sentir bem e capaz de cuidar do seu bebé. 
É preciso cortar-lhe as unhas porque ela não se sente muito confortável? 
É preciso tirar a loiça da máquina? Pôr roupa a lavar? 
É preciso ser o colo do bebé para que a mãe esteja uma hora descansada?
É preciso ser a boleia para a mãe ir apanhar ar?
É preciso ir à farmácia comprar qualquer coisa?
É preciso pão?
É preciso massagem?
É preciso mais dois olhos para o bebé porque isso traz tranquilidade à mãe?
É preciso ouvir?
É preciso dar colo para que a mãe possa chorar o seu cansaço e o seu desespero?
É preciso ficar com o bebé para a mãe ir namorar com o pai, meia hora?

O que tu, recém-mamã, precisas agora? Neste instante?
Eu estou aqui, disponível e entregue para ser essa ajuda que precisas :D
Se vocês soubessem a alegria que sinto por ser esta pessoa, esta doula que vos ajuda, também, no pós-parto! :D

Peçam ajuda. Mesmo que achem tonto, desnecessário. Mesmo que achem que podem fazer sozinhas. Sim, podem. Mas se pedir ajuda torna tudo mais fácil, porque não usufruir disso? Cuidem-se! Cuidem de vocês para poderem cuidar dos vossos bebés! 
Há uma série de mulheres disponíveis para vos ajudar, garanto-vos ;)

Se precisarem de Babysitting, Mamasitting  ou Doula Pós-Parto estou aqui! :D



Bom dia!!!

É com grande alegria que escrevo este post! 
Ontem fui conhecer o pequeno Rafael, bebé que acompanho in útero desde as 15 semanas de vida, e não podia estar mais contente.
O Rafael, ao contrário do que achava, nasceu de parto vaginal e o orgulho que sinto pela J., pela sua força, pela sua capacidade de parir mesmo depois de uma gravidez tão exaustiva e difícil é gigante!!
Toda eu transbordo alegria por saber que é mesmo possível! Que esta querida mulher que tive o prazer de acompanhar foi capaz de se superar e de colaborar com o seu bebé no parto que ambos escolheram :D

Ontem, na visita do pós-parto que fiz à J., falamos das possíveis cólicas do pequeno Rafael e formas de aliviar este desconforto.

O que pergunto primeiro é: são mesmo cólicas? Que sinais o bebé dá?
Contorce-se e parece aliviado quando dá puns? Ouvem-se alguns gases na barriga? Ok, então é realmente provável que sejam gases e cólicas.


Assim sendo, uma forma que ajuda no alívio deste desconforto nos bebés é a massagem Shantala.
Há inúmeros benefícios da massagem em si, como estimulação, alívio, interacção e relaxamento, mas o que aqui partilho hoje é a massagem focada no alívio das cólicas.

A Associação Internacional de Massagem Infantil recomenda que os bebés sejam massajados com óleos vegetais de alta qualidade, sem cheiro, prensados a frio, e de preferência cultivados organicamente. Podem ler mais sobre a massagem aqui.

Deixo-vos dois vídeos, com bebés com diferentes idades, para que vejam como fazer.
A massagem deve ser feita diariamente e não apenas em altura de "crise".




BOAS MASSAGENS para todos!!! :D

[http://www.iaim.net/languages/portuguese/]



Depois do bebé nascer, a chegada a casa pode ser uma grande alegria mas pode ser também um grande misto de medo, ansiedade, aflição e insegurança.
Para pais de primeira viagem, sem pais, sobrinhos e filhos de amigos por perto este momento de chegada a casa sem o apoio dos profissionais de saúde e família pode ser muito aflitivo de facto.

Assim, preparei um post simples e claro com alguns tópicos que é preciso ter em atenção quando temos um recém nascido ao nosso cuidado.


1. AQUECIMENTO
Os recém nascidos não conseguem nas primeiras semanas regular a temperatura corporal como os adultos e por isso é preciso ter em conta a sua temperatura corporal já que esta aumenta e diminui rapidamente.

