No fim de semana passado estive com uma criança de 9 anos e com os seus pais e este assunto surgiu em conversa. Medicação ou não medicação, maneiras mais eficazes de ensinar, ensino mais personalizado como alternativa, etc,
Hoje, enquanto fazia pesquisa para trazer novo post ao blog, o assunto surgiu novamente num artigo que li. Então nada melhor do que juntar as duas abordagens para o mesmo problema e levantar um bocadinho a discussão sobre tudo isto.
Começando por uma visão mais globalizada, pergunto-me “Como é a sociedade hoje em dia?”
Em 2013 tínhamos estes valores para estados de Ansiedade, Depressão e Impulsividade. Portugal está em 2º lugar na prevalência de perturbações de Ansiedade e Impulsividade e 4º em perturbações Depressivas. E depois temos crianças com défice de atenção, hiperactivas e impulsivas. Pois.
David Code que escreveu o livro Kids Pick Up On Everything: How Parental Stress Is Toxic To Kids explica: “Se uma mulher experiencia níveis elevados de stress durante a gravidez, as hormonas do stress passam rapidamente através da placenta. O desenvolvimento cerebral do feto recebe este sinal e interpreta como havendo stress no meio ambiente. Como resultado, o cérebro desenvolve-se preparando-se para futuras situações ameaçadoras.”
Isto faz todo o sentido! Temos adultos ansiosos e depressivos, temos grávidas ansiosas e depressivas, temos bebés ansiosos e irrequietos, temos crianças com défice de atenção e hiperactividade.
É assim que os cérebros dos bebés se desenvolvem, é este ambiente desprotegido que conhecem. Como podem não ser impulsivos quando o seu cérebro se desenvolveu em constante estado de alerta?
Isto faz sentido para vocês?
Será que uma mãe ou um pai quando diz “o meu filho é hiperactivo” se questiona sobre a sua própria ansiedade e inquietude? Como ela própria reage numa situação do dia a dia?
As crianças são esponjas, absorvem TUDO. E tão importante como dar amor a uma criança, é transmitir serenidade, tranquilidade, calma. Mas para isso é preciso que os adultos tenham consciência da forma como os seus estados emocionais influenciam as crianças, é preciso que os adultos queiram e treinem a serenidade para a transmitir.
Neste caso não dá mesmo para usar a máxima “faz o que te digo, não faças o que eu faço.” 😉
[imagem retirado de https://www.flickr.com/photos/amrufm
quadro retirado de http://www.fnerdm.pt/wp-content/uploads/2015/01/SaudeMentalemnumeros_2013.pdf
referência: http://www.forbes.com/sites/alicegwalton/2012/07/25/how-parents-stress-can-hurt-a-child-from-the-inside-out/]