Quando o bebé chora, é accionado o nosso instinto de protecção e imediatamente partimos em busca da resolução para aquele desconforto ao qual estamos a assistir. Como o bebé não sabe dizer o que é, vamos em busca da adivinha:
- Está com fome? Vamos dar mama.
- Está molhado? Vamos trocar a fralda.
- Está a sentir-se sozinho? Vamos dar colo.
- Está com gases? Ajudamos a arrotar e fazemos massagem abdominal.
- Está com frio? Colocamos uma mantinha para o aquecer.
E quando nada disto funciona? E quando, depois de satisfazer todas estas necessidades, o bebé não pára de chorar?
De facto, há estudos que mostram que 1 em cada 5 bebés têm crises de choro, com muita agitação e sem qualquer razão aparente
.
É aqui que surge a palavra “CÓLICA”. E o que é de facto é isto?
A palavra “Cólica” deriva da palavra grega Kolikos que significa intestino grosso ou cólon exactamente porque na Grécia antiga os pais acreditavam que eram os problemas intestinais que causavam o choro aos seus bebés.
Começamos então a desconfiar de cólica quando os bebés recém-nascidos apresentam os seguintes sinais:
- não se acalmam com colo nem depois de alimentados
- geralmente contorcem-se durante o choro e gemem
- começam a chorar abruptamente e param abruptamente também
- emitem sons estridentes como se sentissem alguma dor forte
Investigadores que analisaram durante anos bebés em várias partes do mundo, conseguiram definir 10 características fundamentais da cólica, sendo elas:
1. Geralmente começa com 2 semanas de vida, tem o seu pico na 6ª semana e termina entre os 3 e os 4 meses de idade
(gráfico retirado de http://www.purplecrying.info/sub-pages/protecting/the-relations-of-crying-to-sbs.php)
2. Os bebés prematuros têm igual probabilidade de sofrer de cólicas dos que os bebés a termo
3. Os bebés contraem o rosto e gritam, como alguém quando sente dor. Em forma de crises que têm início e fim de forma abrupta
4. O choro é forte e começa normalmente durante ou logo depois da mamada
5. Os bebés contorcem-se, grunham e ficam tensos e parecem aliviados depois de arrotar, libertar gases ou evacuar
6. A cólica é geralmente pior durante a noite
7. A cólica tem a mesma probabilidade de acontecer no 1º ou no 5º filho do casal
8. O choro da cólica normalmente apazigua com colo, balanço, fazer shhhhhh… e massagem abdominal suave
9. Os bebés são saudáveis e alegres entre as cólicas
10. Em muitas sociedades do Mundo, os bebés nunca têm cólicas.
Mas a dúvida mantém-se: Porque choram os bébés?
Actualmente existem 5 teorias que tentam justificar a origem da cólica:
1. Pequenos problemas gastrointestinais – desconforto agudo causado por gases, prisão de ventre, cãibras
2. Grandes problemas intestinais – dor aguda devido a doenças intestinais por intolerância alimentar ou refluxo gastroesofágico
3. Ansiedade da mãe
4. Desenvolvimento cerebral – o desenvolvimento do sistema nervoso de um bebé faz com que este se assuste e chore muito alto
5. Temperamento difícil – os bebés com personalidade muito intensa ou muito sensível podem chorar à mínima contrariedade
O que podemos então fazer para acalmar o bebé?
Durante milhares de anos os pais souberam que os seus bebés se acalmavam quando estes
Durante milhares de anos os pais souberam que os seus bebés se acalmavam quando estes
reproduziam a vida intra-uterina e é por isto que em todo o Mundo, praticamente todas as técnicas
para acalmar os bebés caminham no sentido de imitar as sensações que o bebé viveu dentro do
útero (envolver em mantas, embalar, balançar, fazer shhhhh…).
para acalmar os bebés caminham no sentido de imitar as sensações que o bebé viveu dentro do
útero (envolver em mantas, embalar, balançar, fazer shhhhh…).
A maioria de nós acredita que isto funciona simplesmente porque o bebé volta a sentir-se em casa,
no seu ambiente seguro e protegido, mas sabe-se agora, através dos estudos do Dr. Harvey Karp,
que há uma resposta neurológica profunda que induz automaticamente a calma e tranquilidade
no bebé – o reflexo calmante.
Como podemos activar o reflexo calmante no bebé?
1. Embrulhar, enfaixando-os bem apertados
2. Colocar de lado ou de bruços
3. Fazer shhhhh… com som fundo bem alto
4. Balançar com movimentos ritmados
5. Dar qualquer coisa para chuchar: o mamilo, o dedo ou a chucha
Tudo isto faz sentido uma vez que o bebé esteve no útero, em posição fetal, cercado pelas parede
uterinas, num ambiente aquecido e embalado grande parte do dia. Ouvia também o sangue da mãe
correr pelas artérias num som ligeiramente mais alto do que um aspirador ligado.
correr pelas artérias num som ligeiramente mais alto do que um aspirador ligado.
A primeira etapa consiste em embrulhar e logo de seguida colocar de lado ou bruços de forma a
aquietar o bebé diminuindo os movimentos musculares involuntários. Isto vai diminuir a excitação e
a sensação de “queda livre” que sentem quando os braços e pernas não param de agitar. Depois o
som shhhh seguido do balanço ritmado para imitar o ambiente uterino. No final, e aqui espera-se
que o bebé já esteja com o reflexo calmante activado, oferecer alguma coisa para chuchar vai
manter o reflexo durante mais tempo produzindo uma sensação profunda de paz.
a sensação de “queda livre” que sentem quando os braços e pernas não param de agitar. Depois o
som shhhh seguido do balanço ritmado para imitar o ambiente uterino. No final, e aqui espera-se
que o bebé já esteja com o reflexo calmante activado, oferecer alguma coisa para chuchar vai
manter o reflexo durante mais tempo produzindo uma sensação profunda de paz.
Texto de Catarina Gaspar, adaptado do livro “O bebé mais feliz do pedaço” de Dr. Harvey Karp