Olá!
Depois de um fim de semana de intenso trabalho emocional, volto hoje ao blog para continuar a série de posts sobre os procedimentos hospitalares 🙂
Vamos então continuar a acompanhar a mulher que entrou no hospital em trabalho de parto.
- A mulher ou companheiro/a dirige-se ao balcão do hospital para dar entrada onde são pedidos todos os seus dados pessoais
- Depois é encaminhada para outra sala onde é feita uma consulta breve – quanto tempo de gestação, algum problema durante a gestação, há quanto tempo houve rompimento da bolsa, de quanto em quanto tempo sente as contracções, etc
- É pedido que tire a sua roupa e vista uma batavestido do hospital
- É realizada Tricotomia ou depilação púbica
- É realizado Clister ou Enema
Nesta fase, a mulher já está preparada para ser deitada (vou abordar as posições adoptadas normalmente mais à frente) e é canalizada uma veia para pôr o SORO a correr.
Qual é a necessidade de administrar Soro durante o trabalho de parto?
Primeiro, como no hospital não é permitido comer nem beber, o soro vai hidratando o organismo da mulher e fornecendo alguns nutrientes necessários.
Por outro lado, é muito útil uma vez que podem ser administrados medicamentos, como os analgésicos e indutores do trabalho de parto – OXITOCINA ARTIFICIAL.
O que é isto da Oxitocina? E Oxitocina artificial??
(Posso contar-vos que quando li a primeira vez sobre isto o meu queixo caiu. Fiquei incrédula em saber a fisiologia deste processo e na facilidade que temos em alterá-lo…)
A oxitocina é a hormona do amor! 🙂 É libertada durante o trabalho de parto e:
- induz as contracções uterinas
- estimula a hipófise para produzir endorfinas (que são os nossos anestésicos naturais)
- protege as células cerebrais do bebé durante as contracções porque este tem menos oxigénio disponível
- estimula a produção de vasopressina que é a hormona que retém água e evita que a mãe entre em desidratação
- previne hemorragia pós-parto uma vez que as contracções uterinas pós-parto ajudam na hemostase
Durante o trabalho de parto há realmente um cocktail de hormonas, como diz o Dr. Michel Odent e todo o processo acontece em cadeia. Quando algum dos processos é alterado, todo o processo se altera!
A oxitocina artificial é administrada para induzir e acelerar o trabalho de parto uma vez que tem efeitos mecânicos no úteros e aumenta as contracções. Aumenta não só em força, como em frequência. Então vamos ter aqui dois problemas:
– o bebé vai ser mais apertado pelas parede uterinas
– as contracções são irregulares e mais frequentes o que faz com que o bebé não tenha tempo de se recuperar nos períodos entre as contracções e pode entrar em sofrimento fetal.
Para além disto, a oxicotina artificial tem 150x mais o tamanho da oxitocina natural. Isto quer dizer que a oxitocina administrada não passa para a hipófise e por isso não há produção de endorfinas, os anestésicos naturais, as contracções são mais dolorosas para a mãe.
A oxitocina artificial também não passa a placenta e por isso não protege as células cerebrais do bebé quando este tem menos oxigénio. Este fármaco, apesar de ter efeitos mecânicos, não tem efeitos comportamentais. Não induz o vínculo e o afecto entre mãe e bebé e não tem capacidade de estimular o aleitamente materno.
É importante também saber que quando a oxitocina artificial entre em circulação, o nosso organismo cessa a produção de oxitocina natural para evitar uma sobredosagem. Impedimos a cadeia de seguir o seu rumo, o seu processo natural.
Assim, a indução:
- aumenta o risco de sofrimento fetal
- aumenta o risco de parto instrumentalizado
- aumenta o risco de cesariana