Diabetes gestacional- ponto por ponto
Estive recentemente com uma mulher grávida a quem foi diagnosticada diabetes gestacional e a administração de insulina se tornou, para ela, uma rotina diária.
Vamos tentar desconstruir esta “patologia” e entender o que é, como se diagnostica, que implicações tem para o feto e qual o tratamento a fazer. Também já falei deste assunto no post sobre Primeira consulta médica, aqui. 
A diabetes é um distúrbio de múltiplas vias metabólicas e não apenas da glicose, como tendemos a achar. No entanto, é no metabolismo dos hidratos de carbono que este distúrbio se torna mais evidente. Actualmente os critérios aceites para o diagnóstico da diabetes são:
– glicémia no plasma venoso > 11mmol/l (200mg/dl) em qualquer momento
– glicémia em jejum > 8mmol/l (140 mg/dl)
Como se faz o diagnóstico da diabetes?
– Avaliação dos sintomas (fadiga, poliúria – urinar muito e com muita frequência, sede excessiva) e confirmação com análises sanguíneas (valores de glicémia).
Porque é necessária a Prova de Tolerância à Glicose?
– Uma vez que os valores situados entre o normal e o diagnóstico de diabetes são considerados “questionáveis”, há recomendação que seja feita análise com estímulo de glicose para avaliar o metabolismo desta. 
Quando a mulher não tem diabetes antes da gravidez e os valores de glicémia aparecem alterados durante a gestação, dá-se o nome de Diabetes Gestacional!
Que tratamentos se fazem nestes casos?
– Normalmente as recomendação são no sentido de adoptar um estilo de vida mais saudável, passando pela alimentação e exercício físico diário. Evitar açúcares de rápida absorção como os bolos, refrigerantes, açúcar, farinhas brancas; optar por cereais integrais e vegetais e incluir na rotina diária uma caminhada de pelo menos 15 minutos. 
Só em casos em que a glicémia está muito elevada e não baixa com estas alterações de dieta e exercício é necessária a administração de insulina.
Que implicações tem a diabetes gestacional no feto?
– há um aumento na incidência de anomalias congénitas
– aumento de probabilidade de macrossomia (bebés com > 4000gr)
– caso a diabetes materna comprometa a microvasculatura uterina, há risco de restrição do crescimento intra-uterino.
O acompanhamento pré-natal das mulheres com diabetes gestacional vai no sentido de detectar anomalias congénitas e avaliar o tamanho e peso do feto (atraso no crescimento ou macrossomia). No entanto é de salientar que as ecografias fetais têm uma variação de 500gr no peso previsto!
Em conclusão, torna-se importante para mim enfatizar que as recomendações dadas às grávidas a quem é feito o diagnóstico de diabetes gestacional são recomendações que devem ser dadas a toda a população. Alterar hábitos alimentares e de estilo de vida é fundamental para todos! Já a ansiedade e preocupação que a mulher grávida vive com o diagnóstico de diabetes gestacional é tão prejudicial e evitável!
(adpatado de Guia Para Atenção Efetiva na Gravidez e no Parto,  Murray W. Enkin & Marc J. N. C. Keirse & James P. Neilson & Et Al ; imagem de http://universalhealthcarela.com/pregnant-woman-with-gestational-diabetes-holding-syringe-ts-figure/)

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