> Os recém nascidos perdem cerca de 70% de calor pela cabeça, pelo que devem ter um gorro, um pano ou um chapéu. 
> Os recém nascidos normalmente precisam de uma ou duas peças de roupa a mais do que os adultos. Isto é, se neste momento eu tenho duas camisolas vestidas, o meu bebé precisará de ter 3 mangas - body, babygrow e casaquinho, por exemplo.
> Uma das formas que temos de ver se o bebé tem frio ou calor ou colocar uns dedos nas suas costas ou peito, se estiverem frias estas superfícies corporais, o bebé tem frio. Se estiverem transpiradas, o bebé está sobreaquecido. E isto é perigoso, também.
> O contacto pele com pele é uma excelente forma de ajudar o bebé a regular a sua temperatura corporal :)

2. SONO

Os recém nascidos passam grande grande parte do tempo a dormir, chegando a dormir nas primeiras semanas até 18 horas/dia. 

Aqui a dica vai para as mães, aproveitem realmente para dormir enquanto os bebés dormem!!


Bebés que durmam muito e tenham muita dificuldade em acordar podem estar doentes. É preciso avaliar.

3. CARINHO
O carinho é indispensável à sobrevivência, sabiam? 

Não tenham ideias sobre habituar mal, sobre o bebé ter manhas...quanta crueldade. Um recém nascido, acabou de chegar à vida humana, terrena, fora do útero, onde estava 24 sobre 24 horas acolhido, aquecido, embalado, acompanhado, e querem pô-lo sozinho, num berço frio, completamente em silêncio, num ambiente repleto de luz? Vamos com calma :) Vamos ajudá-los a fazer esta transição.

A única forma que os bebés têm para exprimir as suas necessidades, sejam elas, fralda molhada, fome, sono, frio, calor, insegurança, medo, susto...é através do choro. Sempre que o bebé chora, mostrando a sua necessidade e esta é atendida, satisfeita, ele aprende que o mundo é um lugar seguro e amoroso. O bebé aprende desde logo a confiar e a ser confiante. 


Pegar no bebé de forma gentil, falar baixinho, respeitar os seus ciclos de sono/vigília, amamentar em livre demanda, beijar, dar colo...são tudo formas de acarinhar o novo bebé. 




4. PROTECÇÃO CONTRA INFECÇÃO
Os recém nascidos estão ainda a fortalecer o seu sistema imunitário e é muito importante manter afastadas possíveis causas de infecção.

> Adultos e crianças doentes não devem visitar o recém nascido nas primeiras semanas.
> As mãos devem ser lavadas antes e depois de tocar no bebé.
> As unhas devem estar cortadas e limpas.
> O cordão umbilical deve estar limpo e seco.
> O leite materno ajuda e muito na formação do sistema imunitário do bebé.

5. BANHO
> Para dar banho ao bebé, o quarto deve estar ligeiramente aquecido e sem vento.
> Deve estar tudo pronto para o banho antes de começar - roupa, toalha, fralda, creme ou óleo, meias, gorro, compressas para limpar o cordão, água quente - para que o bebé fique o menos tempo possível descoberto.
> A água do banho deve estar quente sem ser demasiado quente. Uma boa dica é usar o cotovelo. Se a água estiver à sua temperatura, está óptima. Claro que cada bebé tem a sua própria sensibilidade e de banho para banho vamos percebendo qual a melhor temperatura para o nosso bebé.
> Primeiro lavar a cara, depois o corpo e no fim o cabelo uma vez que é pela cabeça que o bebé perde mais calor corporal e por isso é a última parte a ser molhada.
> Depois de tomado o banho, o bebé deve ser colocado pele com pele para que a temperatura regularize novamente.

