“Quando nasce um bebé, nasce também uma mãe e um pai.” e, ultimamente, este é um tema que tem surgido nas mais variadas conversas.
Quando nos preparamos para receber um bebé, é importante abordar a questão do nascimento de uma mãe. Há muitas mulheres que sabem o que isso significa, mas há muitas que não. Quando falamos em pós parto, focamo-nos MUITO nos cuidados ao bebé e nos cuidados, normalmente físicos, à mãe no pós-parto.
A questão que trago hoje tem a ver com a mudança energética e emocional que acontece com a mulher e para o qual, raramente se fala.
No primeiro trimestre da gravidez, há uma das maiores alterações psíquicas na mulher. A mulher deixa de ser “eu” e passa a ser “nós”. E isto é uma transformação gigante e tão subtil! Durante a gestação a mulher grávida, por mais que esteja conectada com o seu bebé e com este “nós”, ela continua a ser “só” mulher.
Mas isto muda quando o bebé nasce. A mulher transforma-se em “mãe”. E o que isto significa? Que energeticamente ela se coloca num papel de dadora. Ela amamenta (dá alimento), ela cuida, ela ama, etc… A mulher mãe fica numa relação com o bebé que é “unilateral”. Ou seja, claro que ela também recebe através do bebé, mas nesta altura, a sua posição dominante é a de DAR.
Quando se fala na relação entre homem e mulher, o homem que estava habituado a dar e receber da sua mulher, agora vê-se um pouco posto de parte. E é por isto que tantas vezes há conflitos e mal entendidos nesta fase do pós-parto. Porque há uma grande reorganização da dinâmica familiar para o qual muitas famílias não estão preparadas.
Imaginem um homem, que por alguma razão na sua vida, sentiu rejeição e que essa ferida emocional ficou cristalizada em si. Quando é pai e quando se sente totalmente posto de parte pela sua mulher, que agora é mãe e está neste papel de dar, dar, dar, a ferida da rejeição pode ressoar e bem alto. Então é provável que ele exija da mulher, que queira atenção e carinho, mas a mulher-mãe simplesmente não consegue. Toda a sua atenção e energia estão voltadas para o seu bebé. É instintivo. É natural.
Então o que podemos fazer?
- Falar sobre estas alterações expectáveis antes do parto, abordar estas questões, trazer à superfície medos de cada um para que sejam conversados e curados enquanto são apenas 2.
- Incluir o homem-pai ao máximo nos cuidados ao bebé para que ele se sinta como de facto é, parte integrante e fundamental da família.
- Falar sobre estas questões no pós-parto, em ambientes seguros e propícios. Porque muitas vezes acredito que as mulheres sintam tudo isto, sintam esta exigência da maternidade ao mesmo tempo que sentem a exigência dos companheiros e ao mesmo tempo que sentem a sua própria exigência: “Porque deviam estar disponíveis para o companheiro, mas não estão. Mas DEVIAM.”
Quem já passou por pós-parto, revê-se nestas palavras?
Acho tão importante partilharmos estas vivências para que as coisas se tornem cada vez mais claras para todos e para que assim, possamos preparar-nos activamente para elas. Para que na altura não seja um choque, um fardo, uma confusão 🙂
[imagem de http://www.todaysparent.com/recipes/breastfeeding-meal-ideas/ retirada de iStockphoto]