O meu Plano de Parto – real, entregue e respeitado
A primeira vez que fiz um plano de parto foi há 4 anos, quando me foi proposto como trabalho de casa na formação de Doulas. Escusado será dizer que, desde essa altura até hoje, muita coisa mudou!
Conforme a gravidez ia avançando e o Plano de Parto se tornava um “To do” cada vez mais real, eu ia alinhando tudo na minha cabeça mas adiando a concretização do mesmo. Já tinha partilhado verbalmente com a nossa Doula Márcia mas faltava sentar-me com o Gonçalo e fazê-lo juntos.
Chegou Setembro e com ele as nossas 32 semanas. O primeiro dia de Curso de Preparação para a Parentalidade que fiz através do Centro de Saúde foi a alavanca que precisava. Nessa tarde, cheia de motivação, cheguei a casa e fiz o nosso Plano. Resolvi, em vez de esperar pelo momento a dois com o Gonçalo, fazer sozinha e depois mostrar-lhe, tirarmos as dúvidas que surgissem e alterar o que fosse necessário.
E assim foi. O que andei a adiar durante semanas, ficou feito em 2 horas!
Comecei por fazer uma lista detalhada de tudo aquilo que preferia e tudo aquilo que gostava de evitar, sem filtros nem resumos e, depois, passei para o formato final – o documento que partilho aqui convosco e aquele que apresentei à equipa hospitalar que nos recebeu.
- A introdução que fiz foi baseada no elogio e na confiança, em vez de na exigência. Se eu escolhi um parto hospitalar é porque confiei na instituição e nos profissionais. Mesmo sem saber com o que contar na prática e conhecendo a realidade dos partos hospitalares e dos números ainda excessivos de violência obstétrica, eu confiei. Acredito profundamente que cada experiência que vivemos é uma oportunidade de aprendizagem e crescimento e, por isso, estava disponível para viver o que estivesse reservado para mim (nós);
- Organizei o Plano por diferentes fases de trabalho de parto para facilitar a leitura e o seguimento cronológico;
- Utilizei frases simples, directas e claras;
- Considerei a hipótese de ser Cesariana e inclui no final do Plano;
- Agradeci atempadamente a atenção, a dedicação e o apoio (e com isso, atraí-o :))
Espero que este exemplo vos ajude a criar o vosso próprio Plano de Parto. Acima de tudo que vos ajude a prepararem-se para o Parto, a estudar e a conhecer a sua Fisiologia e as diferentes fases e os procedimentos hospitalares/médicos inerentes. Uma mulher/família informada tem muito mais hipóteses de ser uma mulher/família empoderada.
Como escrevi no nosso relato de parto (aqui e aqui), o Plano de Parto foi visto – coloquei-o como primeira folha na pasta dos exames que levei para o Bloco de Partos, e ouvido (pela Parteira enquanto preparava com alguma urgência a sala onde eu pari) e RESPEITADO na íntegra. Para além disso – e isto foi uma surpresa para mim – foi também tido em conta durante o Internamento. Ao segundo dia uma enfermeira disse “Vi no plano de parto que preferem não dar banho ao bebé, é mesmo assim?”
Por isso, não se acanhem e invistam neste documento. É uma excelente ferramenta de comunicação entre a parturiente e a equipa de saúde e uma forma de nos capacitar, ainda mais, para o parto.