6. CORDÃO
O cordão umbilical é muito importante pois pode ser uma fonte de infecção e tétano.

> O cordão deve manter-se seco e limpo e não cobri-lo com nada (compressas, gazes....) claro que a roupa vai estar por cima mas só depois do cordão estar bem seco.
> É preciso ter cuidado com o chichi, principalmente nos rapazes, para não molhar o cordão.
> Normalmente o cordão cai, completamente seco, 5 a 10 dias após o parto.

Sinai de infecção do CORDÃO UMBILICAL:
> Atraso na separação do cordão/umbigo (mais de 10 dias)
> Secreção de pus
> Odor desagradável 
> Vermelhidão ou inchaço

7. SINAIS DE PERIGO NO RECÉM NASCIDO
Alguns sinais que mostram que alguma coisa não está bem e que indicam necessidade de avaliação pelo médico pediatra:
> Problemas respiratórios - recém nascido respira < 30 ciclos por minuto ou > 60 ciclos por minuto
> Dificuldades na amamentação
> Temperatura corporal baixa
> Temperatura corporal alta - febre
> Pálpebras inchadas, vermelhas e com produção de pus nos olhos
> Pele avermelhado, pus, inchaço ou odor desagradável junto ao cordão umbilical
> Convulsões/desmaios
> Icterícia/ pele amarelada


Estes são alguns, dos mais importantes talvez, pontos a ter em conta quando a nova família chega a casa, sozinha, autónoma e pronta a viver uma grande aventura :)

A minha sugestão pessoal é que peçam ajuda SEMPRE que for preciso. É sem dúvida uma altura muito delicada, com as alterações hormonais, emocionais e espirituais da nova mãe, com a dinâmica da família e do casal a ser totalmente reestruturada e há estes cuidados físicos a ter com o novo bebé.
Com calma, com confiança e com intuição acredito que seja mais fácil :)

Com amor,
Catarina

[adaptado de Cuidados ao Recém-Nascido . Manual de Consulta . Saving Newborn Lives PDF
fotografias maravilhosas retiradas de http://www.maxineevansphotography.com/
e Heather Carraway]

Descobri que, mais do que me preparar física, emocional e espiritualmente para receber um bebé em mim, mais do que querer uma doula para me apoiar na minha gravidez e parto, mais do que querer dar muuuuuuito colo e muiiiita mama e muito respeito e muita parentalidade positiva aos bebés que serão os meus filhos, vou seguir uma filosofia de vida (será?) que engloba TUDO isto.

Tudo isto se enquadra numa forma de criar e por isso eu a ter chamado de filosofia de vida, tal como o vegetarianismo ou a macrobiótica. O nome deste estilo de vida com foco na educação e criação é CRIAÇÃO COM APEGO ou ATTACHMENT PARENTING (Hoje em dia há nomes para tudo não é? :))


A Criação com Apego não é mais do que a criação de vínculos fortes com os nossos filhos e tem 8 princípios fundamentais. Cada um pode ser muito desenvolvido e desconstruído em vários pontos, no entanto e para uma primeira abordagem, vou trazer o resumo que li, feito pelo Thiago Queiroz do paizinhovirgula.
A criação com apego começa exactamente, como eu defendo, antes da gravidez!


  • P1: Preparando para a gestação, nascimento e criação
- Que tipo de pessoa sou? Estou resolvida? Tenho inseguranças? Traumas? Crenças? Eu acredito que é fundamental auto descobrirmo-nos e conhecermo-nos. Se há partes de mim que eu não conheço, que não são plenas nem felizes, como posso eu ser o exemplo para o meu filho? Aqui pode ser importante fazer trabalho emocional e ir à própria infância perceber que filhos fomos, que pais tivemos...
- Depois avaliar os tipos de parto que existem, o que mais se identifica comigo, por que procedimentos médicos vou passar, ou não, qual a forma que escolho para trazer ao mundo o meu filho?
- Escolher uma doula que me ajude neste processo, tanto a nível emocional como informativo
- Pesquisar também sobre cuidados ao recém nascido para me irs preparando para a chegada do bebé e para me sentir mais segura e capaz.

