O poder da Parentalidade Positiva

Ontem tive o privilégio de assistir a um momento entre mãe e filho que não me esquecerei tão cedo. E como foi um grande exemplo, entre 4 paredes, acho mesmo que merece ser partilhado!
A mãe chegou a casa e ele foi a correr pedir-lhe para ir ao carro buscar uns Legos que lá tinham ficado. Ela pousou os sacos que trazia e voltou ao carro. Ele voltou ao quarto apressado para encontrar sapatos que pudesse levar à rua para ir com ela ao carro. Quando chegou à porta de casa, já ela estava a voltar. Ele ficou frustrado e começou a querer chorar. Nisto, lembrou-se de um boneco que tinha recebido no Mcdonald’s e pediu-lhe para voltar ao carro. Ela, olhou para mim e disse “Ai, como vou descalçar esta bota? Deitei fora junto com o pacote….”

Pediu-lhe que voltasse para dentro, no meio da irritação dele por não ver o pedido realizado, para lhe explicar o que tinha acontecido. Depois disto, foi um arrepio total pela empatia, pela honestidade, pela humildade e pela educação.

“Filho, o pacote ainda tinha batatas e estava com muito mau cheiro. Eu peguei no pacote todo e coloquei no lixo….”

O filho desata a chorar, irritado!

“Filho, eu peço desculpa! Eu não me lembrei que tu podias querer o boneco!”

No meio de choro e gritos e expressão corporal de zanga : “Mas eu queriaaaaaaa! Portaste-te mal. Muito mal.”

“Desculpa filho. Eu peço muita desculpa. Eu fui egoísta porque só pensei no cheiro do carro e na gordura do pacote e não me lembrei do teu boneco. Olha, para a próxima sabes o que fazemos? Ficas logo tu com o boneco e fica à tua guarda. Eu peço desculpa, mas não me lembrei! Eu compreendo o que estás a sentir. Compreendo mesmo.”

Ele continuava a chorar, zangado e dizia-lhe “Gostavas que te fizesse o mesmo? Que deitasse fora as tuas coisas, gostavas?”

“Não querido. Já te pedi desculpa. Agora espero que me perdoes e que a tua zanga possa ir desaparecendo… Desculpas-me filho?”

“Sim….” E começou a limpar as lágrimas. E acordaram que na próxima vez ele ficaria logo com o boneco.

Passado um bocadinho, dizia ele “Que triste mãe…”

Aproveitei para partilhar “Sabes A. a tristeza serve para aceitar. Há bocado estavas zangado porque querias mudar as coisas, e agora, a tristeza está a ajudar-te a aceitar a realidade. Pronto, aconteceu. Estás a aceitar. É óptimo sinal!”

E deixei-os com a certeza que estes seres humanos que me rodeiam são mesmo especiais. Que privilégio o meu, assistir e contribuir para esta forma de educar em amor e empatia.

E tu, que me lês. Como achas que reagirias nesta situação? As hipóteses são várias. Podias omitir a verdade. Podias mentir. Podias dizer a verdade e não estar disponível para ser empática e para pedir desculpa. Podias ir a correr ao Mcdonald’s compensar o teu erro…O que fazias, neste caso?


All rights reserved © Catarina Gaspar