Um parto que vale a pena partilhar!

Soube da sua gravidez desde o início através de uma amiga em comum, e fui acompanhando sempre desde os bastidores, pelas fotografias que a S. me ia mostrando.
Sabia que a gravidez não tinha sido planeada, mas sabia-os bem e felizes. Soube também que estavam a frequentar um curso de preparação para o parto e quando o parto se foi aproximando, fomos trocando algumas mensagens.
Quando perdeu o rolhão mucoso enviou-me fotografias e algumas questões ,e foi um prazer poder apoiá-la, de alguma forma, neste momento!
Quando soube o seu relato de parto então fiquei extasiada! E pedi-lhe logo, qual vergonha qual quê, para o partilhar aqui, convosco.
A história dela reforça a importância da informação e preparação para o parto, assim como reforça a confiança no seu corpo e nos sinais que ele lhe dá.
Esta é a história de uma jovem, mãe pela primeira vez, com um parto absolutamente maravilhoso!
Deliciem-se, como eu 🙂
“UMA AVENTURA INCRÍVEL
Se há 12 meses atrás me dissessem que iria crescer, dentro de mim, uma pequena semente e que ela mudaria, para melhor, toda a minha vida, não teria ficado tão “desorientada” quando descobri que iria ser mãe.
Não tínhamos planeado. Ter a percepção que um bebé estava a caminho, deixou-nos receosos e confusos. E agora? Queremos fazer tantas coisas ainda! Como iremos mudar de emprego? Como iremos fazer aquela viagem? Eram montes de “se” e “porquê”.
Mas a pouco e pouco, aquela semente foi crescendo e, aos poucos, foi-se tornando cada vez mais real. E pensei, eu queria ser mãe aos 27 anos, portanto, não estava longe disso. Nada acontece por acaso e, se a vida me estava a dar outra vida, é porque esta era a altura certa.
Mês a mês a barriga foi crescendo e a cumplicidade com aquela sementinha foi-se tornando mais forte. Foi uma alegria quando sentimos o primeiro “pontapé”.
Sempre tentei levar uma vida calma em toda a gravidez. Comecei a saber relativizar e a não dar importância a certas coisas. Cuidei cada vez mais de mim, porque cuidando de mim, cuidava dele também. Afinal, ele agora era a minha prioridade.
Fizemos um curso de preparação para o parto porque achámos importante, nesta primeira gravidez, estarmos bem informados, especialmente, do trabalho de parto. Porque quando estamos grávidas, somos inundadas por histórias das experiências das nossas mães, das nossas avós, das nossas tias, das amigas das amigas, enfim, de uma rede ínfima de mulheres que acabam por nos deixar ansiosas e a pensar de “como será a nossa hora”!
E no meio destes dizeres, havia quem dizia que não iria levar a gravidez até ao fim e que ele iria nascer mais cedo. Mas eu queria que ele nascesse em Março. Então fiz por isso! Passei as minhas boas vibrações e dei-lhe o ambiente que ele precisava para se manter dentro de mim até Março.
Na última quinzena de Fevereiro comecei a ter as contracções de Braxton-Hicks cada vez mais frequentes, mas sem qualquer dor. Muitas vezes tinha que parar a meio da rua para fazer as respirações que aprendi. E na última semana de Fevereiro comecei a perder o rolhão mucoso, o que significava que estava a entrar em trabalho de parto!
Assim que Março iniciou senti um alívio enorme e agradeci por ele ter esperado. Agora ele podia nascer.
A ansiedade passava a ser muita e a vontade de o conhecer cada vez maior. Como seria a sua cara? Como seria o seu olhar? As suas mãos? Iria gostar de mim? De nós? Tantas mas tantas perguntas surgiam na cabeça.
À medida que as 40 semanas se aproximavam, estava cada vez mais alerta para os sinais do trabalho de parto. Na minha cabeça pairava o 511: contracções com dor de 5 em 5 minutos, 1 minuto de contracção intensa, durante 1 hora. Era isso, ou as águas rebentarem, que me fariam ir para o hospital.
Chegámos às 39 semanas e 3 dias e nem sinal de contracções com dor. Mas eu sentia que o meu corpo estava a preparar-se. Não pensava muito na hora do parto. Queria apenas que corresse tudo bem e que ele não sofresse. Para o ajudar, no sábado, dia 4 de março caminhei imenso, fiz as limpezas à casa e subi até ao quinto andar, duas vezes.
Na manhã de dia 5 de março, acordei às oito e meia com uma enorme vontade de fazer força e um certo desconforto na zona lombar. Fui à casa de banho mas nem me consegui sentar. Acordei o meu namorado e disse-lhe “Acho que é agora!”. As dores começaram a intensificar-se. Começámos  a fazer a contagem e as contracções estavam a dar de 3 em 3 minutos. Não devo estar a contar bem, pensei eu, afinal era a primeira vez que o fazia! Mas a dor estava a intensificar-se e não aguentei mais. Às 9h30 demos entrada no Santa Maria. Não consegui aguentar e pedi para ser logo vista porque continuava com uma enorme vontade de fazer força. Já estava com 8 centímetros. Subi logo para a sala de partos. Fiz três vezes força e, às 11h10, ouvi pela primeira vez o seu choro.
Quando a enfermeira parteira deitou-o ao meu colo foi a sensação mais bonita que tive na minha vida! É algo que não se consegue explicar. Ver a sua cara, sentir o seu cheiro, e saber que o meu corpo o reconfortava fez-me esquecer de todos os minutos de dor.
Ele foi um bom menino durante os 9 meses e eu quero ser uma boa mãe para ele em toda a sua vida.”


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