P2: Alimentando com Amor e Respeito

- Amamentação como primeira escolha
- Entender que o estômago do bebé é pequenino e aceita pequenas quantidades de leite de cada vez,. O bebé precisa de mamar não só porque tem fome e descomplicar este assunto - amamentar quando o bebé precisa e satisfazer a necessidade do momento - amamentação em livre demanda
- Criar vínculo com o bebé através da amamentação, trocar olhares. Os recém nascidos precisam que os olhos da mãe e do pai se centrem neles. Faz parte e é essencial para o seu desenvolvimento.
- Iniciar a alimentação sólida quando o bebé mostra sinais de que quer isso e não porque faz 4 meses ou 6 meses e dizem que está na altura. Estar atenta e respeitar as necessidades e as vontades do bebé!

P3: Respondendo com sensibilidade

- Estar sensível às necessidades do bebé, compreender que há bebés que precisam de mais contacto físico do que outros, que precisam de ajuda para se acalmarem, que o choro é a única forma que têm de mostrar desconforto e respeitar essa comunicação, atendendo com sensibilidade às necessidades dele
- Sermos também empáticos. Se o bebé ou a criança mostra zanga ou raiva ou medo para quê ralhar? Era isso que gostaríamos que fizessem connosco? Se procurarmos entender a razão que está por trás daquele sentimento e confortarmos a criança não é mais benéfico?

P4: Usando o contacto afectivo

- O toque é fundamental para todos nós e mais ainda quando somos crianças. O toque faz crescer, ajuda no desenvolvimento, desperta sensações e aproxima-nos uns dos outros
- Usar a amamentação, a massagem infantil, o colo, os abraços para nutrir o bebé e a criança

P5: Garantindo um sono seguro, física e emocionalmente

- A primeira pergunta que fazem aos pais "Já dorme a noite toda?". É tão importante conhecer o ritmo de sono dos bebés, perceber que o acordar frequentemente é uma questão de sobrevivência! Falei do sono aqui, podem ler mais sobre este assunto. 
- Cosleeping - o bebé dorme com os pais e isto pode ser na mesma cama ou no mesmo quarto, desde que haja proximidade - tem mostrado cada vez mais ser seguro e benéfico seguindo algumas regras. O que acontece nestes casos é que quando o bebé desperta ligeiramente tem ali uma presença, uma mão sobre o corpo, um shhhh, que o embala e lhe dá segurança. Ele sabe que não está sozinho e que é seguro dormir. Quando sente fome e começa a dar sinais disso, se a mama estiver próxima, o bebé pode até nem acordar e sente também que as suas necessidades são satisfeitas e mais uma vez que é seguro dormir.
- Não esquecer também que mesmo em adultos há quem tenha dificuldade para dormir e que não gosta de dormir sozinho. Então porque vamos obrigar um bebé a isso? Porque não confortar e ajudar sabendo que nos primeiros meses de vida, muitos bebés não têm maturidade para se acalmarem sozinhos? 

P6: Provendo cuidado consistente e amoroso

- Mais uma vez aqui a importância do vínculo. Se deixamos a criança com alguém que não os pais, o ideal é que entre a criança e o cuidador haja vínculo. É muito importante que a criança aprenda a confiar, sabendo que na sua rotina está ao cuidado daquela pessoa, de quem gosta e por quem é amado e respeitado.
- É na primeira infância que as crianças aprendem a criar vínculos. Se estão constantemente a mudar de cuidador ou se são desprezadas ou desvalorizadas espera-se que cresça dali um adulto que não confia nos outros porque as primeiras relações que teve na sua vida não foram exemplo de consistência nem amorosidade.

