Ontem passei o dia na Quinta da Enxara a fazer o Workshop de Iniciação à massagem biodinâmica e psicoterapia corporal. Descobri a biodinâmica durante o curso de Doulas através dos terapeutas Xuxuta e Jason e lembro-me que de cada vez que estava com eles sentia um borbulhar interior, uma curiosidade gigante em saber mais sobre esta abordagem holística e um encantamento com o trabalho emocional que isto permitia em mim e nos outros.
Depois disso, procurei formação nesta área, esperei e há umas semanas surgiu o convite para fazer este workshop. Senti imediatamente que tinha de ir. E fui!
Hoje partilho convosco algumas das coisas que aprendi ontem e que para mim são sempre fascinantes. Cada peça que junto a meu puzzle, cada vez que olho para dentro e me permito sentir.
Ontem aprendi que o nosso corpo vai assumindo a postura corporal de acordo com as emoções experienciadas por ele. Um corpo que tenha sido sujeito a susto (ou a vários sustos) tende a assumir a postura de ombros encolhidos e para a frente, olhos abertos (atento ao perigo), respiração mais superficial, mais subida, peito subido. E aprendi que em pessoas assustadas e tensas, o toque deve ser suave e de apoio e não imposição. Aprendi que ter mãos debaixo das nossas zonas do corpo que não contactam com o chão quando nos deitamos de barriga para cima – tornozelos, joelhos, zona lombar, pulsos, ombros e pescoço – é MARAVILHOSO. (Tão simples assim não é? :))
Aprendi que o nosso corpo é tão sábio que vai encontrando soluções para lidar com os “bloqueios”. Se uma mulher quer expressar-se, quer cantar, quer gritar e vai constantemente ao longo da sua vida, engolindo essa vontade, calando, silenciando, o corpo vai “deitando isso para trás das costas” e desenvolve um aumento de tecidos no pescoço, na cervical (sabem aquela pequena corcunda?).
Aprendi que problemas na coluna – que é algo que herdei da minha família (e descobri hoje que a minha mãe os herdou também dos avós maternos e paternos – imaginem só a carga que não tem!) – tem a ver com falta de apoio, de estrutura, falta de pai, de energia masculina, estabilizadora. De onde isto virá? Onde teve início nos meus antepassados? Fica a pergunta desperta em mim 🙂
Aprendi que a raiva, que é energia muito primária, relacionada com a sobrevivência e energia sexual, energia criadora, se não é expressa, pode ir subindo pelo nosso corpo até à cabeça e causar dores de cabeça. (Não sei se fará isto sentido para vocês, mas para mim faz todo o sentido! Tenho um exemplo muito claro disto perto de mim :))
Aprendi que o meu corpo ainda tem memórias profundas da cesariana que vivi e das minhas primeiras horas de vida, afastada da minha mãe e da mama. Aprendi que há técnicas que ajudam a conter o corpo, a sentir limites, que é o que os bebés que nascem de cesariana não têm. Não passam pelo canal vaginal, não são espremidos, não conhecem na totalidade os limites do seu corpo.
Aprendi a fazer massagem na cabeça para facilitar a saída de energia, para permitir o fluxo. E relembrei-me do quanto preciso de massagens, de sentir o meu corpo e os meus limites.
Aprendi também que uma forma de nos curarmos, é curando os outros e por isso há tantos cuidadores – profissionais de saúde, terapêutas – que “usam” os cuidados prestados como forma de se cuidarem também. E que é bom termos consciência se damos por excesso, por dádiva, por expansão, ou se damos por carência. Eu cuido do outro para me sentir bem? Pelo meu ego? Para me sentir especial?
E relembrei a minha idade em vida – 25 – e todo o percurso que já fiz até aqui. Que bom não perder tempo. Que bom abrir a consciência!