P7: Praticando a disciplina positiva

- Novamente aqui a importância de tratarmos os nossos filhos como gostaríamos de ser tratados. Colocar medo, manipular, chantagear não é bom para ninguém principalmente em crianças que não sabem ainda defender-se nem conhecem mecanismos para ultrapassar isso. Potenciar a vergonha, a humilhação a uma criança é terrível!! E pode acontecer com coisas simples e muitas vezes inconscientes (a avaliar pelo número de situações do género a que eu assisto no meu dia a dia).
Um exemplo: "não comes a sopa? fico triste contigo".
Porque temos de manipular a criança? Porque ameaçamos assim? Porque não entender a razão pela qual a criança não quer comer a sopa? E negociar se for preciso - "Não te apetece toda, comes o que quiseres!" Não é mimo nem má educação! É compreensão, é explicar a importância da sopa, a importância de, por vezes, comermos alimentos que não gostamos tanto do sabor, que o sabor educa-se...etc.
(A Magda do Mum's the Boss é perita nesta área!!! :))

P8: Mantendo o equilíbrio entre a vida pessoal e familiar

- Aqui o chavão "Pais felizes, filhos felizes". Se não estou bem comigo como posso estar receptiva aos outros? Com sensatez, com equilíbrio arranjar formas de mantermos a nossa individualidade. Antes de sermos mães e pais já existiamos. Parece-me essencial manter este contacto com o nosso ser, que é só nosso e que para além de mãe é também mulher, esposa, filha, amiga, profissional, praticante de yoga, apaixonada pela praia e pelo sol....
- Arranjar formas de nos alimentarmos a nós próprios para podermos ser uma fonte saudável e feliz para os nossos filhos!!

(adaptado de http://paizinhovirgula.com/criacao-com-apego-aquele-resumo-que-voce-sempre-quis/)




Hoje em dia a depressão pós-parto é tão falada e conhecida que permite a quem precisa de ajuda pedir ajuda e a quem pode e quer ajudar, ajudar. Mas será que todas mulheres que sofrem depressão pós-parto sabem pelo que estão a passar e pedem mesmo ajuda? Não acharão elas que é hormonal e "normal" e com o tempo passa?


Este tema surgiu hoje quando me cruzei com uma mulher, mãe há 2 anos, que mostra agora sintomas físicos como - dormência nas mãos, sensação de aperto no peito e falta de ar. Conversando um bocadinho com ela e abrindo espaço para falar para além do físico acabou por me contar que se tem apercebido que grita muito com a filha, que anda irritadiça e qualquer coisa a incomoda. 

Uma das coisas fundamentais para a minha vida que aprendi durante os últimos meses foi que todos somos espelhos uns dos outros e portanto, se a filha a irrita é porque ela anda irritada. (Parece óbvio? :)) 
Se há esta necessidade de libertar esta raiva com gritos, com ralhar, é porque há desconforto e raiva dentro dela. E porquê? 

Esta mulher contou-me que quando a filha nasceu ela chorava muito. Não dava conta disso na altura, mas agora sabe que não saía de ao pé dela, não descansava, não dormia enquanto ela dormia (15 minutos seguidos em vez das 2/3horas)... Falamos do apoio que ela teve na altura e contou-me que com a sogra teve uma relação muito complicada. "A minha filha chorava e a minha sogra tirava-me a bebé dos braços." Como uma mãe se sente com este tipo de atitudes? 

Há vários estudos que mostram as vantagens de ter uma doula na gravidez, parto e pós-parto. Uma delas é a diminuição dos índices de Depressão pós-parto. E porque será? Porque a mulher é empoderada! O trabalho emocional feito com a mãe vai no sentido de lhe dar poder, de a ajudar a sentir-se capaz de parir e cuidar do bebé que aí vem. E quando há pessoas à volta da mãe que fazem exactamente o contrário? Que lhe tiram poder e sabedoria?

Esta mulher é mãe há 2 anos e não teve apoio emocional nenhum. Como pode não ter sintomas agora? Como pode não estar zangada internamente? Esta mulher precisa de apoio.

Os quase 15% de mulheres que sofrem de Depressão Pós-Parto em Portugal precisam de apoio!

Existem doulas especializadas em pós-parto, disponíveis, mesmo para mulheres que foram mães há 10 anos! Porque o  trabalho emocional pode ser feito em qualquer altura. Estas mulheres MERECEM esta ajuda! Assim seja pedida :)

Alguns dos sintomas da depressão pós-parto são:
- afastamento de amigos e família
- alterações do sono
- alterações do apetite/mudança no peso corporal
- falta de concentração
- falta de desejo sexual
- falta de energia em geral
- sensação de incapacidade de tomar conta do bebé
- pânico exagerado com o que pode acontecer
- afastamento do bebé

Existem alguns do tratamentos alternativos:
- actividade física (30 minutos/dia)
- actividade de grupo onde a partilha seja possível
- fazer um diário para processar as emoções
- ter uma doula
- fitoterapia
- luz solar (>15 minutos)

Por isto, se se identificam com alguns destes sintomas e honestamente sentem que precisam de ajuda, peçam! Se têm uma amiga que apresenta alguns destes sintomas, apresentem-lhe estas opções. Quanto mais divulgarmos, mais mulheres conseguimos apoiar :)
Existe uma lista de Doulas disponíveis aqui (http://redeportuguesadoulas.weebly.com/encontra-a-tua-doula.html) 

O meu e-mail é uaumama.blog@gmail.com e está disponível 24horas por dia! :)

(imagem de http://www.pregnancy-yoga-resource.com/postpartum-depression.html
adaptado do "Manual de Doulas" da Doula Maria Luísa Condeço
e consulta https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/18465/3/Tese%20Mariana%20Marques.pdf
e https://ubithesis.ubi.pt/bitstream/10400.6/1163/1/Tese%20DPP%2029Maio.pdf)










Durante o curso de Doulas aprendemos sobre os benefícios (e dificuldades) da amamentação, sobre a forma correcta de pega e como isso compromete a saúde da mãe e a nutrição do bebé, sobre remédios caseiros para alguns obstáculos que surgem durante a amamentação e ainda algumas curiosidades, que pessoalmente, me deixaram AINDA mais fã e defensora da amamentação.


Qual é a primeira coisa que pensam quando vos pergunto: Porque o bebé é amamentado?
Será porque está inseguro? Porque tem sede? Porque quer colo e afecto? Porque tem fome?
O leite é alimento e por isso é normal que associemos directamente à fome do bebé. Mas o leite materno tem muito mais funções que se tornam obrigatoriamente em benefícios da amamentação, sendo: nutrição, imunidade e colo/vínculo.




O leite materno é constituído por:
  • >87% água
  • proteínas (imunoglobulinas) 
  • minerais (cálcio, ferro, zinco)
  • lípidos (triglicéridos)
  • hidratos de carbono (lactose)
Sabia quem a constituição do leite altera-se durante a mamada, durante o dia e durante a vida do bebé, adaptando-se biologicamente às necessidades de cada bebé específico?
Tal como nós temos diferentes necessidades nutricionais ao longo do dia, e o nosso pequeno-almoço difere do almoço e do jantar, também o bebé tem diferentes necessidades ao longo do dia. O leite da mãe tem a capacidade de ir modificando ao longo do dia para suprimir esta necessidade e saciar nutricionalmente o seu bebé.

Em relação à frequência da mamada e sabendo que o bebé precisa de mama para além da fome que sente, sou completamente a favor da mamada em livre demanda. Para além disto, importa também saber que leite materno demora em média 48 minutos a ser digerido, enquanto que o leite artificial demora cerca de 78 minutos.

O que dita a produção e quantidade de leite materno? 
Como aparece no vídeo as principais hormonas envolvidas no processo de amamentação são oxitocina e a prolactina.
Enquanto que a oxitocina é responsável pela ejecção do leite, pelo enamoramento da mãe pelo bebé, pelo sentimento de amor, partilha e cumplicidade na hora da mamada, a prolactina é responsável pela produção do leite e é segregada logo após o bebé mamar de forma a potenciar a mamada seguinte.
A prolactina aumenta com o esvaziamento da mama, amamentação em livre demanda e amamentação nocturna uma vez que esta hormona é mais produzida durante a noite. Assim, a amamentação nocturna é muito importante para manter a drenagem do leite sem que haja acumulação deste nas glândulas mamárias.
A prolactina diminui com a a falta de drenagem, isto é, introdução do biberão, posição incorrecta,
mamas doridas e condições psicológicas (medo, ansiedade, crenças limitantes...).

A pega da mama por parte do bebé é FUNDAMENTAL para que a amamentação tenha sucesso.
A mãe deve apoiar o bebé com o braço contrário à mama que vai oferecer. O bebé deve estar com a cabeça para trás, ligeiramente esticada e o movimento de encontro à mama deve ser feito debaixo para cima. Isto é, o mamilo toca primeiro no nariz do bebé e só depois na boca. Nesta altura podemos deixar o bebé procurar a mamã uma vez que quando sentir o mamilo este vai colocá-lo dentro da boca naturalmente. A forma correcta de pegar no mamilo é com a boca bem aberta, os lábios virados para cima e tendo todo o mamilo, incluindo a auréola, dentro da boca do bebé, como mostro na imagem.

O queixo do bebé deve bater na mama enquanto que o nariz e a testa devem estar livres,
Muito importante também é a barriga do bebé estar em contacto e de frente com a barriga da mãe.
Experimentem engolir com a cabeça ligeiramente de lado, em vez de alinhada com o tronco. É confortável? :)

A chucha deve ser evitada durante os primeiros 2 meses, pelo menos, para não confundir o bebé e atrapalhar a sucção do mamilo.

Sei que existem dificuldades na amamentação e que para muitas mulheres não é fácil este processo.
Existem realmente obstáculos como gretas, fissuras, mastites, crenças sobre leite insuficiente ou falta de aumento do peso do bebé que comprometem seriamente a amamentação acabando muitas vezes por levar à cessação desta. Mas existem também conselheiras de amamentação (aqui) e doulas só para pós-parto (aqui) que estão completamente disponíveis para ajudar.

Sabiam que 98% destes problemas existem por uma única razão? MÁ PEGA. Resolvendo este "pequeno" detalhe, resolvem-se as dificuldades. Claro que é preciso vontade e persistência e foco. :)

Este post já vai longo e num próximo falarei apenas destas mesmas dificuldades e de algumas formas de as contornar :)
Até já!

(imagens http://www.tuasaude.com/como-amamentar-com-sucesso/
 http://saberviverconsultoria.blogspot.pt/2011/02/posicao-e-pega-adequada-par-amamentacao.html)






Dei de caras com este pensamento escrito por uma querida e linda mãe e lembrei-me de deixar aqui a resposta que daria a esta pergunta.
Nos bebés a capacidade de auto-regular a temperatura não está totalmente desenvolvida sendo por isso importante estar atenta aos sinais de hipo ou hipertermia.
Se avaliarmos a temperatura do bebé somente pelas extremidade, braços e pernas, vamos estar induzidos em erro uma vez que o organismo do bebé canaliza o calor para os órgãos vitais - coração, rins, cérebro deixando os "menos importantes" menos irrigados.


Para avaliar correctamente a temperatura do bebé devemos colocar a mão nas costas ou peito e se estiverem suadas ou húmidas o bebé está sobreaquecido.
Esta é uma informação simples e realmente importante porque o sobrequecimento do bebé pode ser uma das causas de morte súbita.
Assim, o bebé não deve dormir com edredón, apenas com 2 ou 3 cobertores simples e leves, roupa confortável e larga.

Uma óptima solução, e que eu apoio imenso como já sabem, é ter o bebé no colo com o pano ou sling. De preferência, sempre que possível, contacto pele com pele. Não há nada melhor do que a pele da mãe ou do pai para o bebé regular a sua própria temperatura :)


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